Embrapa tem novo Plano Diretor com objetivos e metas para os próximos 10 anos

Na pesquisa, o foco da empresa será para temas da bioeconomia, inteligência territorial, agricultura digital, mudança do clima, sustentabilidade e outros

05.11.2020 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

A Embrapa lançou na quarta-feira, 4 de novembro, seu novo Plano Diretor (VII PDE) para os próximos 10 anos, com foco na atuação da Empresa em oito áreas prioritárias da pesquisa agropecuária e três na gestão organizacional e estratégica. Na pesquisa, destacam-se temas da bioeconomia, inteligência territorial, agricultura digital, mudança do clima, sanidade agropecuária, desenvolvimento territorial com inclusão produtiva, sustentabilidade com competitividade, consumo e agregação de valor aos produtos do agronegócio. Na gestão organizacional, o foco é a modernização, com o aumento da eficiência e a racionalização dos custos da Empresa. 

“A Embrapa tem foco, tem rumo definido e visão cristalina do futuro da agricultura e da alimentação no País e no mundo. O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos, fibras e energia, exporta para mais de 160 países e alimenta centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo. Essa visão clara de futuro que temos na Embrapa pode ajudar a construir o futuro mundial da alimentação. E temos certeza que, ao longo das ultimas quase cinco décadas, a agricultura brasileira foi movida a ciência, pois a ciência esteve na base do seu desenvolvimento e ela seguirá sendo movida a ciência”, declarou o presidente da Embrapa, Celso Moretti, ao apresentar o VII PDE em coletiva de imprensa.

O novo planejamento da Empresa é composto por nove temas prioritários, 11 objetivos estratégicos, oito para a inovação e três para a melhoria de gestão e eficiência organizacional e 29 metas tangíveis quantificáveis de curto,médio e longo prazo.

“Esse conjunto de indicadores foi construído a partir de uma ampla consulta ao setor produtivo, instituições de pesquisa, agricultores, governo, e, internamente junto aos empregados da Empresa. O grande diferencial são as metas quantificáveis associadas aos objetivos estratégicos. Poucas instituições públicas e às vezes até mesmo privadas tiveram a ousadia de estabelecerem objetivos e metas tangíveis no tempo, públicas e claras, o que nos permitirá medir o seu alcance”, afirma o presidente da Embrapa. 

Como exemplo de metas associadas aos objetivos estratégicos, o presidente destaca as quatro metas estabelecidas para o alcance do objetivo voltado ao enfrentamento da mudança do clima: ampliar, até 2025, em mais 10 milhões de hectares as áreas com plantios de sistemas integrados de produção (atualmente são 16,7 milhões). Aumentar, até 2030, em 1 milhão de hectares a área de florestas plantadas com sistemas de produção no país. Disponibilizar aos produtores rurais cinco sistemas de manejo desenvolvidos pela Embrapa e para o manejo sustentável de florestas naturais. E até 2030, aumentar em 10% os benefícios econômicos de produtores que utilizam o Zoneamento de Risco Climático (Zarc) para o plantio.

“A Embrapa,  há 30 anos, trabalha com os sistemas integrados, o ILPF. Segundo dados de 2019, já são quase 17 milhões de hectares de plantio nessa modalidade. E a meta agora é promover a incorporação neste sistema de novas áreas de pastagens, sobretudo pastagens degradadas. Junto com os parceiros,  queremos levar o Brasil a ter mais 10 milhões de hectares nos próximos  cinco anos. E quando fazemos o cálculo em quanto isso impacta estamos falando de uma redução de 60 milhões de toneladas de CO2”, detalha Moretti.

Agricultura Digital

Outro exemplo de metas quantificáveis foram as estabelecidas para o objetivo “Agricultura Digital, Rastreabilidade e Logística Associada ao Sistema Produtivo Agrícola”: até 2025, a Embrapa e parceiros devem atuar no sentido de ampliar em 100% o número de usuários de aplicativos desenvolvidos pela Empresa como o Zarc Plantio Certo, o Bioinsumos, o Doutor Milho, o AppLeite, o Suplementa Certo, Roda da Produção, entre outros. 

“Até o ano de 2025, queremos dobrar o número de usuários dos aplicativos da Embrapa que podem ser acessados através das lojas virtuais da Apple e da Google”, explicou Moretti. Atualmente, o Zarc Plantio Certo possui mais de 9 mil downloads e o Roda da Produção, do Programa Balde Cheio,  mais de 25 mil, e a intenção com esta meta é dobrar o total de acessos dentro de cinco anos. 

O presidente  também falou sobre a meta de aumentar em 20 por cento o benefício econômico gerado por práticas agropecuárias e tecnologias sustentáveis capazes de reduzir os custos de produção. A meta, a ser alcançada até 2025, faz parte de um conjunto que visa o cumprimento de um objetivo maior de promover a sustentabilidade e a competitividade para o agronegócio brasileiro. 

“Desde a década de 1990, a Embrapa trabalha com bioinsumos, como a Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN), a fixação do fósforo preso no solo e disponibilizado para as plantas (BiomaPhos), descoberta recente da pesquisa agropecuária, e, até 2025, queremos contribuir para um aumento significativo do uso de bioinsumos na agricultura”, detalhou. 

Gestão e eficiência organizacional

São três os objetivos voltados para a gestão e eficiência organizacional e para eles a Empresa estabeleceu nove metas. Entre elas, o aumento, nos próximos três anos, em 40% a participação do setor produtivo nos chamados projetos de inovação aberta, nos quais empresas públicas e privadas financiam conjuntamente pesquisas voltadas para o mercado. 

Outra meta para 2023 é aumentar em 10% a arrecadação da Empresa a partir do licenciamento dos ativos tecnológicos colocados no mercado e comercializados. E, até 2030, garantir que a digitalização da Empresa seja concluída com todos os processos integrados em rede. Com isso, espera-se alcançar uma redução de 10% dos gastos reais da empresa. 

“O novo PDE é um espelho da mudança da gestão da estratégia da Empresa, que vem buscando sua adequação governamental e também um novo espaço na agricultura com um modelo de negócio mais moderno e ágil. É coerente com a estratégia, responde ao mercado e governo, por meio de objetivos e metas claras e sinaliza modernização na gestão em busca de excelência e racionalização de custos”, ressalta o presidente.

O  VII PDE considera as transformações na gestão da Embrapa iniciadas em 2017, com destaque para o Plano de Desligamento Incentivado (PDI), realizado entre os anos de 2019 e 2020, e que possibilitará, até dezembro de 2020, uma redução de 10% da folha de pagamento, uma economia de R$ 370 milhões em salários e encargos. A partir da execução de todos os desligamentos ainda previstos e da conclusão dos pagamentos das parcelas dos incentivos do PDI, há a expectativa de geração de economia da ordem de R$ 854 milhões de reais.

Outra frente considerada pelo novo planejamento é a informatização dos processos da instituição, envolvendo a sede e seus 43 centros de pesquisa. O Projeto Conecta implantou o sistema ERP, mundialmente conhecido e adotado em empresas de ponta que possibilita maior agilidade e rastreabilidade e integridade das informações. A medida contribuirá para a redução dos gastos da Empresa em 10% do orçamento, além de permitir a centralização dos processos.

Processo participativo

O VII PDE é fruto de ampla consulta externa e sinaliza os rumos da Empresa para a próxima década. Sua construção contou com 2.358 contribuições pela internet, 36 entrevistas de consulta e 101 participantes em workshops. “Existe uma demanda do governo e da sociedade para que as instituições públicas sejam mais eficientes e otimizem seus recursos. A expectativa é dar à Empresa uma gestão mais ágil, capaz de dar respostas mais ágeis e eficientes para a sociedade”, afirma o presidente.

O VII PDE foi aprovado pelo Conselho de Administração da Empresa, composto por membros dos setores público e privado, entre eles, gestores do Ministério da Agricultura, , Ministério da Economia, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, além de representantes do agronegócio brasileiro. 

Os números e as metas definidas no documento têm como base também o Balanço Social da Embrapa, documento atualizado anualmente pela Embrapa há 23 anos. E será com base nos dados coletados pelo Balanço Social que as metas serão monitoradas quanto ao seu alcance efetivo.

“ O PDE sinaliza os principais caminhos que a empresa seguirá até 2030, com metas quantificadas e comprometidas com os parceiros. Portanto, não se trata de um documento  simbólico, pra ficar arquivado, mas sim de um guia permanente para seguir e acompanhar, alinhado com a lei das estatais, e que busca dar a Embrapa agilidade e capacidade de fazer entregas constantes para a agricultura brasileira”, finaliza o presidente da Embrapa.

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