La Niña deve impactar os preços das commodities
Fenômeno influencia desde a produtividade de grãos na América do Sul até a logística do óleo de palma no Sudeste Asiático
As exportações do agronegócio brasileiro atingiram novo recorde para o mês de outubro, somando US$ 15,49 bilhões, segundo levantamento do Radar Agro, divulgado hoje (14/11) pela Consultoria Agro do Itaú BBA com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor representa alta de 3,6% frente a setembro e de 8,6% em relação ao mesmo período de 2024, impulsionado principalmente pelo desempenho do complexo soja e da carne bovina in natura.
Outubro marcou o maior volume mensal de soja já exportado pelo Brasil: 6,7 milhões de toneladas, aumento de 43% na comparação anual. De janeiro a outubro, os embarques já superam todo o volume exportado em 2024, alcançando 2,2 milhões de toneladas, apesar da queda de 18% nos preços médios (US$ 329,9/t).
As exportações de óleo de soja, por outro lado, recuaram 14% em relação a outubro do ano passado, totalizando 89 mil toneladas.
No setor sucroenergético, o movimento foi de retração. As exportações de etanol caíram 51%, somando 103 mil m³, enquanto o açúcar refinado registrou queda de 16%, com 596,2 mil toneladas embarcadas.
O milho manteve sua trajetória de crescimento e fechou o mês com 6,5 milhões de toneladas, aumento de 1,5% frente a outubro de 2024, com preço médio de US$ 206,8/t.
O Radar Agro também destacou os efeitos das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos, que seguem pressionando o desempenho do setor. As exportações totais do Brasil para o mercado norte-americano somaram US$ 2,2 bilhões em outubro, queda de 38% em relação a 2024.
Do total exportado, apenas 31% corresponde ao agronegócio — cerca de US$ 672 milhões. As vendas do setor registraram queda de 34% na receita na comparação anual. Em relação a setembro, houve leve recuperação, impulsionada principalmente por suco de laranja, café, carne bovina e madeira.
Entre os produtos afetados pelas tarifas, apenas as mangas registraram aumento no volume exportado. Suco de laranja e celulose permaneceram isentos da tarifa de 40%.
Parte dos produtos atingidos pelas tarifas — como carne bovina e café — foi redirecionada para outros mercados. Ainda assim, o Itaú BBA ressalta que os Estados Unidos seguem como destino estratégico para o agronegócio brasileiro, tanto pela capacidade de consumo quanto pela dificuldade de realocar alguns itens.
Segundo o relatório, houve sinalizações recentes do governo americano indicando que novos alívios tarifários podem ser anunciados nos próximos dias, contemplando itens como café, banana e outras frutas. No entanto, não há confirmação de que tais medidas incluam o Brasil.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura