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A Emater Goiás, em colaboração com a Embrapa Arroz e Feijão, está conduzindo uma pesquisa na Estação Experimental de Porangatu, no norte de Goiás, para avaliar o uso de bioinsumos no cultivo de arroz. Os resultados iniciais indicam que o uso de bioinsumos aumenta a tolerância da planta ao déficit hídrico e contribui para uma produção agrícola mais sustentável e segura em Goiás.
O principal objetivo da pesquisa é validar quais cultivares de arroz apresentam melhor desempenho quando tratados com inoculantes e cultivados em solos com as características específicas da região norte. De acordo com Enderson Ferreira, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, a localização de Porangatu é ideal para estudos sobre estresse hídrico devido à falta de chuvas durante a safra de inverno e à temperatura adequada para o desenvolvimento dos experimentos, já que o arroz é uma cultura sensível a temperaturas abaixo de 18 °C.
Ferreira também explica que, historicamente, o norte de Goiás já foi um importante polo de produção de arroz, especialmente quando se utilizava a prática de “amansar a terra”, que consistia em plantar arroz nas áreas recém-desmatadas do cerrado, antes da introdução de pastagens ou outras culturas.
Sérgio Paulo, diretor de pesquisa agropecuária, reforça a importância desse tipo de estudo para os agricultores familiares. Segundo ele, o arroz é um alimento fundamental na dieta dos brasileiros, e essas pesquisas visam fornecer aos pequenos agricultores as ferramentas necessárias para obter sucesso em suas lavouras. O objetivo é testar cultivares que sejam resistentes a doenças e ao estresse hídrico, com baixo uso de insumos, garantindo, assim, maior produtividade.
Na Estação Experimental de Porangatu, estão sendo avaliadas três cultivares de arroz: Douradão, uma variedade mais antiga e tolerante ao estresse hídrico; BRS Esmeralda, que é suscetível ao estresse hídrico; e BRS A502, uma cultivar moderna lançada recentemente e adequada para cultivo sob pivô central. Os pesquisadores estão utilizando um inoculante chamado MIX, composto por três tipos de bactérias que ajudam no crescimento, desenvolvimento e produtividade do arroz. Uma das bactérias produz ácido indolacético (AIA), que aumenta o tamanho, volume e ramificação das raízes, facilitando a absorção de água e nutrientes. A segunda bactéria promove a solubilização do fósforo presente no solo, tornando-o disponível para a planta. A terceira bactéria ajuda a planta a tolerar a deficiência de água.
O inoculante MIX está sendo comparado com outros dois produtos comerciais: BiomaPhós, que foi desenvolvido especificamente para solubilizar o fósforo, e Auras, que ajuda as plantas a suportarem a falta de água.
Este é o segundo experimento em conjunto entre a Emater Goiás e a Embrapa. O primeiro estudo foi realizado em Santo Antônio de Goiás, durante a safra 2023/24, e os resultados iniciais mostraram que, sob condições de estresse hídrico, a cultivar BRS A502, tratada com o inoculante MIX e apenas 50% da dose de fertilizante fosfatado, apresentou desempenho superior em relação aos outros inoculantes, como BiomaPhós e Auras.
Enderson Ferreira ressalta que os resultados são promissores e reforçam o arroz como uma cultura potencialmente rentável para os agricultores familiares do norte de Goiás, uma região geralmente considerada de solo pobre. Ele afirma, porém, que essa percepção está equivocada, e que, com um bom manejo e a aplicação de tecnologias adequadas, a região pode se tornar altamente produtiva.
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