Clima brasileiro abala o mercado de café novamente; entenda

Fato pode ser atribuído ao retorno das previsões de precipitação na primeira semana de outubro no Brasil, após duas semanas sem chuva no radar

27.09.2023 | 14:30 (UTC -3)
Natália Gandolphi, analista de Café hEDGEpoint Global Markets
Natália Gandolphi, analista de Café hEDGEpoint Global Markets
Natália Gandolphi, analista de Café hEDGEpoint Global Markets

Na última semana, os preços do café não conseguiram romper a marca de resistência de 160 c/libra no segundo contrato. A maior parte desse efeito pode ser atribuída ao retorno das previsões de precipitação na primeira semana de outubro no Brasil, após duas semanas sem chuva no radar.

Ainda assim, é importante analisar os fatores subjacentes por trás do otimismo recuperado. Na semana passada, foram registrados níveis de chuva próximos de zero e temperaturas até 6°C acima do normal para o período - o que poderia ameaçar o desenvolvimento das floradas e dos chumbinhos para a safra 24/25.

Apesar do padrão climático preocupante, dados recentes mostram que as áreas de cultivo não foram tão afetadas quanto em 2021 ou 2022. O Gráfico #1 mostra o Índice NDVI no Cerrado, e o Gráfico #2 mostra a mesma métrica para o Sul de Minas. O índice que mede a saúde das plantações de acordo com a capacidade de absorção de luz solar sugere que as condições realmente melhoraram na terceira semana de setembro.

Consequentemente, a ameaça climática diminuiu e os preços responderam de acordo.

Também é importante destacar os resultados dos dados de comercialização de safra no Brasil, indicando que, embora a liquidez tenha melhorado em comparação com agosto, o volume vendido desta safra ainda está abaixo da média esperada para o período.

Essa perspectiva de estoques mais altos indo para o último trimestre do ano - quando outras origens de arábica começam sua colheita - também pressiona os preços.

Ao contrário da semana passada, os modelos de previsão estão começando a se diferenciar: o modelo americano sugere níveis de chuva próximos de zero na maioria das áreas de café - com exceção das regiões Sul de Minas e Zona da Mata - enquanto o modelo europeu já apresenta uma visão ligeiramente mais otimista.

No entanto, as chuvas precisam continuar para manter os níveis ótimos de NDVI observados até agora e, também, para reduzir a probabilidade de pragas. Por exemplo, a broca: as condições secas podem aumentar a atividade do besouro da broca do café, com temperaturas mais altas acelerando seus ciclos de vida, especialmente em áreas de menor altitude densamente plantadas.

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