Equatorianos visitam Fazendinha Agroecológica durante workshop sobre controle biológico
Técnicos da Cooperativa Agrária Agroindustrial e da Fundação Agrária de Pesquisa Agrícola, de Entre Rios, Guarapuava, PR, visitaram, no dia 06/10, o trabalho de agricultura conservacionista na Fazenda Sementes Falcão, em Sarandi, RS. Cerca de 25 técnicos avaliaram o sistema de terraceamento das lavouras para conter enxurradas e otimizar o uso de insumos.
A Agrária é uma cooperativa agroindustrial que conta com 550 agricultores cooperados e 1.200 funcionários. Em cerca de 120 mil hectares, produz soja, milho, trigo e cevada cervejeira, e possui quatro agroindústrias: Moinho de Trigo; Maltaria Agromalte; Fábrica de Rações; e Indústria de Óleo e Farelo de Soja. Está em construção uma quinta agroindústria para processamento de milho.
A visita técnica, acompanhada por pesquisadores da Embrapa Trigo, teve por objetivo conhecer o sistema de terraços implantado na Fazenda Sementes Falcão, com base na técnica denominada de “Terraços for Windows”, buscando informações para a adoção desta nova forma de dimensionar e projetar terraços nas lavouras de seus cooperados. As condições de solo e de topografia e o comportamento do clima, com chuvas intensas e em elevada quantidade, estão exigindo a estruturação das lavouras com práticas mecânicas para deter as perdas de solo e água por erosão, impossíveis de ser controladas, apenas com a adoção do sistema plantio direto.
A tecnologia “Terraços for Windows” foi desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa e validada na fazenda Sementes Falcão através de parceria formada entre Sementes Falcão, Embrapa Trigo e Emater/RS. De acordo com o pesquisador José Eloir Denardin, esta tecnologia se caracteriza por gerar espaçamentos entre terraços quatro vezes maiores do que o método tradicionalmente empregado, fato que facilita o desempenho operacional das máquinas agrícolas.
O maior e mais importante resultado obtido com a adoção desta técnica foi demonstrado aos visitantes pelos proprietários da Fazenda Sementes Falcão e pelos pesquisadores da Embrapa Trigo, enfatizando a gestão e a melhoria da fertilidade do solo, com a economia de corretivos e fertilizantes, decorrente do estancamento das enxurradas e da erosão, que transportam para fora da lavoura e para os mananciais hídricos, calcário, adubo, e matéria orgânica e outros insumos agrícolas.
Histórico
As perdas por erosão na fazenda da família Falcão traziam prejuízos na produção de grãos em Sarandi, RS. Com a adoção do plantio direto na década de 1980, toda a propriedade foi sistematizada para uniformidade de cobertura do solo. Os terraços tradicionais, de base larga em desnível, requeriam canais escoadouros, que se transformavam em voçorocas e roubavam considerável área propícia ao cultivo. Em busca de solução, o engenheiro agrônomo Humberto Falcão, proprietário da Fazenda Sementes Falcão, aceitou a formação de parceria com a Embrapa Trigo e a Emater/RS para testar um novo método para calcular o espaçamento e o tamanho de terraços a serem estabelecidos em nível. Este trabalho foi consolidado em 1997, resultando na construção de 40 km de terraços. “Os terraços foram projetados para suportar 130 mm de chuva em 24 horas, volume que pode acontecer nos anos mais chuvosos aqui na região”, conta Humberto Falcão.
No longo prazo, o planejamento dos 570 hectares de lavouras apresentou resultados surpreendentes: em cinco anos, a economia de fertilizantes ultrapassou a R$ 1 milhão, sem considerar a economia de mão-de-obra e de combustível; foram cinco safras de soja e três safras de com cereais de inverno sem qualquer investimento em adubação e 11 anos sem calagem; a média de rendimentos nas últimas safras foi de 80 sacos/hectare de trigo e 63 sacos/hectare de soja. “Estamos sempre fazendo adaptações nas máquinas e nas próprias técnicas de agricultura de precisão, como diferentes profundidades da amostragem do solo, já que não seguimos mais a tabela oficial de adubação”, explica a engenheira agrônoma Fernanda Falcão, concluindo que “não nos interessa bater recordes de produtividade, mas garantir a máxima rentabilidade. Isso não se consegue de um ano para outro, mas no planejamento a longo prazo”.
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