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O lançamento do CCAS (Conselho Científico para Agricultura Sustentável), que aconteceu ontem, 18 de outubro, em São Paulo, traduz o desejo de grandes nomes do agronegócio brasileiro de mostrar à população como é possível pautar o futuro da agricultura nacional com ações sustentáveis.
José Otávio Machado Menten, presidente do conselho, explica que o CCAS nasce para valorizar o agronegócio brasileiro, e tem como proposta servir como referência para discussões econômicas, sociais e ambientais relativas à sustentabilidade da agricultura. “O CCAS é formado atualmente por 13 conselheiros multissetoriais, com carreiras inteiras dedicadas ao Agro. Cientes da potência brasileira no setor, visamos enriquecer as discussões sobre o tema, combinando ciência, tecnologia e responsabilidade ambiental”, declara.
Idealizado pelos próprios conselheiros, a entidade, que não tem fins lucrativos, teve estatuto aprovado em abril desse ano e diretoria eleita na mesma data. Devidamente registrado junto aos órgãos competentes, o CCAS passa a interagir com o público a partir de agora, por meio da participação e organização de fóruns, palestras, entrevistas e geração de conteúdo.
Todo material produzido pela entidade e artigos assinados pelos membros do conselho estarão à disposição da população no portal
. Para sugerir temas de discussão ou interagir com os conselheiros, basta acessar a página na seção Fale Conosco ou deixar comentário no artigo escolhido.
O pontapé inicial das atividades do CCAS foi a realização de uma mesa-redonda na capital paulista, na qual foram abordados os temas Ciência, Tecnologia e Inovação; Código Florestal, Alimentação e Agroenergia
José Otávio Mentem, presidente do conselho, abriu as apresentações, falando sobre a instituição. De acordo com ele, há certa carência de referências com embasamento científico sobre assuntos relacionados ao Agro brasileiro para a população em geral, fato que motivou a criação do CCAS. “Nosso grupo se reuniu com o objetivo de disponibilizar informações acadêmicas, com rigor científico de pesquisa, de maneira mais acessível a toda a população. É importante colocarmos em discussão temas úteis a toda a sociedade”, afirmou.
Caio Carvalho, vice-presidente da ABAG (Associação Brasileira de Agronegócio), realizou apresentação sobre as relações entre agroenergia e produção de alimentos, ressaltando principalmente o choque entre demanda crescente por alimentos e escassez na oferta de energia, e a reconhecida importância da produção de biomassa, por ser fonte de energia limpa e renovável. “Nesse cenário, o Brasil se destaca como grande potencial produtor. Nossa energia é considerada sustentável, e temos espaço para crescer mais, desde que o desenvolvimento acompanhe os estudos de viabilidade econômica”, afirmou, acrescentando como indicadores de atividades “a necessidade do Brasil realizar um plano de expansão na produção de biomassa, a correção na distorção dos preços das diferentes energias, atenção às restrições ambientais e necessidade de esforços para redução de custos”.
José Luiz Tejon, também da diretoria do CCAS, falou sobre a impotância de uma comunicação adequada no agronegócio, salientando que há muita força no setor, um dos mais promissores do país e do mundo, que pode ser melhor utilizada nessa direção, de forma a estimular o consumo e produção conscientes. “É preciso que haja diálogo entre as partes de dentro e fora da porteira, e não somente dentro de cada um desses nichos”, defendeu. “Falamos aqui de um mega setor. Negócios de tamanha proporção devem posicionar-se corretamente”, finalizou.
Coriolano Xavier, membro do conselho, ressaltou o valor da educação a sustentabilidade. De acordo com ele, o marketing e a comunicação são as grandes oportunidades, uma vez que internet, meios de comunicação em massa e redes sociais podem ser utilizadas como meios para divulgação do que está sendo feito na academia.
Fechando o encontro, André Nassar e Rodrigo Lima falaram sobre a proposta de reforma do Código Florestal. Nassar ressaltou a importância de que a população realmente tenha acesso às propostas sugeridas e respectivos desdobramentos. De acordo com ele, o novo código foi criado para viabilizar a legalização dos produtores. “O código atual é muito bom no papel, mas na prática acaba potencializando a ilegalidade. Ao se propor novas formas de compensação para consolidação de áreas de proteção ambiental e reservas legais, a nova lei (com ressalvas) estimula os produtores a se adequarem, o que certamente é um ganho para o país”, afirmou Nassar.
Na proposta de reforma, por exemplo, a compensação de áreas de preservação e reservas naturais poderá ser realizada dentro do mesmo bioma, e não apenas na microbacia à qual pertença a propriedade, um dos fatores que tem gerado grande discussão. “Para que a recuperação integral seja feita na mesma área, os gastos são enormes, pois há necessidade de readequação completa da propriedade, para que não haja perda de produtividade. Na pecuária de corte, o procedimento é ainda mais honeroso. Para sustentar esse posicionamento, a saída seria o Estado se corresponsabilizar por parte dos investimentos necessários para promover a restauração. Entretanto, o Código atual já prevê a ajuda do Estado e isso não é cumprido. Como garantir que seria realizado a partir de agora?”, finalizou o especialista.
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