Especialistas falam sobre a importância da segurança alimentar do campo à mesa

No Dia Mundial da Alimentação, agricultura brasileira mostra seu potencial em assumir o papel da protagonista na missão de matar a fome da população global

15.10.2021 | 20:59 (UTC -3)
Kassiana Bonissoni

O Dia Mundial da Alimentação, celebrado neste 16 de outubro, em mais de 150 países, foi criado pela FAO com o objetivo de alcançar a segurança alimentar de todos e garantir que as pessoas tenham acesso regular a comida de alta qualidade e suficientes. Como maior protagonista dessa oferta, o Brasil se destaca com sua vocação natural, afinal se estamos entre os maiores produtores e exportadores de grãos, frutas, fibras, proteínas, isso nos credencia a ser um dos principais fornecedores para o mundo.

Nos últimos anos uma força tarefa entre produtores, agroindústrias, empresas, instituições de ensino e pesquisa nas mais diversas modalidades de parcerias têm dado resultado. De acordo com o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de quatro décadas (1980 a 2020) comprova que a safra de grãos, por exemplo, cresceu 506% e a área plantada avançou somente 64,2%. Nesse período, a produtividade deu um salto de 303,8%. Ou seja, não estamos apenas produzindo muito mais, assim como estamos produzindo melhor com mais eficiência.

Essas iniciativas aliada a altos investimentos em tecnologia, pesquisa e inovação tem sido crucial nesta missão de produzir com mais sustentabilidade. Uma dessas tecnologias é a irrigação, solução que além de minimizar os efeitos climáticos, atua diretamente no aumento da produção por área. “A irrigação possibilita fazer até cinco safras em dois anos e não aumentar a área, isso comprova o quanto estamos avançados em relação a outros países do mundo. Isso nos coloca como protagonistas nesse negócio”, diz Cristiano Trevizam, diretor de vendas da Lindsay.

Diferentemente do que muitas pessoas acham, a função de um pivô de irrigação não é fazer com que a planta consuma menos água, mas sim fazer com que ela seja mais eficiente e receba o recurso no momento exato na quantidade certa na hora necessária. Assim, resulta em uma gestão eficiente da água.

Em um momento de crise hídrica, como este que vivenciamos desde o segundo semestre de 2020, considerada a mais severa dos últimos 91 anos, que além da escassez de água gerou aumento significativo das contas de energia, somente com tecnologia é possível superar essas adversidades.

Para Trevizam, opções já disponíveis como FieldNET Advisor que auxilia o produtor no manejo da irrigação que é totalmente integrado ao consagrado FieldNET by Lindsay, solução de gerenciamento e monitoramento remoto, são fundamentais. “Essa ferramenta que é automatizada e baseada em nuvem, conta com grande volume de dados históricos e previsões futuras recomendando quando, onde e quanto irrigar, e ainda o produtor pode fazer a operação toda de forma remota. Economizando assim recursos hídricos e energia”, destaca o diretor de vendas.

Segurança alimentar

Segurança alimentar em seu conceito são regras que englobam desde a produção do alimento, passando pelo transporte, o armazenamento seguindo todos os requisitos ao longo da cadeia de distribuição até que cheguem a mesa das pessoas dentro da conformidade para o consumo. Além disso, também abrange o seu acesso a todas as pessoas. Uma das ferramentas mais importantes que garante mais transparência em todo esse processo é a rastreabilidade, um item imprescindível para o controle e garantia da segurança do alimento.

De forma mais ampla a rastreabilidade tem como objetivo reduzir as vulnerabilidades da operação. De acordo com Giampaolo Buso, CEO da Paripassu, empresa referência no mercado que desenvolve soluções para a rastreabilidade, este controle dentro de cada elo e entre os elos é imprescindível para garantir um alimento que seja seguro aos consumidores. “Precisamos reduzir a informalidade e trazer todos para o jogo onde possa ter o controle e de fato visibilidade que acontece hoje nas principais redes de supermercado do nosso país e os principais canais de comercialização que são formais”, destaca.

Segundo Buso, atualmente no Brasil não há um problema de indisponibilidade de alimentos, o que temos é uma má distribuição para a população. Hoje as propriedades têm acesso à tecnologia e capacidade de entregar alimentos de alta qualidade e na quantidade suficiente para a população. “Nosso maior desafio na segurança alimentar é a capacidade de distribuição de maneira equilibrada e igualitária entre a população”, destaca.

Mais desafios

Para a nutricionista Milene Cristina Manara Bordignon, docente do Senac Mogi Guaçu/SP, a preocupação com os alimentos deve estar em todos os lugares.  “Não deve ser somente fora do lar e sim dentro das residências, em áreas empresariais, industriais, restaurantes, espaços comerciais, entre outros. Nós temos vários fatores que foram evoluindo e com a ajuda da legislação, nós temos, por exemplo, a RDC 16 CVS5 que traz essa importância, de como que é feito mesmo, essa segurança alimentar para todos”, diz.

Ainda segundo a especialista, a segurança alimentar também envolve outras questões relacionadas a saúde humana, como por exemplo, à obesidade que, independentemente da faixa etária, gera grandes riscos. Para ela, este problema deve ser encarado com doenças associadas, por isso o tema da questão da alimentação saudável, está em pauta desde uma sociedade mais jovem, até os idosos. “A necessidade de uma alimentação de qualidade é muito séria, melhorar por meio de uma oferta que tenha abundância de alimentos mais saudáveis, contra os ultraprocessados. A frase em questão é: descascar mais e desembalar menos”, finaliza Milene.

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