Estudo indica cultivares de trigo mais produtivas em sete regiões do Estado

05.02.2015 | 21:59 (UTC -3)

Uma cultivar de trigo ciclo médio plantada em Santo Augusto produziu 5.769 quilos por hectare em 2014. Foi a que teve melhor produtividade no Rio Grande do Sul nos Ensaios de Cultivares em Rede (ECR), que avaliou o desempenho de 40 variedades registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e indicadas pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático. O estudo foi apresentado nesta quinta-feira (5), pela Fundação Pró-Sementes e Sistema Farsul, em Porto Alegre. Com o objetivo de auxiliar os produtores rurais a tomarem a melhor decisão quanto ao material que vai utilizar na próxima safra, de acordo a região de sua lavoura, o ECR tem os resultados do último ano e de anteriores publicados no site www.cultivares.com.br ou em versão impressa.

Jorge Rodrigues, diretor financeiro e coordenador das comissões de Grãos da Farsul, recomenda que os produtores, além de observarem os resultados mais recentes, também comparem com os antigos. “Às vezes, o melhor não é pegar a cultivar com maior rendimento em 2014 na sua região, mas investir na que se mantém no topo por vários anos”, diz Rodrigues. O produtor também deve considerar as diferenças nos custos de cada cultivar: nem sempre a que mais produz gera uma renda maior.

Na safra de trigo de 2014, foram definidos sete pontos de ensaio no Estado: São Luiz Gonzaga, Santo Augusto, Cachoeira do Sul (três regiões moderadamente quentes, úmidas e baixas), São Gabriel, Cruz Alta, Passo Fundo e Vacaria (regiões frias, úmidas e altas). Em cada local, cada variedade ocupa três parcelas - canteiros de 5mx1m, onde é plantada apenas uma cultivar.

Além do rendimento médio das cultivares em diferentes regiões, são avaliados a data de espigamento e de maturação do trigo, a altura da planta e a reação ao acamamento. Na fase de pós-colheita, são medidos ainda a produtividade e o pH do material, único parâmetro de qualidade observado no estudo. Os experimentos são conduzidos em duas épocas de semeadura, com intervalo de 15 dias. A exceção foi a ausência do segundo ensaio no município de São Gabriel, devido ao excesso de chuvas, explica Kassiana Kehl, coordenadora de cultivos de inverno da Fundação Pró-Sementes.

Para demonstrar a diferença que a escolha correta da cultivar pode fazer, Kassiana mostrou a variação do melhor e pior rendimento entre as cultivares em Santo Augusto: 1548kg por hectare, o que representaria em torno de R$ 670,00/ha.

Ao todo, a rede experimental foi instalada em 19 locais de Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, analisando 60 cultivares em quase 3 mil parcelas. No entanto, esse foi o último ano em que os testes foram promovidos nos cinco estados, afirmam os pesquisadores. A partir de 2015, o ECR será feito exclusivamente no Rio Grande do Sul, por conta do apoio financeiro do Sistema Farsul. Nas demais unidades federativas, nenhuma instituição se interessou em patrocinar os estudos. “Enquanto tivermos o aporte do Sistema Farsul no Estado, nós teremos esses resultados”, garantiu José Hennigen, diretor técnico e administrativo da Fundação Pró-Sementes.

Segregação

Além dos resultados do ECR, o encontro levantou o debate acerca da segregação da produção de trigo, ação defendida pela Farsul por gerar pagamentos diferenciados ao produtor. “As indústrias pagam de R$ 4 a R$ 5 mais por saco de trigo branqueador se estiver segregado”, argumentou Hamilton Jardim, presidente da Comissão do Trigo da Farsul. “A segregação é o caminho”, reiterou Hennigen.

O ECR de trigo é desenvolvido pela Fundação Pró-Sementes, com o apoio do Sistema Farsul, desde 2009. A Fundação Pró-Sementes é uma organização privada e sem lucrativos instituída em 1999, na cidade de Passo Fundo. Além da área de pesquisa e desenvolvimento em culturas de inverno e verão - como o trigo e a soja, respectivamente -, trabalha em certificação de produtos, apoio comercial e capacitação profissional, por meio de cursos e treinamentos.

Além de Rodrigues, Jardim e Hennigen, o encontro contou com a presença do chefe da Divisão Técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado (Senar-RS), João Augusto Telles.a

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