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A análise e simulação baseadas em bancos de dados robustos tem permitido aos empreendedores rurais uma tomada de decisão mais assertiva. Nos projetos de agrofloresta sobram exemplos que reforçam a importância de Data Science para a construção de um novo agronegócio. Em resumo, este sistema produtivo une floresta e lavoura e tem aproximado o campo de conceitos avançados de bioeconomia e sustentabilidade.
“Na implantação de um sistema agroflorestal, as decisões que não se baseiam nos repertórios produtivo e ambiental caminham para o fracasso”, alerta Paula Costa, engenheira florestal e cofundadora da Pretaterra. Ela lembra que, para harmonizar a criação de animais, lavouras, florestas e recursos hídricos disponíveis, é preciso entender como cada um deles funciona e a região onde aquele sistema se encontra. “A lógica de todos os projetos agroflorestais é a mesma, pois nos inspiramos nos ecossistemas naturais. Contudo, não existe uma receita pronta e a análise de dados é fundamental para elaborar o design próprio mais adequado para cada sistema produtivo”, acrescenta Paula.
Ao lado do também engenheiro florestal Valter Ziantoni, Paula fundou a empresa, há cinco anos, para ser, além de consultoria, um hub de inteligência agroflorestal. Juntos, já implementaram mais de 100 projetos dentro e fora do Brasil. Ziantoni destaca a importância da sistematização e da disseminação da informação para que o agronegócio adote as práticas sustentáveis reconhecidas internacionalmente. “Em nossos treinamentos, existe muita troca de experiências e aprendizado e isso agrega valor de forma diferente de uma monocultura. Aqui, a diversidade é um caminho para a produtividade e a resiliência dos sistemas. O Brasil está se tornando uma vitrine mundial de projetos agroflorestais e estamos construindo um grande banco de dados para que mais produtores, do Brasil e de outros países, adotem este modo de produzir”, detalha.
Um dos cases da Pretaterra ajuda a ilustrar como funciona um banco de dados para a agrofloresta. Em Avaré, no interior de São Paulo, foram plantadas mudas de Khaya grandifoliola, também conhecida como mogno africano. Convivendo com pés de café e banana nanica, estas árvores podem ser colhidas em 14 anos, o que abre caminho para uma renda extra ao agricultor agroflorestal. “A lista de subprodutos em sistemas com árvores também inclui forragem, látex, fibras, óleos, resinas e frutos. Para escolher o tipo de árvore a ser plantado precisamos considerar o clima, o solo, a disponibilidade de água, dentre outros”, analisa Valter. Segundo ele, sítios e fazendas agroflorestais têm produções que podem ser, em média, 60% maiores do que usando o modelo antigo, monocultural. Os subsídios para a tomada de decisão sobre a escolha das espécies mais adequadas para o lugar, os produtos e subprodutos gerados e as projeções econômicas são facilitados enormemente por meio da ciência de dados.
Os especialistas da Pretaterra defendem que a agrofloresta traz outras vantagens competitivas para o campo, pois aproxima a propriedade das certificações mais respeitadas no cenário internacional. Isto ocorre porque uma propriedade adaptada usa os preceitos da bioeconomia circular. Entendida como a produção que usa matérias-primas naturais renováveis e de origem não-fóssil, ela orienta o reuso de materiais resultantes de outros sistemas produtivos e até então rejeitados. No exemplo da fazenda de café, as árvores plantadas na lavoura podem ser transformadas em renda extra e subprodutos como lascas e serragem podem ser aproveitados na indústria da construção civil. “Na prática, estamos em busca de harmonizar o conhecimento científico e o natural, as florestas e as pessoas, os alimentos, a produção, o trabalho e o bem-estar e, para isso, precisamos gerar e analisar dados de qualidade”, analisa Paula Costa.
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