Embrapa destaca potencial de uso e de renda de macroalga ainda pouco cultivada no país

Projetos de pesquisa sobre Kappaphycus alvarezzi indicam benefícios ecossistêmicos, como fixação de carbono, filtro para nutrientes e biorremediação

04.07.2024 | 16:33 (UTC -3)
Clenio Araujo
Foto: Karla Virgilio
Foto: Karla Virgilio

Nesta semana, Danielle de Bem, chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), participou de audiência pública no Senado Federal que discutiu a macroalga Kappaphycus alvarezzi. O potencial dessa planta aquática é extenso e diverso, mas ainda pouco explorado no Brasil.

Danielle contextualizou as várias aplicações da macroalga, que pode ser usada nas indústrias farmacêutica e alimentícia e também como bioestimulante e biocombustível. Como benefícios ecossistêmicos, a planta atua na geração de ambientes favoráveis (desenvolvendo a flora e a fauna associadas), na fixação de carbono (portanto, colaborando para mitigar os efeitos das mudanças climáticas), como filtro para nutrientes (fósforo e nitrogênio, combatendo a eutrofização) e em biorremediação (mantendo a qualidade do solo e aumentando a resistência a doenças em plantas).

A chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura mostrou dados e números do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) sobre o atual cenário da Kappaphycus alvarezzi no país. Como regiões aptas para cultivo da macroalga, estão autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a área entre a Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro, e a Ilha Bela, em São Paulo, e também a área entre Itapoá e Jaguaruna, em Santa Catarina.

Como potenciais de produção e de retorno financeiro, os dados do ministério indicam que: no Rio de Janeiro, são 48,6 mil toneladas por ano e R$ 243 milhões; em Santa Catarina, potencial de produção anual de 82,9 mil toneladas e de retorno financeiro de R$ 232 milhões; e, em São Paulo, são 43,9 mil toneladas anuais de produção e R$ 198 milhões de retorno financeiro. Ou seja, apenas nas áreas atualmente autorizadas para cultivo o potencial de retorno financeiro é de mais de R$ 670 milhões por ano.

Elaboração de propostas

Danielle falou de propostas de pesquisa que estão sendo elaboradas em parceria por diversas instituições. O objetivo é subsidiar o desenvolvimento de uma cadeia nacional de produção, comercialização e consumo da Kappaphycus alvarezzi. Segundo ela, “precisamos ter clientes no começo, no meio e no fim da cadeia e as propostas estão desenhadas para gerar diversos impactos tanto para o produtor, como para o sistema de produção e para o meio ambiente; todos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU)”.

A chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura destacou a oportunidade de criar e manter uma rede entre várias instituições para estudar tanto a macroalga como a aquicultura de forma geral. Nesse sentido, a gestão, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), dos recursos financeiros que poderão ser captados pelas propostas “dará credibilidade técnica e científica para essas propostas porque apenas aquelas que forem aprovadas por avaliadores ad hocs seguirão para a fase de execução” segundo ela.

Após esse apanhado geral, parceiros de cada um dos três estados em que há produção da Kappaphycus alvarezzi comentaram sobre os respectivos projetos. David Campos, pesquisador da Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ), falou dos oito projetos que deverão ser desenvolvidos naquele estado. Valéria Cress Gelli, pesquisadora do Instituto de Pesca de São Paulo, comentou sobre os seis planejados para esse estado. E Alex Alves dos Santos, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), falou dos 11 que deverão ser executados naquele estado. Ao todo, os valores que serão solicitados para os 25 projetos somam mais de R$ 12 milhões.

O senador Jorge Seif (PL-SC), que presidiu a audiência pública, convidou colegas de Parlamento para, juntos, proporem o financiamento das pesquisas. “O valor financeiro por tanto de potencialidade que essa macroalga tem, pra essas instituições que têm a nossa confiança, é irrisório pra tudo o que pode oferecer para o Brasil”, defendeu.

Também participaram como palestrantes da audiência pública: Leonardo Cabral Costa, do Sindicato Rural de Florianópolis; Maulori Cabral, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Dárlio Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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