Região de Matão é exemplo de que é possível controlar o greening
A região de Matão foi a única do cinturão citrícola que apresentou queda da incidência de greening em 2021
Os tripes, insetos que medem poucos milímetros, estão entre as principais ameaças fitossanitárias em diversos cultivos, inclusive ao plantio de macadâmia no Brasil. Considerando o risco que o seu ataque pode apresentar para a sanidade das plantas e consequente formação de frutos, cientistas da Embrapa em parceria com a empresa QueenNut Macadâmia, com o apoio da Universidade Federal do Piauí, realizaram estudo para avaliar a incidência desses insetos em duas cultivares de macadâmia (IAC 4-12B e HAES 333), em folhas, flores e frutos das plantas ao longo de um ano, além de comparar o ataque a racemos (inflorescências) durante o seu florescimento, de julho a setembro.
O estudo evidenciou a maior incidência desses insetos em racemos, além de uma preferência pela cultivar IAC 4-12B em relação à HAES 333 na época do florescimento avançado.
Conforme Lara Ferrari, bolsista da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped) e estudante da Unicamp, a nogueira macadâmia é originária da Austrália, e devido a sua adaptação a climas tropicais e seu alto valor agregado, passou a chamar a atenção de agricultores brasileiros. “Ainda temos poucos estudos sobre as cultivares disponíveis para plantio e sobre o manejo de pragas nessa cultura, embora cerca de 18% da produção das nozes seja limitada pela ação de insetos pragas, segundo estudos australianos. Para esse trabalho, 10 plantas de cada cultivar foram amostradas de março de 2020 a abril de 2021, em uma área de plantio comercial localizada em Dois Córregos, SP”, explica Ferrari.
O Instituto Agronômico (IAC) teve grande importância na introdução do plantio da macadâmia, possibilitando a sua implantação na década de 80 e, posteriormente, inserindo o Brasil em uma parcela significativa da produção mundial, ocupando o oitavo lugar no ranking.
A noz da macadâmia é benéfica para a saúde, contendo diversos nutrientes, como vitamina E e ômega 3, importantes para a manutenção cerebral, o que chama a atenção para seu consumo. O interesse de produtores brasileiros deve-se tanto ao alto valor agregado da amêndoa, que em 2022 custa em média R$ 10,00/kg, quanto à fácil adaptação das plantas aos climas tropicais e solos das regiões brasileiras.
De acordo com a Associação Brasileira de Noz Macadâmia, a safra em 2019 foi estimada em sete mil toneladas, apresentando um crescimento de 20% em relação ao ano anterior, com destaque para o estado de São Paulo, sendo somente o município de Dois Córregos responsável por 35% do processamento nacional da noz. Outros estados, como o Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, também se destacam na produção.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e coordenadora da pesquisa, Jeanne Prado, é necessário realizar um monitoramento dos tripes nas plantas, para que o controle seja feito quando e se necessário, evitando que os insetos atinjam grandes populações. "Algumas espécies danificam as folhas, deixando-as com manchas ou deformadas, e outras podem atacar os racemos, prejudicando a formação de novos frutos", enfatiza a s pesquisadora.
"Como no Brasil não há estudos sobre o manejo desses insetos na cultura de macadâmia, a seleção de cultivares mais tolerantes a tripes pode ser uma estratégia a ser utilizada no manejo da praga", acredita Prado.
Conforme o engenheiro agrônomo Leonardo Moriya, plantas de macadâmia das cultivares IAC, em geral, possuem maior crescimento em altura e copas arredondadas, enquanto as plantas das cultivares HAES apresentam maior crescimento em largura e copas cônicas. "Também existem diferentes características físicas nos racemos de ambas as cultivares, destaca o agrônomo.
Assim, estudos acerca das características fisiológicas das flores e da emissão de possíveis compostos voláteis atrativos a insetos precisam ser desenvolvidos para que seja possível compreender a maior atratividade exercida pela cultivar IAC 4-12B a tripes em relação à cultivar HAES 333.
A pesquisa faz parte de estudos desenvolvidos a partir de um acordo de cooperação técnica estabelecido entre a Embrapa Meio Ambiente e a empresa QueenNut, envolvendo também outros pesquisadores e visando aos objetivos de dois planos de trabalho: “Levantamento da entomofauna associada presente e identificação de insetos-pragas exóticos ausentes com potencial de dano ao cultivo de macadâmia”, coordenado pela pesquisadora Jeanne Prado, e “Identificação de agentes causais de doenças com alta severidade observadas em macadâmia”, coordenado pelo pesquisador Bernardo Halfeld.
O estudo é de Lara Dreux Ferrari, bolsista Faped e Unicamp; Leonardo Moriya, colaborador da QueenNut Macadâmia; Élison Ferreira Lima, colaborador da Universidade Federal do Piauí (UFPI); Alfredo Barreto Luiz e Jeanne Scardini Marinho-Prado da Embrapa Meio Ambiente.
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