Cenários diversos na colheita do milho no RS
Estiagem causa perdas em várias regiões do estado; mesmo lavouras irrigadas sofrem
Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) têm desenvolvido pesquisas para avaliar os potenciais de crescimento e produção de frutas vermelhas em regiões quentes do estado, com o intuito de levar tecnologias e conhecimentos aos agricultores interessados em diversificarem suas produções. Tradicionalmente consideradas frutas de clima temperado, a amora-preta e a framboesa, por exemplo, necessitam de muitas horas mensais de frio, ou seja, temperaturas abaixo de 7ºC. Mas os trabalhos realizados no Campo Experimental de Maria da Fé têm mostrado que o desempenho dessas frutas é muito positivo quando cultivadas em locais quentes.
Segundo o pesquisador da EPAMIG Sul, e coordenador dos trabalhos, Emerson Gonçalves, um dos experimentos mostrou que algumas plantas resistiram bem à falta de frio e não deixaram de produzir frutos. “Conduzimos trabalhos com uma variedade de framboesa chamada Heritage, dentro de casas de vegetação, onde há ausência total de frio e as temperaturas podem chegar a 40ºC. A planta apresentou excelentes índices de desenvolvimento e observamos que, em termos de produção, ela gerou tantos frutos quanto os exemplares cultivados ao ar livre, na presença de frio”, relata Emerson.
Além da Heritage, também foram testadas as variedades de amora preta Arapaho, Tupy e Brazos. Ao longo de um ano, foram realizadas avaliações fenológicas em que foram medidos o crescimento e desenvolvimento das plantas de amora-preta e framboesa cultivadas em vasos, dentro da casa de vegetação. A partir do mês de março, a equipe de pesquisadores inicia novas avaliações para saber exatamente qual tamanho, peso e teor de açúcar dos frutos produzidos por cada planta, bem como a quantidade produzida em condições de cultivo protegido.
A última etapa da pesquisa ocorrerá na região do Norte de Minas, que enfrenta altas temperaturas o ano todo. A ideia é inserir mudas de variedades de amora-preta e framboesa no Campo Experimental da EPAMIG na região de Jaíba (MG), para averiguar se as plantas produzirão frutos em condições naturais de muito calor. “Ainda não podemos apresentar conclusões oficiais antes desses testes no Norte do estado. Mas, se nossa hipótese for confirmada, representará um enorme avanço para a fruticultura e um verdadeiro divisor de águas para a cadeia produtiva de frutas vermelhas”, comenta Emerson Gonçalves.
De acordo com o pesquisador da EPAMIG Sul, algumas frutas vermelhas podem trazer inúmeros benefícios para a saúde, por atuarem na prevenção de doenças como diabetes, arteriosclerose, infecções e até alguns tipos de câncer. “São frutas antioxidantes que possuem altas taxas de Vitamina C, auxiliam na regulação hormonal e podem ajudar a evitar várias doenças cardiovasculares”.
Outro fator importante ligado à cadeia das frutas vermelhas é o seu forte apelo comercial, pois podem ser vendidas de diversas formas: congeladas, in natura, para processamento ou para confecção de geleias, bolos e tortas. “As frutas vermelhas são produtos extremamente rentáveis e representam uma ótima opção para o pequeno produtor que está em busca de diversificar sua produção”, complementa Emerson Gonçalves.
Foi pensando nisso que Luiz Antônio Mendes iniciou sua produção de amoras Tupy e framboesas Heritage em Maria da Fé, em 2017. Sua propriedade conta com aproximadamente 20 mil pés e produz cerca de 2 a 3 mil quilos de frutos anualmente. Ele procurou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a EPAMIG para obter informações sobre o cultivo e o manejo das plantas no Sul de Minas. “Quando me aposentei, voltei para minha terra natal e decidi começar a cultivar essas frutas. A EPAMIG me ajudou muito no início e até hoje recebo visitas da equipe de pesquisadores para avaliarem o desempenho e a saúde das plantas”, conta Luiz Antônio.
Outro produtor que se aventurou no mercado de pequenas frutas é Hebert Sales, proprietário da Fazenda Tuiuva, localizada entre os municípios de Maria da Fé e Cristina (MG). Lá, ele conta com 1.200 pés do mirtilo Biloxi, que apresenta alto valor agregado no mercado brasileiro. “É uma fruta muito procurada e de difícil manejo. O que nos surpreendeu é que os pés produziram mirtilo o ano inteiro, favorecidos pelo microclima e o baixo índice de umidade da região. Ano passado, por exemplo, conseguimos colher o dobro de frutas esperadas para o período”, celebra Hebert, cuja propriedade também recebeu visita de pesquisadores da EPAMIG.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura