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Pesquisadores da USP e da Embrapa encontraram amostras de milho semidomesticado em cavernas no Vale do Peruaçu, Minas Gerais. O achado foi publicado na revista Science Advances. Trata-se das amostras mais distantes já encontradas do centro de origem da planta, no México. A descoberta apoia a teoria de que a domesticação do milho também pode ter sido finalizada na América do Sul, e não apenas no México, como se pensava.
A pesquisa reforça os resultados publicados em 2018, que já apontavam evidências genéticas de que o milho poderia ter completado seu processo de domesticação na América do Sul. No entanto, faltava encontrar evidências arqueológicas que confirmassem essa teoria. As amostras descobertas no Vale do Peruaçu incluem espigas, palha e grãos escavados em 1994 por pesquisadores da UFMG, mas até então interpretados como milho já domesticado que não cresceu adequadamente.
A pesquisadora Flaviane Malaquias Costa, da USP, explicou que as amostras, após nova análise, mostraram características em comum com o teosinto, planta que deu origem ao milho no México há cerca de 9 mil anos. As amostras encontradas no Vale do Peruaçu têm entre 1.010 e 500 anos de idade, período que coincide com a chegada dos europeus à América.
As amostras são as mais distantes do centro de origem do milho já encontradas, a uma distância de cerca de 7.150 quilômetros do México e 2.300 quilômetros do sudoeste da Amazônia, região onde o milho chegou há cerca de 6 mil anos. Fábio de Oliveira Freitas, da Embrapa, destacou a importância das populações indígenas que selecionaram e manejaram o milho, resultando nas raças atuais.
As análises das amostras do Vale do Peruaçu revelaram semelhanças com a raça brasileira Entrelaçado, presente em Acre e Rondônia. Elizabeth Ann Veasey, da USP, lembrou que a seleção dessas populações contribuiu para o surgimento de raças de milho na América do Sul. Foram analisadas 296 amostras, incluindo espigas, palha e grãos.
Os pesquisadores utilizaram características morfológicas para diferenciar o milho domesticado do semidomesticado. Um marcador importante é o número de fileiras de grãos. Plantas primitivas, como o teosinto, apresentam menos de oito fileiras, enquanto as raças atuais podem ter entre oito e 26. As amostras do Peruaçu possuem de quatro a seis fileiras, indicando sua natureza primitiva.
A pesquisa agora entra em uma nova fase, com análises arqueogenéticas em colaboração com parceiros internacionais. Se bem-sucedidas, essas análises poderão sequenciar o genoma completo das amostras, revelando detalhes precisos sobre seu parentesco.
O achado também tem implicações geopolíticas, já que reforça a ideia de que algumas raças de milho foram domesticadas no Brasil, o que pode exigir novos esforços de conservação e direitos em tratados internacionais.
As cavernas do Vale do Peruaçu, além de abrigarem pinturas rupestres de espécies cultivadas, como o milho, também serviram como local de sepultamento, onde cestos de milho eram enterrados como oferendas. A descoberta lança nova luz sobre a história da domesticação do milho e o papel das populações indígenas na manutenção dos recursos genéticos da planta.
Artigo dos pesquisadores pode ser lido em doi.org/10.1126/sciadv.adn1466
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