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Os impactos das recentes geadas na agricultura brasileira foram motivo de debate ocorrido nesta quarta-feira, 01 de setembro, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento da Câmara dos Deputados. O chefe-geral da Embrapa Café, Antonio Fernando Guerra, representou o presidente da Empresa na audiência pública requerida pelos deputados Domingos Sávio e Evair de Melo.
Lavouras de milho, cana-de-açúcar, hortaliças e frutas, além da pecuária de leite foram atingidas pelas geadas, mas o café foi a cultura que sofreu maior impacto, com efeitos nas safras dos próximos dois anos. Os levantamentos futuros mostrarão se as áreas plantadas foram afetadas de maneira branda, pela chamada “geada de capote” ou se os cafezais foram queimados, comprometendo as futuras florações, como explicou o diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sergio de Zen. “O café é uma planta bianual, ou seja, nós tínhamos esse ano uma bianualidade negativa, então para a próxima safra nós esperávamos uma bianualidade positiva e, com isso, nós vamos frustrar um pouco essa previsão de produção”, observou o diretor.
O chefe-geral da Embrapa Café disse que algumas lavouras têm sofrido com altas temperaturas e secas, mas há quase 20 anos não havia registro de geadas na produção de café. Ele chamou a atenção para a importância social e econômica da cafeicultura para o Brasil e com dados do Geoportal do Café de MG, mostrou que 70% das propriedades cafeeiras atingidas pelas geadas em Minas Gerais, maior produtor de café do País, são de base familiar.
Ele apresentou a carteira de projetos de pesquisa do Consórcio Pesquisa Café, que integra 46 instituições de todo o país e é coordenado pela Embrapa Café. Cerca de 80% dos projetos, que somam 428 ações de pesquisa, busca atender a desafios de inovação do setor cafeeiro, dentre eles: melhoramento genético focado em qualidade e resistência a fatores bióticos e abióticos (25,3% dos projetos); e serviços ambientais relacionados às mudanças climáticas e sistemas de produção de café (18,9% dos projetos). Nessa última categoria encontram-se projetos relacionados à mitigação de emissão de gases efeito estufa e sistemas agroflorestais que podem vir a ser uma boa alternativa para a mitigação dos efeitos de geada em áreas mais suscetíveis a esse tipo de evento climático.
Antônio Guerra defendeu o apoio aos produtores atingidos pelas geadas o mais rápido possível, tanto com recursos financeiros quanto com o apoio de assistência técnica, principalmente para os pequenos produtores. “Está chegando o período de chuvas, quando o produtor terá que definir que tipo de intervenção ele terá que fazer na sua lavoura”, ponderou.
Ele enfatizou ainda a importância da recomposição do orçamento destinado ao Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, executado pelo Consórcio Pesquisa Café. A proposta encaminhada no PLOA 2021 contempla recursos do Funcafé no valor de apenas R$ 6,1 milhões, insuficiente para manter as ações do Consórcio. A proposta encaminhada pelo Ministério da Agricultura previa o valor de R$ 22 milhões, sendo R$ 17 milhões para Pesquisa e Desenvolvimento em Cafeicultura e R$ 5 milhões para Capacitação de Técnicos e Produtores.
Durante a audiência pública, o diretor de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, anunciou que, dos R$ 5, 9 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), R$ 1,3 bilhão já está contingenciado para apoiar os produtores rurais atingidos pelas geadas. O Banco do Brasil também destinou crédito de R$ 2 bilhões para a recuperação de cafezais e de outras lavouras prejudicadas pelas baixas temperaturas do inverno.
Também participaram da audiência pública representantes da Emater/MG; da CNA; da Fundação Procafé; e do Conselho Nacional do Café (CNC).
Clique aqui para assisstir a Audiência Pública.
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