Manejo correto em cana-de-açúcar pode minimizar problemas causados pela falta de chuvas
Especialistas Paulo Sentelhas, da Esalq-USP, e Gustavo Vigna, da Ourofino Agrociência, compartilham previsões e projeções para o período de seca
A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) é parceira da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/ USP) e do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em um levantamento das espécies de cigarrinhas potenciais vetoras da Xylella fastidiosa em pomares de oliveira da Serra da Mantiqueira. A bactéria, que causou grandes prejuízos a olivais no Sul da Itália, é uma preocupação entre os olivicultores brasileiros, já que vem sendo detectada na Serra da Mantiqueira e pode causar danos como secamento dos ramos e morte das plantas.
O pesquisador da EPAMIG, Pedro Moura, conta que o levantamento integra um projeto sobre as cigarrinhas nas oliveiras, aprovado pelo professor João Roberto Spotti Lopes, do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq/ USP. “O trabalho foi realizado em pomares de produtores na Serra da Mantiqueira e em três pomares do Campo Experimental da EPAMIG em Maria da Fé, com o nosso apoio em campo e aliado ao conhecimento do pesquisador do Centro de Citricultura Sylvio Moreira/IAC, Helvécio Della Coletta-Filho que já estudava a Xylella fastidiosa na cultura dos citros”.
O professor João Roberto, da Esalq, destaca que “essa parceria em pesquisa busca entender melhor como ocorre a disseminação da bactéria nas oliveiras, tanto na identificação dos vetores, como também nos impactos à planta”. E explica as etapas do projeto: “Nessa fase de levantamento dos vetores, fizemos coletas quinzenais durante quase cinco anos e identificamos quais as espécies predominantes. Em seguida, avaliamos quais estão carregando naturalmente a Xylella fastidiosa e quais têm a capacidade de transmitir essa bactéria. Com base nessas informações e também em características como abundância, épocas de ocorrência, flutuação populacional, vamos definir as espécies-chave para o manejo, na busca pelo controle da doença na oliveira”.
A coleta dos vetores ficou sob responsabilidade da bióloga Joyce Adriana Froza, que foi orientada pelo professor João Roberto, no mestrado em Entomologia. Atualmente, já no doutorado novamente sob orientação do professor João Roberto, Joyce dá sequência aos trabalhos e está finalizando um artigo contendo a listagem completa das espécies coletadas nas regiões da Serra da Mantiqueira, entre Minas Gerais e São Paulo, e na Serra do Japi (SP), e publicará também um estudo sobre o potencial vetor das cigarrinhas encontradas.
“Com base nas cigarrinhas que coletamos nos pomares de oliveira, nós realizamos durante o meu doutorado experimentos para avaliar a eficiência da transmissão de Xylella fastidiosa por cigarrinhas. Coloquei as cigarrinhas coletadas em campo para adquirirem a Xylella fastidiosa em plantas fontes e as confinei em mudas sadias de oliveira para avaliarmos se eram capazes de transmitir a doença. Em breve iremos publicar os resultados apontando quais das espécies identificadas se mostraram transmissoras”, explica Joyce. Os resultados também serão tema de uma circular técnica elaborada em conjunto pelas instituições participantes.
O pesquisador do IAC, Helvécio Coletta-Filho explica a ação da Xylella fastidiosa. “O patógeno vive dentro das plantas de oliveira, especificamente nos canais condutores de água e sais minerais das raízes para as folhas (vasos do xilema), o que justifica os sintomas de murcha e secamento”. Helvécio acrescenta que, além da transmissão por insetos vetores, a doença pode se proliferar por meio da retirada de ramos de plantas contaminadas para a obtenção de mudas. “Os sintomas demoram de dois a três anos para se manifestarem, mas, mesmo as plantas assintomáticas podem transmitir a bactéria. Por isso são necessários cuidados na escolha do material a ser plantado”.
Em meio a realização do levantamento das cigarrinhas, foram encontradas espécies não identificadas, uma delas no Campo Experimental da EPAMIG em Maria da Fé. Após comparações por meio de chaves dicotômicas, consultas à literatura, acervos disponíveis e auxilio de especialistas da área, concluiu-se que aquela era uma nova espécie de cigarrinha. “Quando nós identificamos que aquele indivíduo encontrado é uma nova espécie há todo um trabalho a se fazer, registros em imagens com critérios específicos, publicação de artigo em revista científica de grande impacto na área de taxonomia, além do depósito dos exemplares usados para a descrição em um museu de referência”, detalha Joyce Froza.
No caso da espécie encontrada em Maria da Fé, o depósito dos exemplares foi feito no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Museu de Entomologia da Esalq. Além desta, foram identificadas outras duas novas espécies nos municípios de Wenceslau Braz (MG) e de São Bento do Sapucaí (SP). Atualmente, a bióloga Joyce juntamente com o seu coorientador do doutorado, Gabriel Mejdalani, professor do Departamento de Entomologia do Museu Nacional/ UFRJ, trabalha nas descrições destas.
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