Integração de abelhas em lavouras de soja pode impulsionar a produtividade

O engenheiro agrônomo Décio Gazzoni, membro fundador do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) e pesquisador da Embrapa, conduziu um estudo recentemente que apontou que a produtividade nas lavouras de soja pode aumentar em até 12,9%, em média, a partir da correta integração das abelhas com essa oleaginosa. De acordo com Gazzoni, a soja é uma planta parcialmente autopolinizável, o que significa que a maior parcela da polinização é feita com a flor ainda fechada. 

“Mas, por cerca de seis horas após a abertura da flor, é possível ocorrer polinização por meio de visitantes florais, como as abelhas", explica. O pesquisador aponta que a soja pode produzir grãos e sementes sem o auxílio dos polinizadores, mas é na presença deles que pode ocorrer um aumento significativo da produtividade dessa cultura. 

Ganho em produtividade

No estudo em tela, o aumento da produtividade foi de 639 kg/ha. Com a soja cotada a R$ 125,00/saco, aponta o pesquisador, 639 kg de acréscimo na produtividade representa um ganho de R$ 1.330,00 por hectare, “sem gastar um real a mais com sementes, fertilizantes, pesticidas, máquinas ou outro custo. Ou seja, é renda líquida para o produtor", salienta. 

O professor destaca que, neste contexto, o apicultor também se beneficia, já que a soja fornece uma grande quantidade de néctar e de alta qualidade. Segundo o estudo desenvolvido por Gazzoni, a floração da soja ocorre em um período em que há poucas plantas floridas, assim, os apicultores não necessitam fornecer alimento suplementar para as abelhas e podem reduzir os seus custos. 

“A média de produção de mel no Brasil é de 19 kg/colmeia/ano. Mas os apicultores que colocam seus apiários próximos da soja conseguem até 50 kg/colmeia apenas durante a safra de soja. E o mel de soja é aromático, suave, de sabor agradável e não cristaliza, mesmo a baixas temperaturas. Isso atrai tanto o consumidor quanto a indústria, o que garante liquidez no mercado e bons preços", complementa. 

Outro ponto importante é que o ambiente também é beneficiado. O pesquisador aponta que aumentando em 15% a produtividade, é possível obter a mesma produção com 15% menos área, diminuindo a pressão para expansão. “São raras as tecnologias que provocam redução tão intensa", diz ele. 

Boas Práticas 

Gazzoni ainda alerta: é fundamental que os agricultores e os apicultores sigam estritamente as boas práticas. No caso do agricultor, as medidas fitossanitárias são as mais importantes neste sentido, evitando aplicações de inseticidas durante a floração, seguindo rigorosamente a tecnologia de aplicação e utilizando técnicas de manejo integrado de pragas.

Enquanto os apicultores devem seguir as boas práticas para garantir que as colmeias estejam fortes e ativas.