Greening: ação retira mais de 25 mil mudas irregulares de circulação em São Paulo

Fiscalização ocorreu em seis locais nos municípios de Herculândia e Tupã, e identificou o armazenamento incorreto de mudas cítricas

05.07.2024 | 14:16 (UTC -3)
Felipe Nunes, edição Revista Cultivar

Uma ação realizada entre os dias 2 e 4 de julho pelo Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) e sua Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), retirou de circulação cerca de 25.040 mudas cítricas que estavam sendo produzidas e/ou comercializadas de forma irregular nos municípios de Herculândia e Tupã. Iniciativa visa o combate ao greening, doença que ameaça a citricultura paulista, e contou com atuação de engenheiros agrônomos e técnicos agropecuários 

Valentim Scalon, engenheiro agrônomo e gerente do Programa Estadual de Sanidade na Produção de Materiais de Propagação, explica que a fiscalização ocorreu em seis locais, onde foi possível identificar o armazenamento de mudas cítricas a céu aberto. A ação coletou amostras para diagnósticos em laboratório oficial de cancro cítrico e greening, além de destruir e apreender as plantas. “As ações se tornarão rotineiras nos municípios até que a produção seja regularizada e o comércio irregular, constatado com frequência durante as fiscalizações, pare de ocorrer”, acrescentou.

A fiscalização contou com apoio da Polícia Militar Ambiental e resultou em quatro autos de infrações, que foram lavrados com base nas legislações vigentes que estabelecem medidas de defesa sanitária vegetal para coibir o comércio ambulante de mudas em São Paulo. Tais ações visam combater os graves danos econômicos às lavouras e pomares comerciais que a prática gera. 

Ainda no final de 2023, cerca de nove mil mudas foram apreendidas pelo corpo técnico da Defesa Agropecuária do Estado na mesma região. 

Canal de denúncia

Em outubro de 2023, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da sua Defesa Agropecuária, lançou um canal direto de denúncia para que a população, especialmente os produtores rurais, informem sobre pomares de citros abandonados ou mal manejados no Estado. Esse tipo de pomar apresenta problemas para a citricultura, já que não possui controle do psilídeo (Diaphorina citri), vetor do greening, ou erradicação de plantas de até oito anos contaminadas com a doença.

De acordo com a Portaria SDA/Mapa nº 317, de 21 de maio de 2021, e com a Resolução SAA nº 88, de 08 de dezembro de 2021, em todos os pomares com plantas de citros, é obrigatória a realização do controle eficiente do psilídeo, e nos pomares com até oito anos de idade, deve ser feita pelo produtor a eliminação de plantas sintomáticas.

Sobre o greening

O greening é causado pela bactéria Candidatus Liberibacter spp., e disseminado pelo psilídeo (Diaphorina citri). A doença acomete todas as plantas cítricas, e não tem cura: uma vez contaminada, não é possível eliminar a bactéria da planta, que fica agindo como fonte de inóculo para contaminação de outras plantas. O greening é hoje a doença que mais ameaça a citricultura no mundo.

Relatório Cancro/Greening

No Estado de São Paulo, todos os produtores de citros devem entregar o Relatório Cangro/Greening através do sistema informatizado de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave) até o próximo dia 15 de julho. O documento deve conter o resultado das vistorias trimestrais para cancro cítrico e greening realizadas entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2024 em todas as plantas cítricas da propriedade. 

A entrega é obrigatória, independente da idade das plantas, e permite que a equipe técnica da Defesa Agropecuária tenha informações precisas sobre a dispersão e incidência de doenças, além de orientar políticas de controle e ações de defesa fitossanitária. O atraso ou a não entrega sujeita o produtor às sanções previstas em Decreto Estadual (nº 45.211 de 19 de setembro de 2000). 

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