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É corriqueiro já nas fazendas, mas se engana aquele que ainda acha que aplicar o produto na lavoura é algo simples e que não precisa de planejamento, organização e conhecimento. Malfeita, uma pulverização pode além de ser ineficaz, representar grande prejuízo para o bolso e para o meio ambiente. Ou seja, de nada adianta fazer um plantio correto, com escolhas assertivas de cultivares, correção de solo, fertilidade e ambiente e tudo mais que envolve a atividade. Contudo, com ajustes, conhecimento e orientação é possível melhorar a performance dessa importante operação.
Um dos principais erros que são observados no campo é a dificuldade de misturar vários produtos vendidos com a mesma finalidade, mas com formulações diferentes. Conforme explica o engenheiro agrônomo e diretor comercial na Sell Agro, Alexandre Gazoni (na foto), isso pode levar a reações antagônicas entre eles, resultando na perda de eficácia.
“Além disso, alguns produtores utilizam água sem o devido tratamento, com alto teor de ferro ou de lagoa com muita matéria orgânica, o que também reduz a eficiência”, diz.
Portanto, existe uma correlação direta entre a qualidade da água e a diluição dos produtos. Outro fator crucial é a necessidade de fazer uma pré-mistura adequada para garantir uma aplicação eficaz.
“Não podemos esquecer da importância da escolha do bico, pois é ele que distribuirá toda a calda que está sendo preparada e o depositará no pulverizador, sendo essencial para o manejo na agricultura e para obter resultados satisfatórios na lavoura”, reforça o especialista.
A maneira correta de realizar uma pulverização é começar considerando a qualidade da água. Esta deve ser livre de resíduos, matéria orgânica, argila e areia. Segundo Gazoni, a partir desse ponto é importante pensar em um pré-misturador com um volume adequado, pois isso evita a saturação da calda do agroquímico durante a diluição.
“Em seguida, é necessário adicionar água e adjuvantes, produtos que tratam para melhorar a performance e a mistura. Depois, adiciona-se nessa mistura os insumos para garantir que a solução seja homogênea. Em alguns casos, a diluição pode ser realizada em etapas para evitar a saturação da mistura, o que resulta em uma aplicação de melhor qualidade”, endossa o profissional.
Para o especialista da Sell Agro, a primeira coisa que o produtor precisa saber é qual tecnologia se adequa à finalidade do adjuvante que ele necessita. “Será que ele precisa de um adjuvante para reduzir a deriva? Ou talvez um adjuvante para melhorar a emulsão? Além disso, é fundamental considerar a tecnologia de aplicação, seja ela de alta vazão, vazão reduzida ou aplicação aérea”, diz.
É importante destacar que no mercado existem adjuvantes específicos, cada um com sua função. Há aqueles de cadeia simples, como os espalhantes adesivos, siliconados que, embora espalhem bem, podem não ser ideais em condições quentes. “Tem também surfactantes mais complexos, como os blends. Estes últimos são adjuvantes multifuncionais capazes de incorporar diversas características em uma única solução, melhorando vários aspectos durante a aplicação”, pontua Gazoni.
Além do que se recomenda fazer é fundamental saber o que não fazer, já que são comuns alguns erros na hora da pulverização. De acordo com o especialista da Sell Agro, o que não deve ser realizado é algo que depende da situação, pois cada caso é único. “Um exemplo disso é a primeira questão que surge: nunca se deve usar qualquer produto sem fazer uma pré-mistura, sem antes o teste de balde ou de bancada para verificar a compatibilidade entre os produtos. É importante garantir que eles não reajam quimicamente entre si”, explica.
Outra situação que absolutamente não deve ocorrer é quando se trabalha com produtos biológicos e se adiciona um aditivo ácido. Isso, por exemplo, poderia ser considerado ao usar herbicidas. “No entanto, se adicionarmos um aditivo ácido, estaremos automaticamente prejudicando os organismos biológicos que estão presentes, e esse é um erro comum que temos observado no campo”, aponta Gazoni.
Quando se fala em perda de dinheiro e prejuízo na lavoura, não se pode considerar apenas o aspecto financeiro. Para o diretor da Sell Agro, é preciso levar em conta tanto o fator investimento quanto o desgaste de máquinas, bicos, o tempo dos operadores e o retrabalho. “Considero como uma das piores situações, é sair do planejamento da safra”, cita. Cada propriedade faz seu planejamento, e, às vezes, uma mistura inadequada ou a adição de um aditivo errado resulta em perda de eficiência.
Isso faz com que o processo precise ser repetido em um momento em que a máquina poderia estar trabalhando em outras áreas da propriedade, por exemplo. “É comum encontrarmos fazendas que apresentam perdas de eficácia de herbicidas na faixa de 30% a 40%. No caso de inseticidas e fungicidas, isso pode chegar a 60%, 70%”, acentua o profissional.
O uso de produtos biológicos tem crescido a cada nova safra, porém, ainda é preciso aumentar o nível de conhecimento e entendimento na utilização dessas ferramentas. Quando falamos de pulverização, segundo Gazoni onde encontramos as maiores perdas é com bioprodutos. Já que alguns produtores costumam se preocupar em adquirir as soluções de qualidade e aplicá-los corretamente, mas muitas vezes comprometem sua eficácia ao realizar a pré-mistura.
“Em alguns casos, podem perder até 100% do produto biológico adquirido. Ou seja, eles compram, cuidam e reconhecem a importância do uso, mas acabam cometendo erros na pré-mistura e que resultam na perda total do produto. Já nos deparamos com essa situação em várias fazendas, onde as pessoas estavam criticando os produtos biológicos. Mesmo não trabalhando diretamente com eles, compreendemos seu funcionamento e buscamos conscientizá-los sobre a importância de evitar esses erros”, finaliza o diretor.
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