Embrapa lança livro sobre desafios do agro nos biomas brasileiros

“Desafios para a Agricultura nos Biomas Brasileiros” é resultado de um amplo debate de 300 especialistas do agro e será lançado no dia 30/11

27.11.2020 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

Para desenvolver a agricultura sustentável nos biomas brasileiros é necessário promover a modernização da defesa agropecuária, o incentivo à pesquisa agrícola, o aprimoramento da extensão rural, a gestão de risco e o acesso ao crédito. Essas são algumas das principais conclusões de especialistas das mais diversas áreas, entre pesquisadores em agricultura, representantes de organismos internacionais, professores de universidades, empresários, produtores e agentes de extensão que se reuniram em oficinas temáticas para identificar os desafios e as potencialidades dos seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.

A síntese desse trabalho, um projeto em parceria entre a Embrapa e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), está na publicação “Desafios para a Agricultura nos Biomas Brasileiros”, que será lançada no dia 30 de novembro, às 15h, em webinar a ser transmitido pelo canal da Embrapa no YouTube. O livro estará disponível para download gratuito no mesmo dia, à tarde.

Participam da abertura do evento Celso Moretti, presidente da Embrapa, Morgan Doyle, representante do BID e Rita Milagres, chefe da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire).

O livro chama a atenção por ser resultado de um amplo debate com cerca de 300 especialistas de todo o Brasil que participaram de seis oficinas temáticas realizadas entre março e junho de 2018.

A coordenação técnica do projeto ficou sob a responsabilidade do professor Antônio Buainain, da Universidade Estadual de São Paulo (Unicamp). Um grupo composto por pesquisadores da Sire/Embrapa, sociólogos e economistas da Unicamp, da Universidade Federal do ABC, da Universidade Federal do Paraná e especialistas do BID organizou e sintetizou os principais resultados das oficinas em um livro com 72 páginas.

“A publicação apresenta informações importantes obtidas a partir de um projeto conjunto da Embrapa com o BID. Como inicialmente o resultado do projeto se deu no formato de um relatório extenso, porém com dados importantes para dar origem a outros estudos mais específicos, optamos por divulgar os resultados principais de forma condensada neste livro. A obra discute questões críticas para o desenvolvimento da agricultura sustentável nos seis biomas brasileiros e identifica ameaças e oportunidades em cada um deles”, detalha o pesquisador da Sire, Gilmar Henz.

Na introdução, a obra aborda os avanços da agricultura brasileira e suas diversas ações para diminuir o impacto ambiental, como a adoção de novas tecnologias e alternativas de manejo ou de integração, a exemplo dos sistemas integrados que, nos últimos anos, contribuíram para gerar economias de escala e de produção das culturas.

A obra considera que a inovação e o crescimento da produtividade nos últimos 40 anos são consequências de soluções tecnológicas resultantes da pesquisa agropecuária, como o melhoramento genético, o manejo integrado de pragas, a mecanização, a expansão da fronteira agrícola e o desenvolvimento de culturas diferentes em uma mesma área. No entanto, os especialistas avaliam que a trajetória do crescimento da produção agrícola já apresenta sinais de fadiga.

“Nos próximos anos será preciso investir em estratégias para melhor aproveitamento da água, do solo e da biodiversidade para assegurar a produção de alimentos, fibras e energia em uma mesma área. Será preciso recompor os recursos naturais e trabalhar na redução dos impactos causados pela mudança do clima”, afirmam.

“Para que isso aconteça, as oficinas apontaram que é preciso considerar a integração entre as dimensões social, ambiental e econômica da agricultura, pois são fatores interdependentes”, ressalta o coordenador técnico do projeto, Antônio Buainain. 

Desafios comuns aos cinco biomas

Entre os desafios para a agricultura nos biomas brasileiros, a publicação destaca para o campo econômico a gestão de riscos, a inovação, a logística, a infraestrutura e questões relacionadas à sanidade. Em alguns locais do Cerrado, por exemplo, a carente infraestrutura logística reduz em até 30% os preços agrícolas, além de elevar, na mesma dimensão, os preços dos insumos. Além da logística, são frequentes os prejuízos decorrentes de eventos sanitários e climáticos.

“A agricultura 4.0, ainda embrionária, será realidade dominante, com múltiplas funções e papéis, desde o uso mais racional de insumos químicos e água até o combate a pragas e o controle de qualidade”, apontaram os especialistas. Por outro lado, é também reconhecido o potencial concentrador e de exclusão dessa revolução tecnológica em curso. “O desafio é lidar com a falta de capital e de conhecimento apropriado para o uso desta tecnologia e buscar políticas públicas que permitam maior adaptação local e social”, avaliam.

No campo ambiental, destacam-se a persistência do desmatamento, apesar dos esforços para combatê-lo, e novos desafios como o uso da água e dos insumos químicos, o bem-estar animal e a relação da agricultura com a própria paisagem. No campo social, a pobreza rural ainda persiste no País, uma vez que o crescimento da produtividade continua concentrado em uma pequena proporção dos agricultores.

Em relação aos recursos naturais, base da agricultura, o livro organizou os desafios em três eixos: recuperação e preservação das características básicas dos biomas, uso mais eficiente dos recursos naturais e serviços ambientais e ecossistêmicos.

Para os especialistas, no modelo de agricultura sustentável é preciso ter um olhar para as políticas públicas de forma integrada e articulada para enfrentar o chamado “gap” rural-urbano e demais desigualdades sociais. O livro indica a necessidade de capacitação e qualificação dos recursos humanos, assim como a promoção da educação e da saúde no espaço rural.

Participaram da elaboração da obra os pesquisadores Elísio Contini, Gilmar Henz, Pedro Abel Vieira e Virgínia Nogueira e a analista Roberta Grundling, da Sire/Embrapa; os professores Antônio Buainain, do Instituto de Economia da Unicamp, Arilson Favareto, do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão do Território da Universidade Federal do ABC, Júnior Ruiz Garcia, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico da Universidade Federal do Paraná, e os especialistas do BID Octávio Damiani e Flávio Teodoro Chaves.

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