Cultivares de batata para a indústria

12.02.2015 | 21:59 (UTC -3)

s cultivares de batata BRS IPR-Bel e BRS Ana destacam-se pela adaptação às diversas regiões do país; elevado rendimento para processamento, tanto na forma de chips como de batata palha; alto potencial produtivo e rendimento de tubérculos comerciais com características de qualidade para a industrialização.

A BRS IPR-Bel, desenvolvida em parceria entre a Embrapa e o Instituto Agronômico do Paraná (IPR), é indicada para uso no processamento industrial nas formas de chips e de batata palha, podendo eventualmente ser utilizada para consumo fresco, desde que sejam tomados os cuidados para prevenir o esverdeamento dos tubérculos.

É uma cultivar que apresenta plantas medianamente vigorosas, com hábito de crescimento semiereto e porte médio, possui tubérculos de formato oval, olhos medianamente rasos; película amarela e lisa, com suscetibilidade ao esverdeamento e polpa creme. É moderadamente suscetível a requeima (Phytophthora infestans) e moderadamente resistente à pinta-preta (Alternaria solani). Destaca-se pelo alto teor de matéria seca e pelo grande número de hastes e tubérculos por planta.

BRS Ana, desenvolvida pela Embrapa, é uma cultivar adequada para fritura à francesa (palitos), com potencial de processamento na forma de palitos pré-fritos congelados, palha e de flocos. Suas características de maior destaque são a aparência, o rendimento de tubérculos, peso específico e qualidade de fritura. Os tubérculos têm película vermelha, levemente áspera, polpa branca, formato oval e olhos rasos. Seu potencial produtivo é alto.

No ecossistema subtropical, apresenta maior produtividade que as cultivares mais plantadas no país, quando cultivada no outono ou primavera. Apresenta menor exigência em fertilizantes que as principais cultivares importadas e também mostra moderada tolerância à seca.

A BRS Ana possui boa resistência à pinta preta, apresentando baixa degenerescência de sementes por viroses, conferida pela resistência ao vírus Y da batata e baixa incidência ao vírus do enrolamento da folha da batata. Apresenta ciclo tardio de 110-120 dias

A opinião de especialistas da pesquisa, produtores e indústria

Antonio Bortoletto, analista da Embrapa Produtos e Mercado, unidade responsável pela comercialização e inserção de tecnologias produtos e serviços da Embrapa no mercado, explica que, devido à adaptação das variedades nas diferentes regiões de cultivo de batata no país, será possível a sua utilização e adoção tanto por pequenas, médias ou grandes indústrias.

Como parte do processo de promoção das cultivares, foram enviados cerca de 2.200 kg de tubérculos comerciais de Canoinhas, SC, para testes de fritura na linha de produção da Yoki, indústria parceira. Segundo profissionais das cooperativas e da indústria, o resultado do teste foi um sucesso.

"Com estas variedades, estamos dando um passo à frente para obtermos estabilidade na bataticultura”, disse Tsutomu Massuda, presidente da Cooperativa Unicastro, parceira na pesquisa destas cultivares de batata, durante o Dia de Campo no ano passado (2014), feito para demonstrar as aptidões das novas cultivares.

É fato, disse Massuda na época, que a agricultura é uma atividade de alto risco e sujeita a diversos fatores como clima, aumento dos preços, de insumos, política cambial e econômica, marcos regulatórios trabalhistas e ambientais. No caso da batata existe ainda a forte dependência na importação de sementes, por isso, é imprescindível o trabalho que vem sendo feito pelos órgãos de pesquisa como Embrapa e Iapar em parceria com o produtor e a indústria para atender melhor o nosso consumidor, concluiu o presidente da Cooperativa.

Após três anos de parceria com a pesquisa, instalando campos de teste nos produtores da Unicastro, o desempenho das cultivares no campo e no processamento industrial tiveram resultados surpreendentes tanto no aspecto industrial, como nos aspectos agronômicos, com uma boa avaliação nos dados de aparência, cor, sabor e textura.

O presidente da Unicastro foi enfático ao afirmar: “Acredito que estão nascendo duas novas opções para a cadeia da bataticultura, as cultivares BRS IPR- Bel e BRS Ana”.

Na avaliação dos técnicos da Cooperativa, as cultivares merecem destaque pela superioridade agronômica e qualidade industrial que agregam produtividade e resultados satisfatórios ao sistema, o que sinaliza o potencial de adaptação às condições climáticas da região produtora e a possibilidade de se tornarem comercialmente competitivas.

Ainda no Dia de Campo do ano passado, Luís Henrique de Carvalho, agrônomo da General Mills &Yoki, indústria de processamento de alimentos, também conheceu o manejo da variedade nacional e disse:

"Vimos o nível de resistência a pragas, a doenças, a seca e também a produtividade e formato de tubérculos, observamos que a variedade analisada tem potencial inicial para boas práticas tanto no campo como no processamento, além de serem adaptadas ao nosso clima. Elas têm potencial para alavancar o nível de fritura e a produtividade dos batatais por esse Brasil afora”.

No momento posso confirmar que os testes realizados na nossa indústria foram muito bons e que depositamos uma esperança grande na variedade BRS IPR-Bel e também na BRS Ana, concluiu o representante da Yoki.

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