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Lançada em julho de 2020, a Bioanálise de Solo (BioAS) chega ao quarto aniversário com novidades aos interessados na tecnologia, que agrega bioindicadores às análises tradicionais de solo, antecipando problemas de saúde do solo que impactam a produtividade das lavouras. A partir de agora, o curso on-line gratuito “Saúde do Solo, Tecnologia BioAS e Sustentabilidade Agrícola” passa a contar com versões em inglês e espanhol, disponíveis na plataforma da Escola Nacional de Gestão Agropecuária (Enagro).
Destinado a produtores e extensionistas rurais, profissionais de ciências agrárias, estudantes, técnicos de cooperativas, servidores públicos e demais interessados, o curso tem carga horária de 20 horas e busca capacitar os participantes com informações relativas à BioAS, além de disponibilizar conteúdos relacionados aos sistemas e manejos agrícolas que contribuem para a saúde do solo. As inscrições para a nova turma nos três idiomas estarão abertas de 29 de julho a 4 de agosto. As vagas são ilimitadas e o período de realização será de 5 a 25 de agosto.
As novas versões do curso on-line serão oficialmente lançadas no 9º Congresso Mundial de Agricultura Conservacionista, realizado na Cidade do Cabo, África do Sul, de 22 a 25 de julho. Responsável pela liderança do projeto de pesquisa que culminou no desenvolvimento da BioAS, a pesquisadora Ieda Mendes, da Embrapa Cerrados (DF), será a única representante da Embrapa no evento. Ela vai participar, no dia 23, da sessão especial “Soil Health measurements – sense and nonsense” com a palestra “Large Scale Assessments of Soil Health in Brazil using Soil Enzymes”. “A palestra será exatamente no dia em que comemoraremos o quarto aniversário do lançamento da BioAS, o que é bem simbólico e emblemático”, comenta Mendes.
Desde o lançamento da tecnologia, a equipe do projeto já apresentou 143 palestras presenciais e on-line sobre a tecnologia e a saúde do solo.
Outra novidade que integra a celebração dos quatro anos da tecnologia é a aprovação, junto ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Rural, de um projeto de pesquisa que vai avaliar a saúde de solo nas áreas dos polos de irrigação de Goiás.
“Quatro anos atrás, não imaginávamos essa repercussão que a BioAS está tendo, com todos esses acontecimentos. Isso mostra como a tecnologia, ainda em estágio inicial, tem impactado no campo e vem atraindo, cada vez mais, o interesse da comunidade científica, dos produtores rurais, dos técnicos e dos laboratórios de análise de solo não apenas no Brasil, mas em diversos países”, comemora a pesquisadora.
No último mês de maio, por exemplo, a BioAS foi apresentada no evento de comemoração dos 100 anos da criação da União Internacional de Sociedades de Ciência do Solo, realizado em Florença, na Itália. A tecnologia também foi destaque em Dias de Campo promovidos na Embrapa Cerrados para os participantes do Meeting of Agricultural Chief Scientists (MACS 20) e os Conselheiros do Consultative Group on International Agricultural Research (CGIAR).
A BioAS consiste na inclusão de duas enzimas relacionadas ao funcionamento da maquinaria biológica do solo (beta-glicosidase, do ciclo do carbono, e arilsulfatase, do ciclo do enxofre) às análises de solo de rotina, permitindo a antecipação de problemas assintomáticos de saúde do solo antes que provoquem perdas de produtividade na lavoura. No momento, 33 laboratórios comerciais treinados pela Embrapa e credenciados na Rede BioAS estão habilitados a utilizar a tecnologia e outros 31 manifestaram interesse no edital de convite público lançado pela Empresa este ano.
Além de determinar a atividade das duas enzimas do solo, a BioAS também envolve o cálculo do Índice de Qualidade do Solo (IQS), que integra parâmetros químicos e biológicos com base em três funções – ciclagem, armazenagem e fornecimento de nutrientes.
Os laboratórios credenciados da Rede BioAS estão conectados a uma plataforma web que realiza a interpretação dos resultados das determinações da atividade enzimática nas amostras coletadas e calcula o IQS e a as funções ciclagem, armazenagem e fornecimento de nutrientes. Os dados são armazenados em uma grande base de dados que, até o final deste mês, deverá alcançar quase 40 mil amostras de diversas regiões do Brasil.
Ieda Mendes aponta que, apesar das conquistas atingidas nos primeiros quatro anos, a lista de desafios para o futuro é extensa.
Até o final deste ano, está previsto o lançamento da calibração da BioAS para as culturas de café, cana de açúcar, pastagens e eucalipto. “Embora os algoritmos desenvolvidos para as culturas anuais estejam funcionando bem para áreas com café, cana de açúcar, pastagens e eucalipto, vai ser muito importante lançar os algoritmos específicos ajustados para esses cultivos”, destaca o pesquisador Fábio Bueno dos Reis Junior, também da Embrapa Cerrados
Segundo o pesquisador Guilherme Chaer, da Embrapa Agrobiologia (RJ), os próximos passos da BioAS também envolverão os cálculos do Índice de Tendência do Carbono no Solo (ITCS). “Com base nos dados de atividade enzimática e de carbono orgânico do solo obtidos na camada de 0 a 10 cm, o ITCS permitirá identificar a tendência do carbono no solo: ganho, perda ou estabilidade, e quantificar a força dessa tendência”, ressalta.
Por fim, a disponibilização do banco de dados da BioAS para consulta pública é o grande sonho dos pesquisadores. Esforços junto a diversos órgãos estão sendo feitos para que isso possa se tornar realidade o mais breve possível. Para Mendes, o Brasil poderá ser o primeiro país a implementar uma estrutura web para abrigar uma Plataforma Nacional de Saúde dos Solos.
A plataforma permitirá o acesso ao percentual de amostras provenientes de solos saudáveis, em recuperação, adoecendo e doentes em áreas de produção nos municípios brasileiros usuários da tecnologia BioAS. Também serão apresentadas informações geoespacializadas sobre a saúde dos solos brasileiros por meio de mapas interativos.
“Ao disponibilizar publicamente o diagnóstico da saúde dos solos em nível de município, a plataforma possibilitará o desenvolvimento de políticas públicas eficazes de conservação e saúde do solo em nível municipal, estadual e nacional para garantir lavouras produtivas em solos saudáveis”, projeta a pesquisadora.
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