Nesta quarta-feira, 4 de abril, às 15 horas, será lançada na Embrapa Sede, em Brasília (DF), a Rede ILPF, uma associação formada entre Embrapa, cooperativa Cocamar e as empresa John Deere, Soesp e Syngenta. O objetivo é estimular o uso da tecnologia de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e ajudar a garantir que o Brasil alcance 19,3 milhões de hectares com ILPF até 2020. Estima-se que, hoje, cerca de 14,6 milhões de hectares brasileiros sejam gerenciados com o uso de sistemas integrados.
A parceria público-privada marca uma nova fase de um trabalho iniciado em 2012, quando se formou a Rede de Fomento ILPF. Naquela época, com outra constituição jurídica, as empresas passaram a aportar anualmente R$ 500 mil cada uma em uma fundação para custear ações conduzidas pela Embrapa, como a instalação de 107 Unidades de Referência Tecnológica, realização de dias de campo e eventos técnicos, capacitação de profissionais, além da geração de informações sobre os sistemas integrados de produção agropecuária.
O objetivo era o de acelerar o processo de transferência de tecnologia, possibilitando uma ampla adoção da ILPF por parte de produtores em todo o país.
A transformação da Rede ILPF em uma associação visa facilitar a entrada de novas empresas parceiras, de modo a possibilitar a ampliação do escopo de ações desenvolvidas. De acordo com o presidente do Conselho Gestor da Rede ILPF e pesquisador da Embrapa, Renato Rodrigues, a expectativa é que a associação possa contar com representantes de diferentes setores como a base florestal, cadeia produtiva do leite e de tecnologia da informação, por exemplo.
No evento de lançamento da Rede ILPF os representantes das instituições participantes da associação farão a assinatura do termo de cooperação. Entre as presenças já confirmadas estarão os presidentes da Embrapa, Maurício Lopes, da John Deere no Brasil, Paulo Herrman, da Cocamar Luiz Lourenço.
Novos rumos
Nesta nova fase, a Rede ILPF continuará o trabalho de transferência de tecnologia, capacitação de assistência técnica e de comunicação que já vem sendo feito, buscando aperfeiçoá-lo. Além disso, terá foco na internacionalização, na agregação de valor por meio da certificação e na inovação.
A expectativa é que o dinheiro aportado pelas empresas participantes da Rede ILPF seja usado principalmente para manutenção da Associação, ações de comunicação e de transferência de tecnologia. Para as demais ações, o foco estará na captação de recursos de fundos internacionais.
“Temos uma meta de captar 1 bilhão de dólares para financiar projetos de pesquisa e ações relacionadas à transferência de tecnologias. Entre as prioridades estão a definição de métricas para o reconhecimento internacional da ILPF como mitigadora de emissões de gases de efeito estufa e o desenvolvimento de uma plataforma digital de ATER [assistência técnica e extensão rural]”, afirma Renato Rodrigues.
ILPF em Números
A ILPF é uma tecnologia brasileira. Ela se caracteriza como uma estratégia de produção que integra a agricultura, a criação de animais e o plantio de árvores em uma mesma área, de modo a haver interação positiva entre os componentes e gerando benefícios sociais, ambientais e econômicos.
De acordo com pesquisa encomendada pela Rede ILPF, em 2016 o Brasil possuía 11,5 milhões de hectares com algum tipo de sistema integrado. 83% dessa área são formados por sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), 9% por ILPF, 7% por sistemas de pecuária-floresta (IPF) e 1% de integração lavoura-floresta (ILF).
Com base na pesquisa de 2016, a Plataforma ABC, grupo multi-institucional formado para acompanhar a redução das emissões de gases de efeito estufa, estima que na safra 2017/18 a área com sistemas integrados chegue a 14,6 milhões de hectares. A projeção é que até 2020 a área chegue a 19,3 milhões de hectares.
Sendo uma tecnologia de baixa emissão de carbono, a ILPF é uma das apostas do governo brasileiro para cumprir os compromissos de redução de emissão de gases de efeito estufa assumidos internacionalmente.