Tribunal de Justiça da União Europeia decide caso evolvendo neonicotinoides
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A retrospectiva de como foi 2022 passa por algumas adversidades comuns à chamada indústria a céu aberto que é a agricultura. Este é o caso do fator climático, que apresentou fortes oscilações - de secas severas a intensas chuvas -, em decorrência do fenômeno La Ninã. Outras, trouxeram novos obstáculos para o produtor rural, como o cenário internacional e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia. O conflito impactou nas exportações nacionais e trouxe insegurança no fornecimento de fertilizantes.
Para entender qual o cenário que se desenha para o agronegócio em 2023, é preciso rever quais foram os últimos acontecimentos em algumas das principais culturas.
Na soja, por exemplo, a busca pelo cultivo no limpo em 2022, através da dessecação pré-plantio, foi uma das estratégias mais adotadas pelos produtores para evitar a matocompetição inicial. Neste processo de controle das plantas invasoras, monitoramentos realizados pela plataforma da agtech SIMA (Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola) apontaram que a maior incidência foi de trapoeraba (Commelina spp).
Além das daninhas, os sojicultores tiveram diversos desafios, potencializados pelo clima, como a mancha alvo (Corynespora cassiicola) e mancha parda (Septoria glycines), respectivamente. E, ainda, os insetos-praga como o percevejo-marrom (Euschistus heros), vaquinha (Diabrotica speciosa) e a lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens) foram os mais representativos no monitoramento para esta cultura.
Também de acordo com os dados da SIMA, a ramulária (Ramularia gossypii) foi a doença de algodão mais relatada nos monitoramentos de 2022, com alerta para a tendência de apresentar o mesmo comportamento na safra de 2023. Os cotonicultores reportaram para os técnicos da agtech maiores incidências de pragas como o piolho-do-algodoeiro (Aphis gossypii) e a mosca-branca (Bemisia tabaci), seguido pela presença de tripes (Caliothrips phaseoli). Além disso, os dados apontaram que nas áreas de algodão, em especial na região Centro-Oeste, o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) tem sido a planta invasora mais presente nos campos.
Já o feijão, no ano passado, apresentou o melhor preço médio dos últimos anos. De acordo com Maurício Varela, engenheiro agrônomo e Co Founder da agtech no Brasil, as informações apontam para aumento da demanda internacional pelo produto em 2023. Em adversidades, a vaquinha se destacou como uma das principais pragas do feijoeiro no Sul e Sudeste, seguida por alta incidência de tripes e mosca-branca.
A mancha alvo também foi representativa para o cultivo do feijoeiro, apenas antecedida por doenças como mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) e antracnose (Colletotrichum lindemuthianum). Nessas regiões, também foi possível observar que a buva (Conyza spp) vem tomando espaço nas lavouras, fator preocupante já que ambas apresentam casos crescentes de resistência à herbicidas.
Já nos milharais, foi a vaquinha que causou danos expressivos, atrás apenas da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e do pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis). Nos monitoramentos realizados pela SIMA, doenças como a helmintosporiose (Helminthosporium turcicum) e cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) foram as mais observadas no País. “Apesar das adversidades, a produção de milho em 2022 foi robusta e a expectativa de fechar a exportação em mais de 42 milhões de toneladas surpreende ao se comparar com as 20,6 milhões de toneladas do ano passado”, destaca Varela.
O executivo da SIMA destaca dois pontos importantes para o setor neste período, um é de que existe uma corrente por um agro mais sustentável para os próximos anos, com diversos investimentos nas áreas de ciência e tecnologia. E outro, em paralelo, a do intenso cenário de startups inseridas no agronegócio, as chamadas agtechs.
Segundo o estudo Radar Agtech, realizado pela empresa de consultoria e pesquisa Homo Ludens Research & Consulting, o número de startups do agro apresentou crescimento de 40% entre 2019 e 2021, passando de 1.124 para 1.574. “O Brasil está na vanguarda da digitalização do agronegócio e é visível o aumento dos investimentos em agtechs, startups que oferecem soluções inovadoras e tecnológicas para todas as etapas da cadeia produtiva do campo”, aponta o executivo.
Para ele, 2023 será um ano intenso para o agronegócio, que deverá enfrentar um novo governo, bem como a continuidade da guerra e desafios com a inflação. Porém, mesmo com esse cenário, todo o contexto apurado pela SIMA defende que as perspectivas são boas.
Além disso, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a expectativa é de crescimento do PIB do setor agropecuário em 2023 na ordem de 10,9%, que será puxado pela alta de 13,4% na produção vegetal (com previsão de expressivas altas esperadas pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab para as produções de soja e milho) e de 2,6% na produção animal (em função do bom desempenho na produção de bovinos e de suínos).
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