Brasil sedia o VII Simpósio Internacional sobre Doenças do Tomateiro

Evento ocorre de 1 a 4 de outubro, em Brasília (DF)

30.09.2024 | 15:38 (UTC -3)
Gislene Alencar
Foto: divulgação
Foto: divulgação

Estudos realizados por especialistas da Embrapa Hortaliças sobre a cultura do tomateiro serão apresentados no VII Simpósio Internacional sobre Doenças do Tomateiro, que ocorre de 1 a 4 de outubro, em Brasília (DF). O evento é considerado o principal espaço científico para a troca de conhecimentos e a divulgação de pesquisas relacionadas à cultura do tomateiro para o processamento industrial e de mesa. Está disponível aqui a programação completa do evento que terá a participação de estudiosos que são referência no tema. 

O VII ISTD (sigla em inglês) conta com a presença de pesquisadores da Embrapa Hortaliças, Universidade Federal de Viçosa e do Instituto Federal de Goiás/Campus Morrinhos na comissão organizadora. O evento, que é organizado pela Sociedade Internacional de Ciências Hortícolas (ISHS) e tem o apoio da Sociedade Brasileira de Fitopatologia (SBF), deve receber cerca de 80 participantes, entre especialistas, estudantes e profissionais da área.

Para a pesquisadora Alice Nagata, que faz parte da comissão organizadora, sediar o evento representa a oportunidade de reunir no Brasil os maiores especialistas em doenças do tomateiro do mundo e oferecer um espaço para interação, intercâmbio de informações, estabelecimento de trabalhos em colaboração e muito aprendizado.

O evento contará com palestras e apresentação de trabalhos em sessões orais e no formato de pôster. Com o intuito de incentivar os estudos entre os jovens pesquisadores serão concedidos os prêmios Young Minds para cientistas juniores nas categorias: melhor apresentação oral e melhor apresentação em formato de pôster.

Mancha bacteriana: A Embrapa Hortaliças está localizada próxima a Goiás, que é o maior estado produtor de tomate para processamento industrial, responsável por 70% da produção nacional, seguido por São Paulo e Norte de Minas Gerais. São nesses estados que também estão as principais indústrias processadoras de tomate do país. Essa proximidade facilita a realização de pesquisas com a cultura do tomateiro possibilitando um maior estreitamento com toda a cadeia produtiva. É o caso dos estudos sobre a mancha bacteriana, que é uma das doenças mais frequentes nas lavouras de tomate para processamento industrial cultivados em sistema de pivô central.

Desde 1997 a doença vem sendo observada nos principais polos produtivos de tomate desse segmento. Ao longo dos últimos 20 anos, a pesquisadora da Embrapa Hortaliças, Alice Quezado, tem se dedicado ao estudo da doença, desde a identificação das espécies causadoras do problema até as formas de aparecimento e disseminação. “O trabalho envolve instituições públicas de ensino, produtores, indústrias processadoras e viveristas que têm contribuído para gerar conhecimento sobre as medidas que devem ser tomadas para barrar ou minimizar o impacto da doença”, explica Quezado, que irá ministrar a palestra  "Approaches to facing bacterial spot on processing tomatoes in Brazil" no segundo dia do evento.

Apresentações orais: Os resultados de outras três pesquisas desenvolvidas por especialistas da Embrapa Hortaliças serão apresentados nas sessões orais. “Chitosan nanocapsules can successfully protect tomato plants against tomato mosaic virus infection in a dose-dependent manner” é o tema do trabalho coordenado pela pesquisadora Alice Nagata em parceria com o analista da Embrapa Hortaliças Erich Nakasu e os especialistas Jonas Vargas e Odilio Assis. O estudo demonstrou que as nanocápsulas de quitosana /TTP induzem efetivamente a proteção em tomateiros contra a infecção pelo vírus do mosaico do tomate (ToMV), ao mesmo tempo que promovem o crescimento das plantas.

Nagata também é a responsável pelas pesquisas que resultaram no trabalho “Understanding the epidemy of Golden Mosaic Disease under high whitefly pressure on begomovirus-susceptible tomato plants cultivated for processing” que será apresentado no Simpósio. O trabalho consiste em um estudo epidemiológico realizado em três lavouras de tomateiro para processamento industrial irrigadas por pivôs centrais, em Goiás, com o objetivo de avaliar a incidência, dispersão e fontes potenciais do Tomato Severe Rugoso Vírus, o principal begomovírus do tomateiro no Brasil. O estudo ressalta a importância do manejo das populações de mosca-branca e das fontes de vírus na paisagem agrícola.

O pesquisador Valdir Lourenço Júnior é o primeiro autor do trabalho “Survival of Septoria lycopersici on seeds and tomato debris” que conta com a participação de outros pesquisadores da Embrapa Hortaliças. O estudo consiste em avaliar a sobrevivência do fungo Septoria lycopersici em sementes e restos de tomate. O fungo é o causador da mancha-de-septoria, doença que, na época das chuvas, ocorre em quase todas as regiões produtoras do Brasil e do mundo. O experimento foi conduzido em casa de vegetação e em condições de campo. Foi constatado que ele pode sobreviver até 60 dias em restos de tomate na superfície ou enterrado no solo. O estudo não apresentou evidências de que o fungo possa infectar ou sobreviver nas sementes de tomate.

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