Como o uso de plantas de cobertura auxilia no combate a nematoides
Qual o impacto do cultivo de soja em palhadas de milho e crotalária sobre populações de nematoides das lesões radiculares Pratylenchus brachyurus e a produtividade da oleaginosa.
A videira é cultivada em diversas regiões do mundo, sendo que a Europa é responsável por 51% da produção mundial, seguida por Ásia (21%), América (19%) e África (5%) (Leao, 2005). Os países com maior produção de vinhos no mundo são França, Itália, Espanha, Estados Unidos, Argentina e Chile, respectivamente. O Brasil é o 15º na lista, sendo que a uva é a quarta fruta mais produzida no país (Neumann, 2017).
Aproximadamente, a metade da produção de uvas produzidas no País atende às demandas do mercado de consumo in natura, o restante é explorado principalmente para a produção de vinhos e sucos, que está concentrada no Sul do País (Maia, 2018). As bagas destinadas para produção de vinhos e sucos requerem uma seleção de menor qualidade, assim, podendo ser realizada a colheita mecanizada.
A vitivinicultura, desenvolvida no Rio Grande do Sul, é responsável por 90% dos vinhos elaborados no Brasil. A cultura tem raízes profundas na história do estado, especialmente na história demarcada pela imigração na Serra gaúcha. Hoje, além de sua importância cultural, o setor ocupa uma posição importante na economia do estado (Pires, 2014). No estado do Rio Grande do Sul, a produção situa-se nas regiões da Serra gaúcha, Campanha, Serra do Sudeste e região central. Assim, buscamos apresentar diferentes métodos de colheita de uva, com ênfase na colheita mecanizada.
A média de produção no Rio Grande do Sul ficou em torno de 600 milhões de quilos, nos últimos cinco anos (Figura 1). Entretanto, no ano de 2016, a safra de uvas teve uma das maiores quebras registradas, com uma redução de 57% em relação ao ano anterior, equivalente, aproximadamente, a 300 milhões de quilos de uvas no território gaúcho (Graça, 2019). A principal causa da quebra histórica no ano 2016 foi uma série de acontecimentos climáticos que prejudicaram o desenvolvimento das uvas ao longo do ano, como geadas e excesso de chuvas.
Em 2018, o Brasil exportou em torno de quatro milhões de litros de vinho, com um aumento de 26,6% em relação ao ano anterior, sendo o terceiro ano seguido, com aumento nas exportações brasileiras (Figura 2). Segundo a Conab (2019), os principais destinos das exportações brasileiras são o Paraguai, com 3,3 milhões de litros (79,1%), os Estados Unidos, com 197,6 milhões de litros (4,7%), o Reino Unido, com 82,3 milhões de litros (2%), e o Haiti, com 79,5 milhões de litros (1,9%).
A cultura da uva necessita ser cultivada com alguma forma de suporte, pois se trata de uma planta que tem uma grande diversidade arquitetônica de seu dossel vegetativo e das partes perenes, e a distribuição do tronco e dos braços do dossel vegetativo está diretamente ligada com o sistema de sustentação (Miele, 2015).
A escolha do sistema de condução vai depender de uma série de fatores, dentre eles o objetivo da produção, as condições do solo e do clima, o custo de instalação e de manutenção e o método de colheita, sendo este último o fator de primordial e foco do estudo em questão.
Os sistemas de condução do dossel vegetativo mais utilizados no Rio Grande do Sul são a espaldeira e a latada, entretanto, há um terceiro sistema de condução chamado manjedoura ou “Y”, que ainda é pouco utilizado.
No começo da produção em maior escala, os produtos eram colhidos manualmente, com limitações tecnológicas e com elevado número de pessoas trabalhando no campo. Com a evolução das máquinas, o auxílio de tecnologias e pesquisas, surgiu a colheita manual-mecânica e, posteriormente, a colheita totalmente mecanizada. Embora os três tipos de colheita citados são parte da evolução da sociedade, pode-se observar que eles coexistem ainda hoje, levando em conta o tipo do produto, o nível socioeconômico dos agricultores e a disponibilidade de mão de obra (Moraes; Reis; Machado, 2005).
Ao considerar a finalidade do produto, pode-se empregar dois métodos de colheita. Para uvas de mesa, com finalidade de consumo in natura, é recomendada a colheita manual. Essa técnica considera seletividade, ou seja, pode-se escolher o produto em função de tamanho, formato, cor, textura, isenção de danos mecânicos, entre outros.
A utilização dessa técnica apresenta muitas vantagens. Os danos às bagas são pequenos e, com mão de obra qualificada, é possível selecionar os cachos individuais, de acordo com o nível de maturação, descartando as uvas não saudáveis. Ainda, não possui limites com relação a espaçamento entre filas ou formas de condução da vinha e são necessários poucos equipamentos, restringindo a facas ou tesouras e cestos para depósito.
No caso das uvas destinadas para a fabricação de vinhos e derivados, é recomendada a colheita mecanizada. Esta técnica agiliza o processo e reduz o custo, entretanto, a principal desvantagem é a menor qualidade na seleção das bagas. A colheita mecanizada é utilizada nos vinhedos plantados em espaldeiras, latadas e sistema “y”, onde as máquinas provocam o desprendimento das bagas e recolhimento antes de chegar ao solo.
Ao realizar a escolha da colhedora deve-se considerar o sistema de condução do dossel vegetativo. As colhedoras são específicas para cada sistema, mas apesar disso a colhedora do sistema latada pode ser utilizada no sistema “Y” com pequenas regulagens.
Todas as colhedoras possuem, em comum, os seguintes elementos básicos: sistema de desprendimento da uva, dispositivo de apara ou recepção, sistema de transporte, depósito e órgãos de limpeza (Silveira, 2001).
As colhedoras autopropelidas para o sistema espaldeira utilizam transmissão hidráulica, onde o motor aciona uma ou duas bombas e então o óleo é enviado para os motores hidráulicos que acionam as correias transportadoras, os ventiladores e os cilindros que produzem descarga dos depósitos e outros deslocamentos. A máquina se desloca devido à ação de motores hidráulicos situados nas rodas motrizes (Silveira, 2001).
As colhedoras do sistema em espaldeira (Figura 3) possuem cinco mecanismos de funcionamento, sendo eles: hastes sacudidoras, são responsáveis por desprender as bagas dos cachos, que caem sobre o sistema de vedação. Essas hastes são fixadas em cilindros, que giram, causando o desprendimento das bagas dos cachos. Hastes aparadoras localizam-se na parte inferior da colhedora, sua função é impedir que as bagas caiam no solo, conduzindo-as para o sistema de transporte, o qual recebe as bagas soltas e as transporta até os reservatórios de uvas. Um reservatório de bagas armazena o produto colhido. Os sopradores são responsáveis por retirar o material mais leve que as uvas, como folhas e partes que se desprenderam das plantas, como galhos pequenos. Algumas colhedoras também são equipadas com hastes vibratórias que retiram as impurezas citadas (Valente; Barreiro Elorza, (2015).
Os mecanismos de funcionamento da colhedora latada são similares aos da colhedora do sistema em espaldeira. O que difere é que esta colhedora não necessita de sistema de hastes aparadoras para evitar que as bagas caiam no solo, pois as mesmas já caem sobre a esteira transportadora, no final desta localiza-se um reservatório. Quando atinge a capacidade máxima é desacoplado da colhedora e substituído por outro.
As máquinas montadas para colheita no sistema latada são acopladas na barra de tração, o equipamento é acionado pela tomada de potência do trator e requer de 40cv a 70cv de potência no motor (Machado, 2019). Os demais sistemas são similares aos da colhedora autopropelida do sistema espaldeira.
Não existe uma colhedora específica para esse sistema de condução do dossel vegetativo em sistema “Y”. Segundo Machado (2019), alguns produtores utilizam a mesma colhedora do sistema latada, por esta possuir um mecanismo de ajuste da altura do equipamento até as plantas, o que permite a utilização de forma inclinada.
A demanda por mão de obra é sazonal e de ano em ano, o que dificulta a especialização dos trabalhadores. Isso, correlacionado com uma curta janela de colheita, acaba dificultando o processo de colheita manual. Desta forma, a colheita mecanizada vem aumentando ano a ano. Segundo Todeschini et al (2019), os produtores relatam que o investimento tem retorno em um período de no máximo três safras.
Em Santana do Livramento (RS), o Grupo Miolo, proprietário da vinícola Almadén, relata que, mesmo com investimento na colheita mecanizada da videira, o número de colhedores não diminui. Além disso, a qualidade e a agilidade na colheita aumentaram (Grupo Miolo, 2019). Os coletores são remanejados para outras funções como: preparar a área para passagem da colhedora, retirada de frutas estragadas (aumentando a qualidade na seleção das bagas) e limpeza da área. Assim, a empresa ganha em agilidade e qualidade, minimizando as perdas de frutas.
As colhedoras do sistema em espaldeira são equipadas com muita tecnologia embarcada e conforto a bordo. O seu custo de aquisição pode ser seis vezes maior que as colhedoras do sistema latada, é claro dependendo do modelo de ambas as colhedoras. Segundo Mendoza (2016), as colhedoras do sistema em espaldeira custam em torno de 380 mil dólares. Em relação às colhedoras do sistema latada, custam em torno de R$ 200 mil a R$ 250 mil (Benata, 2019).
A exportação de vinhos gaúchos está em constante crescimento, porém o Brasil ainda importa muito no que se refere a vinhos, ou seja, temos um amplo mercado para ser explorado. A colheita de uva é realizada de duas formas: manual, quando seu destino é o consumo in natura devido à seleção das bagas, e mecanizada, para uvas destinadas à produção de vinhos e derivados. A escolha do sistema de condução do dossel vegetativo implica diretamente na colhedora que será utilizada. As condições de topografia, financeiras e a disponibilidade de mão de obra devem ter um destaque no planejamento da colheita.
Rômulo Bock, Airton dos Santos Alonço, Gessieli Possebom, Henrique Eguilhor Rodrigues, Mayara Torres Mendonça, Wagner Alexandre Silveira da Cruz, Ítala Thaísa Padilha Dubal, Luan Pierre Pott, Tiago Rodrigo Francetto, Laserg/UFSM
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