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Nos últimos anos, o curso Manejo Integrado de Pragas (MIP) na soja do SENAR-PR tem gerado resultados expressivos no Paraná. Já são centenas de casos em que produtores da oleaginosa passam a safra inteira sem fazer uma única aplicação de inseticidas nas lavouras. E engana-se quem pensa que apenas áreas pequenas comportam a estratégia que envolve monitoramento e uso racional de defensivos agrícolas. Não importa o tamanho da plantação, é possível aplicar o MIP.
Um dos exemplos vem da região de Guarapuava. Eilton Marcondes, coordenador de agricultura da empresa Três Capões, do Grupo Santa Maria, está à frente do cultivo de três propriedades rurais, num total de 5,4 mil hectares de soja. As áreas estão localizadas em Guarapuava (800 hectares), Goioxim (2,2 mil hectares) e Candói (2,5 mil hectares). “Dois funcionários de cada propriedade e eu fizemos o curso do MIP-Soja e adotamos o monitoramento em 20 hectares cada, somando 60 hectares nesse primeiro ano”, revela Marcondes.
Nos três talhões que receberam a técnica, em apenas um foi necessário fazer uma aplicação. O resultado animou o coordenador de agricultura, que pretende ampliar o MIP para 600 hectares no próximo ciclo – 200 hectares em cada fazenda. “Por aplicação são gastos em torno de R$ 100 por hectare. Então, não entrar nesses 600 hectares nos quais adotaremos o MIP vai gerar economia de R$ 60 mil. Um valor considerável”, reflete.
No ciclo 2020/21, por consequência da pandemia do novo SOJA coronavírus, as aulas teóricas da capacitação do SENAR-PR foram feitas de forma remota. No entanto, as práticas de campo, com a clássica batida de pano, ocorreram de modo presencial, seguindo todas as recomendações sanitárias de distanciamento social, uso de máscaras e higienização constante das mãos com álcool gel.
“Foi um ano atípico, mas deu para interagir com o professor. Semanalmente, tivemos aulas práticas em campo e foi tudo rigorosamente cumprido”, conta o coordenador do Grupo Santa Maria.
As visitas a campo são fundamentais, pois o MIP ocorre durante o desenvolvimento da lavoura. Na plantação é que o participante consegue conhecer os inimigos naturais que auxiliam no controle dos insetos-pragas. “Nas aulas foi possível desenvolver essa nova percepção de que é preciso olhar para a lavoura como um sistema em equilíbrio e que há um momento certo, definido a partir do monitoramento, de entrar aplicando o inseticida. Isso quando necessário”, compartilha Marcondes.
Para ampliar a área monitorada pelo MIP no próximo ciclo, Marcondes antecipa que mais funcionários do Grupo Santa Maria participarão da qualificação do SENAR-PR. “Abrindo as próximas turmas, a intenção é colocar mais seis pessoas para fazer o curso, porque é realmente muito bom. Os nossos colaboradores precisam ter esse conhecimento de qual é o momento de aplicação, o que realmente vai causar dano, o que é efetivamente praga e o que é inimigo natural. A formação agrega muito”, reforça.
Para o instrutor do MIP-Soja do SENAR-PR na região de Guarapuava, Pedro Campos, o curso tem uma trajetória semelhante entre produtores da região. Geralmente, segundo ele, os participantes começam desconfiados, destacando um pequeno talhão o treinamento e, no fim, estão querendo ampliar para mais uma parte ou até mesmo para toda a propriedade.
“Já teve caso de produtor que achou um inimigo natural em casa, colocou na caixinha de fósforo e levou para a lavoura para ajudar a combater as pragas da soja”, relembra Campos.
O instrutor alerta, no entanto, que é preciso não se deixar seduzir pelo preço da soja e achar que por ter uma margem mais confortável não há problema em esbanjar insumos com aplicações desnecessárias. “Algo que preocupa é que, com o valor da saca da soja acima dos R$ 150, o produtor, muitas vezes, acaba querendo entrar logo na lavoura com uma aplicação de inseticida precoce. Só que isso pode ser negativo, porque na comparação, a área que recebeu mais inseticidas, onde não há MIP, tem mais pragas do que em áreas sem aplicações com MIP”, alerta.
A chave para um controle efetivo e equilibrado das pragas, segundo Campos, está no monitoramento. Afinal, cada talhão, cada safra, as diferenças climáticas e muitas outras variáveis influenciam no sucesso das lavouras. “Somente com a atenção constante ao que está acontecendo no campo, por meio do MIP, é possível fazer um controle que resulte em aplicação racional de inseticidas”, ensina o instrutor.
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