O Boletim Sucroalcooleiro de Abril do Ceper/Fundace mostra que os valores registrados em março deste ano revelam recuperação nas exportações brasileiras de açúcar e etanol. Na comparação com fevereiro, houve um aumento de 25,2% da quantidade exportada de açúcar e de 10% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já a quantidade exportada de etanol aumentou 7,53% em relação ao mês anterior. Quando comparado com março de 2017, o crescimento é de 22,31%.
Os dados reiteram a retomada da participação do Brasil no mercado mundial de açúcar a partir das safras 2016/2017 e 2017/2018, com a produção nacional representando 14,75% e 14,79% da produção mundial, respectivamente. Os valores ainda estão abaixo dos registrados na safra 2010/2011, quando a participação brasileira chegou a 15,67%, mas acima dos 13,3% registrados na safra 2015/2016.
A sazonalidade nas safras de cana-de-açúcar explica, em grande parte, o comportamento flutuante na quantidade exportada destes produtos. O máximo exportado dos dois produtos derivados da cana-de-açúcar foi alcançado em outubro de 2012, quando as exportações de açúcar alcançaram 3,9 milhões de toneladas e as de etanol 509,43 milhões de litros.
“A elevação nas tarifas de importação pela China, principal destino das exportações brasileiras até 2016, contribuiu para a desaceleração das exportações de açúcar brasileiro em 2017”, explica o pesquisador do Ceper Luciano Nakabashi. O ritmo ainda fraco esteve presente nos primeiros meses de 2018. No acumulado do primeiro trimestre deste ano, o volume exportado caiu 16,74% em relação ao primeiro trimestre de 2017.
Preços – O Boletim Sucroalcooleiro também traz um acompanhamento da trajetória de preço real da saca de açúcar para o período de janeiro de 2010 a março de 2018. Neste período, nota-se uma grande oscilação dos preços, o que é uma característica das commodities, cujos preços são determinados pelo mercado internacional.
Num período de cinco meses, entre junho (R$64,32) e novembro de 2010 (R$117,29), ocorreu uma das maiores altas de preços, com variação de 82%. Analisando o período de agosto de 2011 a agosto de 2015, nota-se uma trajetória mais prolongada de queda dos preços, quando o valor da saca de 50kg de açúcar caiu 47,42%, chegando a R$53,42.
O preço voltou a subir entre setembro de 2015 e outubro de 2016, alcançando, neste último mês, a R$102,01 por saca. Novamente, no período seguinte, entre novembro de 2016 a março de 2018, os preços voltaram a cair, atingindo R$ 51,32 neste último mês, o menor preço registrado para o período.
Produção – A região Centro-Sul do Brasil responde por grande parte da produção dos três derivados da cana (açúcar, etanol anidro e etanol hidratado), superando 80%. O destaque é ainda maior quando considerada a produção de etanol hidratado: a região foi responsável por mais de 90% do total produzido ao longo de todo o período analisado (safra 2005/2006 a safra 2017/2018).
Os dados das últimas duas safras revelam um aumento da importância da região na produção dos derivados da cana-de-açúcar. Verifica-se aumento na produção de açúcar (de 38,69 para 39,46 milhões de toneladas) e de etanol anidro (de 11,072 para 11,175 milhões de litros). A produção de etanol hidratado, porém, caiu de 16,734 para 15,871 milhões de litros.
Na última safra, a produção dos três produtos da cana-de-açúcar foi bem superior à registrada nas safras de 2005/2006 e 2006/2007, o que representa ganhos de produtividade do setor. Na última safra (2017/2018), 47% da moagem foi destinada à produção de açúcar, 31% à produção de etanol hidratado e 22% ao etanol anidro.
O pesquisador do Ceper explica que, conforme Relatório de Perspectivas para Commodities Agrícolas da consultoria INTL FCStone, a perspectiva de aumento da oferta de açúcar no mercado internacional em virtude da expectativa de expansão da produção na Índia associada ao avanço do Paquistão e da União Europeia no mercado exportador tem feito com que indústrias do Centro-Sul reduzam o direcionamento da cana para o açúcar e aloquem maior proporção para o etanol. “Além disso, alguns fatores como aumento do preço do petróleo e a recuperação da economia podem, também, favorecer uma maior alocação da matéria-prima para a produção de etanol”, conclui o pesquisador.