Fomento à irrigação será tema da Abertura da Colheita do Arroz
Especialistas debaterão assunto em painel que trará o sistema como seguro da diversificação
Nos últimos anos houve crescente relato de uma doença muito severa em tomateiro. As plantas infectadas apresentam necrose (queima) das folhas e, em casos extremos, lavouras foram destruídas completamente, causando enorme prejuízo aos produtores. A doença é conhecida em algumas regiões como fogo mexicano. Não se sabe de onde surgiu este nome. Esta virose já foi relatada nos principais estados produtores de tomate e ocorre com relevante frequência no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
A doença é causada pelo vírus Y da batata, ou potato virus Y (PVY). Este é um potyvírus, que tem partícula alongada e flexuosa e é formada por RNA e uma capa proteica. O vírus é transmitido na natureza por várias espécies de pulgão de forma não persistente e estiletar. Ao fazer uma picada de prova em uma planta infectada, o inseto adquire imediatamente o vírus. Ao sair da planta infectada e visitar uma sadia, no momento da picada de prova já será capaz de transmitir o vírus. Dessa forma, o controle químico é pouco eficiente no controle da doença.
Algumas vezes o inseticida pode causar excitação no inseto fazendo com que se movimente desordenadamente e realize inúmeras picadas de prova, o que tende até a aumentar o número de plantas infectadas. O mais indicado para o controle químico é realizá-lo na lavoura onde a doença está instalada, reduzindo o risco de ser a fonte de vírus e pulgão para lavouras mais novas. Lembrando que não se deve implantar lavouras de forma escalonada, com plantas novas e velhas uma ao lado da outra, pois as pragas e os patógenos irão rapidamente se deslocar da plantação velha para a nova.
O vírus pode infectar o tomateiro, a pimenteira, a batateira, as plantas de fumo e mais inúmeras outras, incluindo daninhas. Assim, é recomendável a manutenção da lavoura livre de plantas daninhas, dentro e fora da plantação. É muito importante também eliminar plantas hospedeiras de pulgão, já que podem adquirir e transmitir o vírus com facilidade. Recomenda-se a colocação de barreiras contra vento, o que dificulta o deslocamento do pulgão alado de uma lavoura para outra. Em geral, os pulgões alados são mais eficientes na transmissão do vírus, pela facilidade de deslocamento entre plantas na lavoura e também para outras lavouras. É rara a infestação de pulgões ápteros na lavoura de tomateiro.
Os sintomas da doença fogo mexicano iniciam-se com o aparecimento de pontos necróticos nas folhas das plantas, evoluindo para manchas arredondadas ou irregulares e podem tomar grande parte ou toda a folha. Geralmente aparecem em plantas desenvolvidas, na parte mediana da planta. Com a evolução da doença, o sintoma de queima é claramente visto de baixo para cima na planta do tomateiro, chegando até o ponteiro da planta. Em geral, estas manchas são mais rapidamente e facilmente vistas na face de baixo da folha, tornando-se visível gradativamente na face de cima da folha.
É comum os sintomas não serem vistos nas folhas mais velhas, muito provavelmente porque as plantas na fase inicial são mais protegidas pelo produtor para evitar as visitas do pulgão e de outros insetos. Em plantas infectadas, há redução drástica no número de frutos, porém não se observam sintomas nos frutos. Os sintomas causados por este vírus podem evoluir, causando um nanismo em toda a planta. Dependendo da época, as plantas infectadas podem se mostrar mais cloróticas que as sadias. A queima completa de grande parte da planta é vista em casos de infecções precoces. As plantas doentes são mais frequentes nas bordas da lavoura e principalmente perto de hospedeiros do pulgão e do vírus.
O PVY foi uma doença importante para o tomateiro, doença conhecida como "pinheirinho", mas a incidência foi reduzida após o trabalho do melhorista Hiroshi Nagai, do Instituto Agronômico de Campinas, que lançou cultivares com resistência à infecção por PVY, por exemplo a Ângela Hiper. Atualmente, por não ser mais considerada uma doença importante, não há menção sobre a resistência a PVY nos fôlderes de cultivares de tomateiro comerciais. Por esta razão, não se sabe se os materiais são resistentes à infecção por PVY. À medida que a doença for se tornando mais e mais importante, as companhias de comercialização de sementes deverão avaliar e inserir esta informação nos folhetos de divulgação dos híbridos comerciais.
É essencial que seja realizado o planejamento antes do plantio de tomateiro e, sempre que possível, conversar com produtores de áreas vizinhas, para saber quais insetos e doenças ocorrem com frequência. Desse modo, o controle pode ser antecipado, evitando grandes infestações de pragas, como pulgões, além de diminuir a incidência de diversas doenças. O planejamento regional, selecionando-se as melhores épocas e locais e o estabelecimento de um zoneamento agrícola voltado ao cultivo de tomateiro para se reduzir a ocorrência de pragas, é a medida recomendada e precisa ser exercitada pelos produtores. A discussão entre os produtores e a criação de uma associação de produtores podem ajudar muito na definição de medidas em conjunto, benéficas para todos os produtores.
Práticas como a preparação do solo com revolvimento profundo, adubação equilibrada voltada para o tipo e condição de cada solo e irrigação adequada podem contribuir para promover um aumento da resistência das plantas a diversas doenças. Nunca plantar antes de eliminar os restos culturais de lavouras anteriores. De preferência esperar um período mínimo de um mês entre a destruição dos restos culturais e o novo plantio, para aumentar a eficiência da eliminação de pragas e patógenos presentes na área.
É muito importante conhecer as doenças mais importantes na região e a suscetibilidade dos materiais selecionados a estas doenças, priorizando sempre cultivares mais resistentes aos patógenos-chave. As sementes de tomateiro são, em geral, muito caras. Utilize sempre mudas sadias e vigorosas, produzidas em telados com tela antiafídeo, e com aplicação de inseticidas sistêmicos protetores. Se as mudas são preparadas em viveiros, vistoriar as instalações e acompanhar os procedimentos praticados pelos viveiristas. Viveiros com anticâmaras ajudam a diminuir as chances de entrada dos insetos. Há excelentes viveiros comerciais, com produção de mudas de alta qualidade.
Sempre que possível, plantar em locais sem histórico da ocorrência de PVY, seja em tomateiro ou em outra cultura. No planejamento do plantio, estude a direção principal do vento, para evitar instalar a lavoura em local que recebe vento procedente de áreas com plantios de tomateiro ou outras plantas suscetíveis a PVY.
Recomenda-se plantar longe de lavouras de tomateiro, pimenteira e batateira, analisando sempre a paisagem agrícola antes que seja realizado o plantio. Construir barreiras naturais ou artificiais entre as lavouras reduz o fluxo de movimentação de insetos e pode contribuir para a diminuição da incidência de doenças com vetores aéreos, como o fogo mexicano. A eliminação de plantas daninhas que hospedam o PVY ou pulgões deve ser realizada. O ideal é que o plantio seja efetuado dentro de estufas com tela antiafídeo para evitar a entrada de pulgões.
Frequentemente deve ser realizada a eliminação de plantas daninhas dentro e ao redor da lavoura, evitando a multiplicação de hospedeiros de pulgões e de vírus diversos. O controle químico, biológico ou mecânico contra pulgões deve ser efetuado com frequência, tanto em tomateiro quanto em outras plantas da área. Caso necessário, controle pulgões fora da lavoura. As ferramentas de poda, bem como outros utensílios, devem ser cuidadosamente higienizadas após uso em cada planta, pois o PVY pode ser transmitido de forma mecânica pelo utensílio.
A remoção e a eliminação de plantas com sintomas de fogo mexicano devem ser frequentes no início da lavoura, evitando aumento da incidência e infecção de novas plantas.
O ideal é aplicar inseticida para eliminar os pulgões antes da destruição dos restos culturais. A destruição dos restos culturais deve ser feita imediatamente após a colheita, antes do plantio de novas mudas. A cultura sucessora deve ser de planta não suscetível ao PVY.
Todas as recomendações de manejo listadas não serão eficientes se não realizadas de forma estratégica e integrada com os produtores da região. Para o controle do vírus causador do fogo mexicano, do pulgão e de plantas daninhas, deve-se executar coordenadamente todas as medidas de manejo para que as plantas possam expressar todo o potencial produtivo e com produção de frutos de alta qualidade, sabor, tamanho e aparência.
Vivian dos Santos Lucena Leandro, José Luiz Pereira, Moana Lima Tavares-Esashika e Alice Kazuko Inoue-Nagata, Embrapa Hortaliça
A cada nova edição, a Cultivar Hortaliças e Frutas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de hortaliças e frutas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade.
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