RS Safra 2025: condições climáticas favorecem a canola
A colheita alcançou 6% da área semeada, conforme o informativo divulgado pela Emater/RS
O Ministério da Saúde montou uma sala de situação para acompanhar os desdobramentos da chamada “crise do metanol”. O ministro Alexandre Padilha anunciou medidas emergenciais, como a importação do antídoto fomepizol, diante do aumento de casos de intoxicação por bebidas alcoólicas falsificadas. Mais de duzentos casos suspeitos já foram notificados no país, com duas mortes confirmadas e outras sob investigação.
O alerta começou em São Paulo, mas as apurações já alcançam outros estados. A Polícia Federal conduz a investigação e informou que amostras dos produtos serão submetidas à análise técnica do Ministério da Agricultura (Mapa) e de laboratórios especializados. O objetivo é rastrear a origem dos insumos químicos, verificar possíveis irregularidades e identificar os responsáveis pela adulteração.
O álcool metílico tem sido utilizado por falsificadores como substituto do etanol devido ao custo mais baixo. A prática criminosa não se restringe às bebidas: o mesmo tipo de adulteração já foi identificado em combustíveis, segundo investigação recente da Polícia Federal.
Embora ambos sejam classificados como “álcoois”, o etanol e o metanol apresentam diferenças fundamentais. O etanol é um produto renovável, obtido pela fermentação de açúcares — principalmente da cana-de-açúcar no Brasil, mas também do milho e da beterraba. Já o metanol é tradicionalmente derivado de combustíveis fósseis, como gás natural ou carvão.
Quando ingerido, o metanol é metabolizado no fígado em formaldeído e ácido fórmico — substâncias altamente tóxicas que podem causar cegueira, danos neurológicos irreversíveis e até a morte. O etanol, por sua vez, é seguro para consumo humano dentro de limites moderados e é amplamente utilizado na indústria de alimentos, cosméticos e combustíveis.
Sendo o Brasil o maior produtor mundial de etanol a partir da cana-de-açúcar, o setor sucroenergético desempenha papel estratégico na rastreabilidade e na garantia de procedência dos produtos legítimos. O etanol brasileiro é um dos biocombustíveis mais sustentáveis do mundo, com balanço de carbono quase neutro e ampla capacidade de substituição de fontes fósseis.
Além disso, já existem alternativas sustentáveis também para o metanol, como o metanol verde, produzido pela gaseificação de biomassa — incluindo resíduos agrícolas, florestais e dejetos animais — ou a partir de hidrogênio obtido com energia renovável e dióxido de carbono capturado.
A adulteração de bebidas alcoólicas é um problema antigo que vem se agravando. Em abril, uma pesquisa da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) revelou que até 36% das bebidas vendidas e consumidas no Brasil apresentam algum tipo de fraude — entre falsificadas, adulteradas ou contrabandeadas. Segundo o levantamento, vinhos e destilados são os mais afetados, e uma em cada cinco garrafas de vodca comercializadas no país é falsificada.
Para a Fhoresp, é urgente que o poder público promova uma ação articulada para desmantelar os esquemas criminosos. A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) também aponta falhas no controle da produção e distribuição de bebidas, associando o aumento das ocorrências à desativação do Sicobe — sistema de controle de produção da Receita Federal e da Casa da Moeda.
Tanto a Fhoresp quanto a ABCF defendem que o Mapa reforce a fiscalização sobre a produção e comercialização de bebidas destiladas no país. Já as bebidas importadas seguem sob controle da Receita Federal e também precisam ter registro no Ministério.
A atuação conjunta entre órgãos públicos e o setor agrícola é vista como fundamental para elucidar as causas da crise e fortalecer os mecanismos de controle e transparência. Com rastreabilidade, certificação e inovação tecnológica, o agronegócio se consolida como parte essencial da solução — e não do problema — nesse cenário que combina riscos à saúde, impactos econômicos e desafios de fiscalização.
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