Café brasileiro registra maior VBP da história em 2025
Estimativa alcança R$ 114,86 bilhões impulsionada pelo avanço do arábica e do canephora em todo o país
Nematologistas brasileiros descreveram um novo gênero e espécie de nematoide foliar, Monteironema caresi, parasita de plantas do gênero Ipomoea, popularmente conhecidas como corda-de-viola. O achado, publicado recentemente no Russian Journal of Nematology, amplia o conhecimento sobre a biodiversidade de nematoides associados às plantas e reconhece a contribuição de dois dos maiores nomes da Nematologia Brasileira.
A descoberta teve início quando o professor Robert Weingart Barreto encontrou no campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, plantas de corda-de-viola infectadas por um nematoide desconhecido. O material foi encaminhado ao laboratório de nematologia da UFV, onde se deu início à investigação taxonômica.
A nova espécie de fitonematoide foi encontrada em folhas de Ipomoea cairica e I. syringifolia. As plantas apresentavam pequenas manchas cloróticas e necróticas, delimitadas pelas nervuras, sintomas que podem apontar a presença de nematoides foliares. A equipe, liderada pela Professora Dalila Sêni Buonicontro, do Departamento de Fitopatologia da UFV, em colaboração com o pesquisador Claudio Marcelo G. Oliveira, do Instituto Biológico (IB-SP) e de outras instituições nacionais e internacionais, realizou uma caracterização detalhada do organismo por meio de análises morfológicas e moleculares (filogenéticas e de delimitação de espécies).
Os resultados mostraram que o nematoide não se enquadrava em nenhum dos gêneros conhecidos da família Anguinidae, grupo que inclui espécies parasitas de folhas, caules, sementes e flores. As análises moleculares confirmaram que se tratava de uma linhagem independente, justificando a criação de um novo gênero e uma nova espécie: Monteironema caresi.
Os adultos de Monteironema caresi medem de 0,4 a 0,9 milímetro e ocorrem em três formas distintas -- fêmeas semi-obesas, fêmeas imaturas e machos delgados. Apresentam corpo fusiforme, cutícula finamente estriada e um estilete (estrutura usada para perfurar tecidos vegetais) curto e robusto.
O sistema digestivo e o reprodutivo possuem combinações de características únicas, reforçando sua distinção em relação a outros gêneros da família. Diferentemente de muitos anguinídeos que provocam galhas ou deformações nas plantas, Monteironema caresi causa manchas foliares -- um tipo de sintoma menos frequente entre nematoides desse grupo, mas de grande interesse para estudos ecológicos e de fitopatologia.
O nome Monteironema caresi é uma homenagem a dois professores, taxonomistas de nematoides, cuja trajetória marcou a história da Nematologia no Brasil: Prof. Dr. Ailton Rocha Monteiro (ESALQ/USP) e Prof. Dr. Juvenil Enrique Cares (Universidade de Brasília). A fusão dos nomes ‘Monteiro’ e ‘Cares’ deu origem ao epíteto, simbolizando o legado e a continuidade da pesquisa nematológica brasileira.
A descoberta ressalta o valor da taxonomia integrativa, que combina análises morfológicas e genéticas para delimitar espécies com maior precisão. Ela também demonstra como a rica biodiversidade brasileira ainda guarda formas de vida desconhecidas, inclusive em áreas amplamente estudadas como Viçosa. Além do avanço taxonômico, o estudo contribui para o entendimento das relações entre nematoides e plantas hospedeiras, podendo inclusive apoiar estratégias de manejo de espécies invasoras como a corda-de-viola (Ipomoea cairica), que compete com culturas agrícolas em várias regiões tropicais.
Mais do que uma nova espécie, Monteironema caresi representa o elo entre gerações de pesquisadores brasileiros dedicados ao estudo dos nematoides. A homenagem aos Mestres Monteiro e Cares celebra não apenas suas carreiras científicas, mas também a tradição de ensino, colaboração e curiosidade que inspira a nova geração de nematologistas no Brasil. É a Ciência Brasileira revelando o mundo microscópico e valorizando quem a faz!
Outras informações em russjnematology.com/Articles/rjn332/buonicontro.html
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura