Inoculante reduz uso de nitrogênio em milho

Produtividade pode aumentar mais de 100%

23.07.2019 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

Experimento realizado na Embrapa Amazônia Ocidental(AM) demonstrou que a inoculação da bactéria Azospirillum brasiliense em sementes de milho para cultivo em terra firme, permitiu economia de 20 kg de nitrogênio por hectare e rendimento superior em 104% à média da cultura no estado do Amazonas.

Nos cultivos experimentais no Amazonas em que foi utilizado tratamento com o inoculante nas sementes, o rendimento médio foi de 5.359 kg por hectare, enquanto a média de produtividade dos cultivos de milho no Amazonas é de 2.626 kg por hectare, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A tecnologia de inoculação com Azospirillum no milho foi desenvolvida pela Embrapa e já é utilizada em várias regiões no Brasil, contribuindo para o aumento de produtividade e redução de custos das lavouras. “É a primeira vez que esse produto é avaliado em pesquisas com milho no Amazonas”, conta o pesquisador da Embrapa, Inocêncio Oliveira, que realizou experimentos em área de terra firme, em latossolo amarelo, no Amazonas com o cultivo da variedade de milho BRS Caimbé e o híbrido AG 1051, sob sistema de plantio direto, com avaliação de duas colheitas. Participaram do trabalho também os pesquisadores da Embrapa, Aleksander Muniz e José Roberto Fontes, e o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Bruno Pereira.

Na pesquisa, verificou-se que a inoculação das sementes com Azospirillum brasiliense aumentou o teor de rendimento de milho, tanto nas plantas não fertilizadas com adubo nitrogenado, quanto nas que receberam o nitrogênio na adubação de cobertura. “O efeito benéfico da inoculação com bactérias diazotrópicas deve-se à produção de substâncias promotoras de crescimento, solubilização de fosfatos, aumento da resistência das plantas ao estresse e à própria fixação biológica de nitrogênio", explica Oliveira.

O pesquisador conta que, no caso do milho, o processo de fixação consegue suprir parcialmente a demanda da planta pelo nutriente, por isso é necessária complementação com a adubação de cobertura para ter melhor rendimento, conforme foi verificado nos experimentos. A adubação de cobertura no milho é realizada, aproximadamente aos 20 e 40 dias, após o plantio.

No experimento realizado no Amazonas, quando se utilizou apenas a inoculação das sementes com Azospirillum brasiliense, sem usar posteriormente a adubação de cobertura, houve ganho de produtividade de 1.000 kg/ha em relação aos plantios realizados, nas condições da região, o que representa 38% maior que nos cultivos sem nitrogênio. Em outra situação, em que se fez a inoculação com a bactéria Azospirillum brasiliensena semeadura e se utilizou as doses recomendadas de nitrogênio na adubação de cobertura, o ganho em produtividade foi elevado a mais que o dobro (127%) comparado ao cultivo sem adubação nitrogenada.

Segundo Oliveira, a inoculação das sementes com Azospirillum brasiliense associada à adubação nitrogenada em cobertura aumentou em torno de três mil quilos por hectare o rendimento de milho no experimento. Comparando o desempenho das cultivares utilizadas na pesquisa, os resultados do híbrido foram superiores em 47% ao BRS Caimbé em todas as avaliações realizadas.

R$1,2 milhão em economia Amazonas

O cientista destaca que mesmo usando a adubação de cobertura, a inoculação com a bactéria permite uma economia de 20 kg de nitrogênio por hectare, na semeadura. “Considerando o cultivo de 8.100 hectares de milho no estado do Amazonas em 2018, segundo a Conab, e a economia de 20 kg de nitrogênio por hectare a partir do uso do inoculante na semeadura, há uma redução de 162 toneladas de nitrogênio ou 360 toneladas de ureia”, exemplifica. Essa economia representaria anualmente o valor aproximado de 1,2 milhão de reais, considerando o custo do adubo nitrogenado em Manaus (AM), segundo estimativa do pesquisador.

“A inoculação com Azospirillum brasiliense pode ser uma alternativa sustentável para a oferta de nitrogênio para culturas de milho em regiões tropicais, além de economizar custos na produção de milho, especialmente com fertilizantes químicos nitrogenados”, destaca Oliveira.

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