​Congresso em Bento Gonçalves (RS) aborda produção de milho e sorgo

“Os desafios para produção de milho e sorgo” foi o tema de um dos painéis realizados na tarde de segunda-feira (26/09)

27.09.2016 | 20:59 (UTC -3)
Carina Venzo Cavalheiro

“Os desafios para produção de milho e sorgo” foi o tema de um dos painéis realizados na tarde de segunda-feira (26/09), durante o 31º Congresso Nacional de Milho e Sorgo, que acontece em Bento Gonçalves. A “influência das mudanças climáticas no rendimento das culturas”, “Características fisiológicas das plantas de milho e sorgo e suas interações com o ambiente” e “Milho: impactos e perspectivas da inversão safra-safrinha” foram apresentados, respectivamente, pelo engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Homero Bergamaschi, pelo professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Luís Sangoi, e pelo consultor em agronegócios, Daniel Glatz.

Bergamaschi expôs sobre o aumento do efeito estufa, “que tem sido significativo”. O efeito é causado pela concentração de Dióxido de Carbono (CO2) na atmosfera e oriundo, entre outras causas, da queima de combustíveis fósseis, desmatamento, uso do solo e queimadas. Um dos resultados é o aumento consistente das temperaturas noturnas. Sentidas principalmente no verão, as temperaturas noturnas mais elevadas iimpacta na maior precocidade das culturas, provocando o deslocamento de calendário de cultivo e ciclos, a migração de espécies e cultivares para latitudes mais altas e modificando a biodiversidade com o desaparecimento de espécies, entre outros impactos. “O aumento das temperaturas noturnas afeta as culturas de primavera e verão, fazendo com que as plantas consumam mais energia durante a noite e que elas tenham um processo de respiração celular, com gastos energéticos maiores, o que resulta em perda de produtividade”, esclarece.

Segundo o engenheiro agrônomo Bergamaschi, as temperaturas diurnas não possuem tendência tão consistente de aumento, tendo maior influência em períodos de estiagem, quando combinado o déficit hídrico com ondas de calor, períodos sem chuva e com alta radiação solar. “Essa combinação pode ter um impacto muito grande se ocorrer no período crítico da cultura que, no caso do milho, vai do pendoamento até uns 20 dias depois. Nesse período, a cultura define o rendimento final de grãos”, explica.

Para alertar os agricultores sobre as tendências climatológicas, a cada trimestre é realizada a reunião do Conselho Permanente de Agrometeorologia, que envolve universidades, técnicos da Emater/RS-Ascar e pesquisadores da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), entre outras. Nessas reuniões são elaboradas orientações, o diagnostico do último trimestre e o prognóstico do próximo trimestre, feito por um grupo de meteorologistas que, juntamente com técnicos da área agronômica, elaboram as orientações que têm a função de fazer com que o agricultor adote procedimento e tecnologias para reduzir riscos como, por exemplo, a observação do calendário, escalonamento de épocas e genótipos e o zoneamento. “Essas orientações, quando combinadas, alertam para o risco climático, seja por estiagem ou por temperatura extrema ou a possibilidade de geadas. Esses boletins técnicos são repassados aos extensionistas da Emater, universidades e pesquisadores, para auxiliar no trabalho junto aos agricultores”. O boletim fica disponível em sites como os da Emater/RS-Ascar e da Fepagro, entre outras instituições.

FISIOLOGIA
Na segunda palestra foram apresentadas as características fisiológicas do milho e do sorgo. Sangoi explicou sobre a adaptação das plantas em ambientes de estresse hídrico, temperatura e qualidade do grão, entre outros. “O sorgo possui maior tolerância a períodos de falta de água, por ter mais raízes e raízes mais profundas. Assim, o milho possui melhor qualidade no grão”, explicou o professor, que apresentou ainda as principais semelhanças e diferenças entre as culturas.

Finalizando as palestras do painel, o consultor em agronegócios Daniel Glat explanou sobre a inversão da safra e da safrinha do milho. Segundo Glat, a realização de duas safras do grão é viável no Brasil, possibilitando duas entradas de renda para os agricultores durante o ano. “A safrinha tem ganhado espaço devido a variedades de soja mais precoces, que permitem o plantio do milho safrinha mais cedo, gerando maior produtividade”, expôs o consultor.

O Congresso Nacional do Milho e Sorgo prossegue nesta terça-feira, com palestras sobre Economia mundial e seu impacto no agronegócio de milho e sorgo, Políticas de mercado do milho e sorgo no Brasil, e sobre Conservar para produzir melhor. À tarde, tem reunião da Câmara Setorial Nacional de Milho e Sorgo e painéis.

O 31º Congresso Nacional de Milho e Sorgo acontece em Bento Gonçalves de 25 a 29 de setembro, com o tema central Inovações, Mercados e Segurança Alimentar. O evento é realizado no Dall´Onder Grande Hotel e reúne centenas de pessoas, entre pesquisadores, técnicos e estudantes.




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