El Niño deve atrasar a chegada da estação úmida à região Norte do Brasil

As previsões indicam que a estiagem deve persistir por todo o verão de 2023-24 na região Norte, enquanto na região Sul a previsão é de mais chuvas

16.10.2023 | 15:58 (UTC -3)
Mário de Mauro, edição Cultivar
Foto: divulgação
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Uma das maiores secas registradas nos últimos anos: esta é a realidade que a região Norte do Brasil tem enfrentado. Em avaliação, o Climatempo destaca que a tendência é que a estiagem se prolongue além do usual, atrasando para o fim de novembro e início de dezembro a chegada do período úmido e das chuvas. 

Dados indicam que esta é a segunda maior seca desde a registrada sob influência do fenômeno do aquecimento das águas do oceano Pacífico, em 2009-2010. “O El Niño que estamos vivenciando é um dos mais intensos dos últimos anos e está impactando significativamente os padrões climáticos na região Norte do Brasil. O agravante é que este fenômeno ocorre agora de forma conjugada ao aquecimento dos oceanos Atlântico Norte, e não apenas da elevação de temperaturas do Pacífico Equatorial, ao qual o El Niño está associado”, afirma Willians Bini, meteorologista da Climatempo.

Segundo Bini, no final de novembro, com a chegada das chuvas, a situação deve melhorar no Norte, mas as indicações são de que, ainda assim, a estiagem deva persistir por todo o verão de 2023/2024, enquanto na região Sul a previsão é de mais chuvas.

Estiagem afeta abastecimento e o transporte de produtos

A seca já está afetando profundamente a economia e a vida das comunidades da região Norte do País. Rios locais, como o Negro – que atingiu nesta segunda-feira (16/10), o menor nível em 120 anos –, Amazonas e Tapajós, frequentemente usados como hidrovias para o escoamento de commodities do agronegócio e produtos da Zona Franca de Manaus, estão com seus níveis de água muito baixos devido à estiagem e já provocam problemas logísticos para a navegação de grandes cargueiros e barcaças. Além disso, a estiagem também está afetando a geração hidrelétrica local e a distribuição de água. 

“O clima influencia diretamente inúmeras atividades. Com um El Niño dessa intensidade, as empresas com atividades no Norte do País devem ter mais atenção às análises meteorológicas, o que vai além das previsões de curto prazo do clima. Isto pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso para os negócios”, alerta o meteorologista.

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