Inmet projeta verão chuvoso e efeito da La Niña no campo

Chuvas acima da média devem favorecer lavouras do Centro-Oeste e Sudeste no início de 2026

11.11.2025 | 10:17 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações do Inmet

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou nesta semana o Boletim Agroclimatológico Mensal referente ao trimestre novembro e dezembro de 2025 e janeiro de 2026. O documento apresenta a análise das condições observadas em outubro e o prognóstico climático voltado às atividades agrícolas em todo o país, com destaque para a influência do fenômeno La Niña, que tende a alterar o regime de chuvas e as temperaturas nas diferentes regiões brasileiras.

Outubro teve calor intenso e chuvas irregulares

Figura 1 - precipitação acumulada (mm) em outubro de 2025; fonte: Inmet
Figura 1 - precipitação acumulada (mm) em outubro de 2025; fonte: Inmet

Durante o mês de outubro, os maiores acumulados de precipitação foram registrados no oeste da Região Norte e em grande parte da Região Sul, onde os volumes superaram 150 milímetros, mantendo a umidade do solo em níveis satisfatórios. Em contrapartida, boa parte do Nordeste apresentou baixos índices de chuva, com totais inferiores a 40 milímetros.

As temperaturas máximas médias ultrapassaram os 30 °C em grande parte do país, chegando a 36 °C em áreas do Piauí, Maranhão, Bahia, Ceará, Tocantins e Pará. Já no Sul e em parte do Sudeste, os termômetros oscilaram entre 20 °C e 28 °C.

Figura 2 - valores médios de temperaturas máximas (a) e mínimas (b) do ar (°C) em outubro de 2025; fonte: Inmet
Figura 2 - valores médios de temperaturas máximas (a) e mínimas (b) do ar (°C) em outubro de 2025; fonte: Inmet

La Niña e neutralidade do Atlântico influenciam o trimestre

Figura 3 - anomalia mensal da temperatura da superfície do mar (ºC) na região de Niño 3.4
Figura 3 - anomalia mensal da temperatura da superfície do mar (ºC) na região de Niño 3.4

Segundo o Inmet, as anomalias registradas na temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial indicam o início do fenômeno La Niña, com probabilidade de 62% de ocorrência entre novembro e janeiro. Já o Dipolo do Atlântico apresenta condição de neutralidade, o que pode reduzir a formação de chuvas na faixa norte do Nordeste.

Esses fatores devem definir o comportamento climático do trimestre, com tendência de chuvas mais volumosas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste e volumes abaixo da média no Sul e em parte do Norte e Nordeste.

Figura 4 - previsão probabilística de ENOS do IRI para ocorrência de El Niño ou La Niña; fonte: Adaptado de IRI.
Figura 4 - previsão probabilística de ENOS do IRI para ocorrência de El Niño ou La Niña; fonte: Adaptado de IRI.

Previsão por Regiões

Figura 5: previsão de anomalias de precipitação (a) (mm) e temperatura média do ar (ºC) do Inmet para o trimestre novembro-dezembro-janeiro (NDJ) de 2025 e 2026.
Figura 5: previsão de anomalias de precipitação (a) (mm) e temperatura média do ar (ºC) do Inmet para o trimestre novembro-dezembro-janeiro (NDJ) de 2025 e 2026.

Para o Centro-Oeste, o boletim prevê chuvas próximas e acima da média histórica, especialmente em Goiás e na maior parte do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A regularização das precipitações no verão deverá garantir umidade adequada para o plantio e desenvolvimento das lavouras de soja e milho da primeira safra, além de favorecer a recuperação das pastagens.

No Sudeste, a previsão é de chuvas acima da média em São Paulo, centro-sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A tendência é de recuperação gradual da umidade do solo, criando condições favoráveis ao avanço do plantio e ao desenvolvimento das culturas de verão.

No Norte, o Inmet prevê chuvas abaixo da média em áreas do Acre, Rondônia, Amapá e norte do Pará, com aumento de temperatura de até 1 °C acima da média. Esse cenário pode intensificar a seca e impactar a formação de pastagens e culturas anuais em Roraima e Amapá, especialmente em dezembro.

Já no Nordeste, a previsão indica volumes de chuva acima da média no Maranhão, Piauí, Ceará e parte do litoral, mas déficit hídrico no interior da Bahia e em áreas da costa leste, onde os estoques de água no solo devem permanecer abaixo de 40%. Nessas regiões, será essencial o manejo eficiente da irrigação e da conservação do solo.

A Região Sul deve registrar chuvas próximas ou abaixo da média no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e centro-oeste do Paraná, com temperaturas até 1 °C acima da climatologia. Apesar de a umidade do solo se manter satisfatória na maior parte da região, o excesso hídrico em dezembro e janeiro pode interferir na colheita do trigo e no início do plantio das culturas de verão, enquanto o sul gaúcho poderá ter déficit de até 30 mm em relação à média histórica.

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