Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina (PR) promove XV Reunião de Tecnologia para Produção de Soja
Especialistas debaterão inovações, sustentabilidade e desafios climáticos na cultura da soja
A Grão Direto acaba de divulgar a mais recente Análise do Especialista, que examina as recentes flutuações nos mercados de soja e milho, destacando como os ajustes nos relatórios de oferta e demanda impactaram os preços e as exportações.
O estudo revela uma queda significativa nas cotações da soja, influenciada por uma safra norte-americana otimista, e avalia as perspectivas para o mercado de milho diante de fatores como a colheita da safrinha e as preocupações geopolíticas no Mar Negro. A análise também projeta tendências futuras para ambos os grãos. Confira:
Relatório de oferta e demanda: foram revisadas para cima as áreas plantada, produtividade e produção. As exportações norte-americanas foram corrigidas para cima, passando de 49,67 para 50,35 milhões de toneladas.
Semana da queda: os números do relatório desencadearam um movimento de queda significativo durante a semana, que foi fortalecido pelo cenário otimista da safra norte-americana.
Exportações brasileiras: nos primeiros sete dias úteis de agosto, o Brasil exportou quase 2,4 milhões de toneladas de soja, com a China como principal destino. No acumulado do ano, as exportações somam 77,8 milhões de toneladas.
Em Chicago, o contrato de soja para agosto de 2024 encerrou a U$9,37 o bushel (-5,16%). No mercado físico brasileiro tivemos movimentos de queda, influenciadas por Chicago e pelo dólar, que recuou 0,91%, para R$5,47 na última semana. O contrato com vencimento em março de 2025 também fechou pessimista e recuou 4,16%, a U$9,90 o bushel.
Safra norte-americana: os dados comprovam que a safra de soja dos Estados Unidos tem registrado as melhores condições dos últimos anos. E isso foi reforçado pelo relatório de oferta e demanda, que trouxe um ajuste positivo da área plantada e da produtividade, resultando em uma projeção da produção estimada em 124,9 milhões de toneladas. A demanda também teve um acréscimo, mas não foi o suficiente para mudar o balanço positivo da oferta da oleaginosa nos EUA e no mundo.
Espera-se que a demanda global aumente apenas 2,2%, enquanto a produção deve crescer 8,5% na próxima temporada, que começa no próximo mês. Isso resulta em um cenário com um balanço bastante favorável para a oferta. A temporada 2023/24 da safra norte-americana está chegando ao fim com um resultado abaixo do esperado, com uma expectativa de produção de cerca de 46,27 milhões de toneladas, segundo o USDA, o que representa uma queda de 15% em relação à safra anterior.
Para a próxima temporada, que também se inicia no próximo mês, projeta-se um aumento de 8%, com um volume previsto de 50,34 milhões de toneladas. No Brasil, a expectativa para a próxima safra permanece em 105 milhões de toneladas. Em resumo, o que poderá alterar esse cenário será um resultado inesperado, seja no lado da oferta ou da demanda.
Análise gráfica: as cotações em Chicago têm caído de forma significativa desde junho de 2022. Após romperem as faixas entre 11,20 e 12,00 dólares por bushel, os preços buscaram níveis entre 9,70 e 10,50 dólares por bushel, voltando à região em que se encontravam antes da alta provocada pela pandemia. Após romper as últimas posições, as cotações poderão buscar os patamares de 9,45 dólares o bushel. Embora ainda não haja sinais de reversão dessa tendência, acredita-se que ele esteja próximo, pois os preços estão bastante desvalorizados, e causado prejuízos aos produtores norte-americanos.
Após semanas de quedas consideráveis, as cotações poderão ter uma semana de correção/realização de lucros, dando um alívio aos produtores brasileiros, que também estão sofrendo com a queda do dólar no momento da comercialização.
Relatório de oferta e demanda: a produtividade norte-americana subiu de 189,35 para 191,55 sacas por hectare, levando a safra a 384,74 milhões de toneladas. Os estoques finais, por outro lado, caíram de 53,26 para 52,67 milhões de toneladas.
Colheita da safrinha 2024: A colheita da segunda safra de milho subiu de 91,3% na semana passada para 94,7% do total plantado no país, superando os 72,4% registrados no mesmo período em 2023.
Conflito geopolítico: as preocupações aumentaram com as exportações de milho no Mar Negro, que podem ser afetadas pelos recentes bombardeios russos no porto de Odessa.
As cotações de Chicago finalizaram a semana cotadas a U$3,70 o bushel (-1,86%), para o contrato com vencimento em setembro/24. Na B3, o milho recuou 1,11%, valendo R$59,29. No mercado físico, o movimento foi predominantemente negativo, seguindo as tendências notadas no Brasil e EUA.
Exportações brasileiras: na última atualização feita pela Secex, o Brasil havia efetivado cerca de 1,9 milhões de toneladas em 7 dias úteis. O número, até o momento, é significativamente menor que o do mesmo período do ano passado, que tinha exportado 2,8 milhões de toneladas (-32%). Ainda há uma divergência muito alta entre as previsões da Conab e USDA, que estimam exportar 36 milhões de toneladas e 49 milhões, respectivamente. De acordo com as análises e projeções do Grão Direto, o Brasil deve exportar cerca de 45 milhões de toneladas, precisando manter uma média mensal de 6,6 milhões de toneladas.
Maiores países importadores: apesar de o movimento de exportação estar mais lento neste ano, a China ainda mantém sua posição de liderança, adquirindo 1,62 milhões de toneladas até o mês de julho. O Egito e a Argélia também têm se destacado, ocupando o segundo e terceiro lugares com 1,61 milhões e 1,13 milhões de toneladas, respectivamente. Esse cenário contrasta com o ano passado, quando o Japão liderava o ranking, mas agora caiu para o 10º lugar. No entanto, é importante destacar que historicamente o maior volume de exportações se concentra no segundo semestre, o que significa que esse cenário atual ainda pode mudar significativamente.
Novos capítulos entre Rússia e Ucrânia: novo ataque das forças ucranianas permitiu avançar em pequeno território russo na última semana. Porém, houve uma contra-ofensiva pelos militares da Rússia, travando mais um capítulo do conflito entre os dois países. O exército russo promoveu um novo bombardeio ao porto de Odessa, trazendo novas preocupações sobre a capacidade de escoamento dos grãos ucranianos. Caso haja alguma limitação significativa do escoamento dos grãos ucranianos, poderá resultar em boas oportunidades para o cereal brasileiro.
Considerando os fatores mencionados anteriormente, é provável que o mercado de milho enfrente mais uma semana negativa, embora as quedas não devam ser tão acentuadas quanto as observadas na semana passada.
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