Há mais fatores de baixa do que de alta no mercado de trigo, neste momento

20.07.2015 | 20:59 (UTC -3)
Luiz Carlos Pacheco

As cotações para o trigo da safra 2015/16 começaram a aparecer nos mercados futuros de Chicago e Kansas em julho de 2013, o que significa dizer que deste aquela época era possível fixar preços para a safra que estamos plantando no Brasil, hoje, segundo a Consultoria Trigo & Farinhas, especializada em mercados futuros.

Até agosto de 2014, as cotações oscilaram entre US$ 6,00 e US$ 7,60 por bushel, o que equivale a algo entre US% 12,34 e US$ 15,81/saca de 60 quilos posto no interior do Brasil, para um custo estimado em US$ 10,57/saca no Paraná e US$ 9,90/saca no Rio Grande do Sul. Isto significa que proporcionou ocasião para travamento de preços com lucros entre 16,74% e 49,57% no Paraná e 24,64% e 59,69% no Rio Grande do Sul, afirma Luiz Carlos Pacheco, analista sênior da Trigo & Farinhas.

Ocorre que, por não saber como lidar com mercados futuros, a imensa maioria dos triticultores brasileiros não aproveitou estas oportunidades. Hoje o mercado entre US$ 6,20 e US$ 537/bushel e nem começamos a colher ainda e a maioria dos agricultores nem pensa em travar preços, porque ainda não colheu nada.

Este conjunto de atitudes é que leva ao sentimento generalizado de que o trigo não dá lucro (sic!). Se, porém, houvesse uma consciência generalizada de utilização dos mercados futuros, o setor poderia crescer muito em direção à autossuficiência, uma vez que já foi comprovado que o Brasil pode produzir volume e qualidade superiores ao argentino, por exemplo, em que pese que ainda sofra com os custos, mas que seriam superados pelos ganhos de escala e proximidade dos mercados compradores.

Neste momento, os fatores que estão pressionando os preços do trigo nos mercados interno e externo são os grandes estoques do produto, segundo Pacheco. A Argentina está fazendo um estoque recorde de 3,2 milhões de toneladas, o Uruguai deve terminar o ano comercial com aproximadamente 500 mil toneladas, o Paraguai, idem, o Paraná com aproximadamente 300 mil toneladas e o Rio Grande do Sul com outras 200 mil toneladas. No total serão cerca de 4,6 milhões de toneladas no Mercosul, três vezes mais do que a média normal, que está ao redor de 1,5 milhão de toneladas. O mesmo acontece no mercado internacional, onde os estoques avaliados pelo USDA aumentaram 16,81 milhões de toneladas ou 8,31%, passando para 219,21 milhões de toneladas, recorde na história.

O que fazer, neste momento? Procurar um bom corretor de mercados futuros e aprender a travar preços futuros. Os lucros para a safra 2015/16 ainda estão ao redor de 10% e os da safra 2016/17, por exemplo, estão, neste momento, entre 11,91% para o trigo do Rio Grande do Sul e 18,84 para o trigo do Paraná.

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