Mapa digitaliza mais de 80 serviços e gera economia para o produtor rural
Redução de custos para os produtores é estimada em R$ 43 milhões ao ano. A meta para 2021 é ter mais 77 serviços transformados em digitais
Para atingir grandes produtividades na cultura do algodão, vários pontos precisam ser observados, entre eles estão clima, relevo, fertilidade, janela de plantio (safra ou safrinha), condições e quantidade de máquinas para a entrada e reentrada de tratos culturais e aplicação de defensivos, entre outros.
A população média do algodão está entre oito e 12 plantas por metro (espaçamento de 76cm a 90cm) e a singularidade (espaçamentos aceitáveis) entre as sementes é fundamental, evitando assim plantas duplas e espaços vazios. O espaçamento entre linhas também é de suma importância, já que as colhedoras de algodão têm suas unidades determinadas e não conseguem colher linhas fora do padrão pré-configurado nas máquinas.
A velocidade de plantio tem muita influência na qualidade dos espaçamentos, os melhores resultados estão entre 5km/h e 7km/h, sempre trabalhando bem com as pressões do sistema de vácuo, de acordo com o disco e o formato da semente. No caso do algodão, como as sementes têm diminuindo de tamanho ao longo do tempo, a boa escolha do disco e a regulagem do vácuo são fundamentais. Há algumas inovações no mercado que estão permitindo aumentar a velocidade de plantio, prometendo garantir a qualidade da singularidade em semeadoras, como alterações nos ângulos dos depósitos de sementes, dosadores elétricos com menor gasto energético, novos modelos de ejetoras, raspadores nos discos e mecanismo dosador com escovas para levar a semente até o sulco de plantio. Porém, isso ainda é novo no mercado brasileiro, e a tropicalização desses modelos de semeadoras está sendo feita para obtermos os resultados que são prometidos pelos fabricantes.
Para plantio em cima de palhada ou cobertura verde, o correto é que ela esteja bem seca, dessecada com 45 a 60 dias de antecedência. Como isso nem sempre pode ser realizado, um ajuste que pode ser feito é trabalhar com muita pressão no disco de corte, trabalhar com discos de corte maiores (se a opção for possível na semeadora) e trabalhar com as opções de discos corrugados ou turbo, para que esses consigam “abrir” as linhas onde a semente será colocada. Há muita dificuldade de trabalhar com haste “botinha” em área de muita palhada, mesmo trabalhando cruzado. Com palhada ainda verde, a dificuldade é ainda maior, a melhor maneira seria passar o rolo-faca, para conseguir deitar a cobertura e cortar o material, facilitando assim a deposição da semente no sulco de plantio sem deixar a semente muito profunda.
A atenção tem que ser redobrada com a profundidade das sementes. Como no período do plantio o solo estará sempre muito úmido, a correta regulagem da pressão do disco de corte, em cima da palhada da soja ou de alguma cobertura, é fundamental. O ideal é que a semente fique na profundidade de 3cm a 4cm, acima disso pode gerar um desgaste na planta, já que terá que gastar muita energia para romper o solo e emitir o cotilédone. Abaixo disso, pode acontecer de a planta sofrer com temperatura, excesso de água e, em alguns casos, sofrer com a aplicação dos pré-emergentes.
Pensando em profundidade de semente, as semeadoras com disco de corte pneumático e com pressões ajustáveis linha a linha têm feito um excelente trabalho. Este será o futuro, principalmente para semeadoras sem adubo na linha, devido à diferença de peso em todo o chassis do equipamento. Outra opção é trabalhar com equipamentos com maiores articulações, para que assim ela consiga copiar da melhor forma possível o terreno. Sabemos também que isso pode aumentar os custos devido à manutenção, mas a eficiência é, sem sombra de dúvidas, muito superior.
A quantidade de grafite para uma melhor distribuição, segundo experiências realizadas pelo Grupo Scheffer, é de 150g para cada 100kg de semente em semeadoras a vácuo. No caso de semeadoras com dosador de sementes com escova, pelo motivo de terem velocidade elevada e secar a umidade da escova transportadora de semente, o indicado é utilizar 150g de grafite para 100kg de semente juntamente e 250g de talco para 100kg de semente. Nesse caso, o talco é necessário para a limpeza e para baixar a umidade das cerdas da escova transportadoras, além de ajudar no sistema de distribuição de sementes.
A aplicação de produtos biológicos no sulco de plantio, como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, tem obtido ótimos resultados na proteção da plântula nos primeiros dias após a emergência e de toda a biologia do solo, contribuindo para a redução da necessidade de produtos químicos.
A semeadora para aplicação de produtos biológicos tem um tanque auxiliar com agitador, com um sistema de bomba de pistão que aplica em média 50 litros/ha, e filtros no sistema que necessitam de cuidados com a limpeza diária para evitar obstrução dos bicos.
Após cada safra é necessário verificar o desgaste das ponteiras das hastes de abertura de sulco (botinha) ou se a semeadora possuir discos que devam ser substituídos, conforme especificações do fabricante da semeadora.
Nos tubos e mangueiras do vácuo de semeadoras pneumáticas sempre devem ser checadas as vedações de todos os sistemas, inclusive as borrachas da tampa do carrinho de sementes, e verificar se essa, mesmo com a troca da borracha, não possui folga. Muitas vezes é preciso travar essa tampa em alguns modelos de semeadoras, com uma trava na parte lateral, para evitar que com o desgaste natural dos anos e o balanço da operação o vácuo não se perca. Isso tem que ser feito linha a linha.
Outro problema que pode ocorrer é em relação à leitura dos sensores nos tubos condutores de semente. Se não houver a limpeza do duto, checagem dos cabos e o cuidado operacional nas cabeceiras, principalmente no algodão, onde o solo está com elevada umidade, ele acaba enviando mensagens erradas para o sistema. Por isso, é essencial realizar uma limpeza com escova nos tubos de semente.
A parte de desligamento automático das linhas deve ser revisada ou pelo menos limpa no fim de cada safra, para evitar problemas no decorrer da operação. Outro cuidado que se deve ter é com a configuração correta dos ajustes nos monitores. Muitos são os erros cometidos neste ponto, pois ali estão todas as informações e os ajustes de espaçamento, velocidade, população, limites, tamanho físico do trator e semeadora.
A maioria dos cotonicultores tem que plantar a soja com solo ainda com pouca umidade para conseguir fechar a janela de plantio de algodão e isso pode gerar risco de falta de chuva durante o desenvolvimento vegetativo da cultura, dependendo do ciclo de cada variedade. O período de plantio de algodão (safrinha), na maioria das regiões, é geralmente em janeiro e fevereiro, época de intensas chuvas. Neste período, muitas vezes o solo está saturado de água ou, na melhor das condições, em capacidade de campo, obrigando os produtores a serem mais eficientes com relação a paradas para abastecimento, manutenção mecânica, troca de turno, evitando que a máquina fique parada no campo. Por isso é necessário estar sempre atento às corretas manutenções, para evitar perdas de produtividade, já que o plantio muitas vezes é realizado fora do intervalo ideal e exige agilidade na operação.
Thiago Martins Machado, UFMT Feliph Lorenzzi Pardins, Scheffer
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