Valtra lança versão para sementes e fertilizantes da plantadora Momentum
Projetada e fabricada no Brasil, nova versão conta com caixa de fertilizantes e está disponível no mercado com opções de 24 e 30 linhas de plantio
Em 2019, na época de implantação da cultura de trigo, havia questionamentos se seria um ano favorável à ocorrência de afídeos e de vírus transmitidos. Em um cenário de temperaturas acima da média em abril, maio e junho, suspeitava-se de maiores probabilidades de que nesta safra ocorressem problemas associados com pulgões em trigo e uma das perguntas era como manejá-los.
A temperatura é um dos principais fatores que regulam o desenvolvimento e reprodução dos insetos. Quanto mais próximo de temperaturas entre 18°C e 25°C, maiores são as taxas de desenvolvimento e de reprodução de afídeos (pulgões) de cereais de inverno. Por outro lado, chuva é prejudicial aos insetos. O mês de abril apresentava precipitações próximas à média histórica, no entanto, maio foi marcado por volume acima da média. Assim, até aquele momento temperatura e precipitação estavam se contrapondo. Até abril, as populações de pulgões eram moderadas, mas em maio ocorreu redução significativa.
Historicamente, devido ao declínio de temperatura do outono para o inverno (meses de junho e julho) a população de afídeos se reduz. Para a região do Planalto Médio um ponto crítico para determinar a importância das epidemias de nanismo-amarelo na safra de trigo é o momento e a intensidade do pico de afídeos ainda durante o inverno. Quanto mais cedo e quanto maior forem as populações, maior a incidência da virose e maiores os danos associados ao nanismo-amarelo. Assim, após os primeiros 20 a 30 dias da emergência do trigo é fundamental o monitoramento e aplicação de inseticidas caso seja atingido o nível de 10% de plantas com pulgões.
Em 2019 a retomada no crescimento das populações ocorreu mais cedo que o registrado na última década. Além disso, o crescimento populacional foi intenso atingindo o maior pico não-outonal da última década. Os motivos para esse intenso crescimento são discutíveis. O inverno mais seco pode ter contribuído. Junho, julho, agosto e setembro foram marcados por precipitações bem abaixo da média normal histórica (apenas 261,7 mm acumulados neste período esse ano, contra 680,9 mm da normal histórica). Além disso, as mais baixas populações de inimigos naturais (sobretudo de parasitoides) pode ter sido incapaz de conter o rápido crescimento das populações de afídeos em um ambiente favorável.
Associado a esse crescimento populacional verificou-se uma elevada incidência de nanismo-amarelo. Em parcelas sem inseticidas a incidência média chegou a 28% de plantas com sintomas (variando de acordo com a suscetibilidade do material genético). A estratégia de manejo mais eficiente, que mais se aproximou do tratamento com aplicação semanal de inseticidas, combinou a aplicação em parte aérea e o tratamento de sementes (incidência média de 5%), seguido de aplicação apenas em parte aérea (8%) e tratamento de sementes (18%). Em 2019, nessa região, o tratamento de sementes (TS) contribuiu para o manejo, com redução média de 10% de incidência da virose, mas não foi suficiente, pois o crescimento das populações ocorreu fortemente em agosto, quando a ação do TS já estava reduzida.
Os danos associados a virose são variados e dependem da genética. O sintoma normalmente visualizado pelos produtores e técnicos é o amarelecimento das folhas no sentido ápice para a base. Mas a virose tem seus efeitos muito antes de ser visualizada por esse amarelecimento. Ao ser introduzido no sistema vascular da planta durante o ato alimentar dos afídeos, o vírus promove a degeneração das células do floema. Um dos primeiros sintomas é a redução do crescimento das raízes devido à dificuldade de translocação de fotoassimilados para esse órgão. Com as raízes menos desenvolvidas todo o crescimento da planta e capacidade de resistir a estresses bióticos e abióticos é comprometida. As plantas têm redução de crescimento de toda a massa da parte aérea. No espigamento, são evidentes a diminuição no tamanho das espigas e também esterilidade basal e apical que muitas vezes podem lembrar outros tipos de injúrias. Um sintoma de final de ciclo associado a infecção é o escurecimento das espigas, fenômeno conhecido como “espiga chocolate”. A espiga chocolate foi muito comum no Planalto Médio em 2019 e, geralmente, técnicos e produtores confundem o diagnóstico desse fenômeno. A severidade dos sintomas é variável de acordo com o material. A infecção viral em início de ciclo compromete, em média, de 40% a 50% do potencial produtivo das plantas de trigo infectadas. Em parcelas de campo, a média de rendimentos em 2019 para o manejo adequado do nanismo-amarelo (tratamento de sementes + aplicação em parte área quando atingido 10% de plantas com pulgões) rendeu 71 sacas por hectare. Em contraposição, na testemunha sem inseticidas o rendimento foi de 48 sacas/hectare.
A Rede de Monitoramento de Pragas em Cereais de Inverno é uma ação coordenada pela Embrapa Trigo, criada em 2015 junto com parceiros nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso. O objetivo é monitorar, por meio de armadilhas e experimentos de campo, populações de insetos pragas, relacionando os níveis populacionais ao dano econômico causado para estabelecer sistemas de alerta para a tomada de decisão do manejo da lavoura. O alvo do trabalho é o monitoramento de afídeos, insetos conhecidos popularmente como pulgões, que podem causar danos diretos e indiretos ao trigo. Quando se alimentam das plantas, os afídeos transmitem o Barley yellow dwar virus, vírus que causa o nanismo-amarelo em vários cereais de inverno. Em média, plantas de trigo infectadas pelo vírus no início de seu desenvolvimento podem ter o rendimento de grãos comprometido entre 40% e 50%. Como o nome indica, a planta infectada sofre nanismo, redução do crescimento, tem o sistema vascular degenerado e amarelecimento das folhas, o que prejudica a fotossíntese e a produção de grãos. O controle biológico e o controle químico dos afídeos e a resistência genética (ao vetor e ao vírus) são estratégias de manejo dessa virose.
A necessidade de desenvolver uma ferramenta para registrar todas as informações coletadas na rede experimental aproximou os pesquisadores da área de Tecnologia da Informação (TI) dos pesquisadores da área agronômica e biológica (entomologistas e virologistas). Assim, no âmbito do projeto Plataforma integrada para monitoramento, simulação e tomada de decisão no manejo de epidemias causadas por vírus transmitidos por insetos foram desenvolvidos três softwares para apoio tanto na criação da base de dados quanto no suporte à tomada de decisão de controle de pragas nas lavouras.
TrapSystem: plataforma que armazena, organiza e permite visualizar os dados de monitoramento de insetos. Desenvolvido em parceria com o IFSul Passo Fundo.
Endereço: http://gpca.passofundo.ifsul.e...
AphidCV: software que automatiza a contagem, classificação e morfometria de afídeos. Desenvolvido em parceria com a Universidade de Passo Fundo. https://www.upf.br/noticia/pes...
ABISM: modelo se simulação de populações de insetos. Desenvolvido em parceria com IFSul Passo Fundo e Universidade de Passo Fundo. http://200.132.58.15:6538/ABIS...
Douglas Lau,
José Maurício Cunha Fernandes e
Alberto Luiz Marsaro Júnior,
Embrapa Trigo
Alexandre Tagliari Lazzaretti,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense
Paulo Roberto Valle da Silva Pereira,
Embrapa Florestas
Roberto Wiest,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense
Rafael Rieder,
Universidade de Passo Fundo
Marcus Vinicius Sampaio,
Universidade Federal de Uberlândia
Alfred Stoetzer e
Marielli Ruzick,
Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária
Cinei Teresinha Riffel,
Sociedade Educacional Três de Maio
Elderson Ruthes e
William Iordi do Anjos,
Fundação ABC
Janine Palma,
Cooperativa Central Gaúcha
Ayres de Oliveira Menezes Júnior,
Universidade Estadual de Londrina
Luiza Rodrigues Redaelli e
Simone Mundstock,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Carlos Diego Ribeiro Dos Santos,
UFRGS
Juliana Pivato,
PIBIC/CNPq - Embrapa Trigo
Monique D’Agostini e
José Roberto Salvadori,
Universidade de Passo Fundo
Patrícia Sobral Silva,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso
Paulo Eduardo Branco Paiva,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecn. do Triângulo Mineiro
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura