Clima afeta severamente a colheita de soja no Rio Grande do Sul

As consequências incluem a abertura de vagens, a germinação dos grãos e a proliferação de fungos, comprometendo a qualidade da produção

16.05.2024 | 17:22 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações da Emater-RS
Lavouras em maturação desuniforme em São Borja - Foto: Neimar Damian Peroni – Emater/RS-Ascar
Lavouras em maturação desuniforme em São Borja - Foto: Neimar Damian Peroni – Emater/RS-Ascar

Na segunda semana de maio, as condições climáticas no Rio Grande do Sul permaneceram desfavoráveis para as atividades de campo, especialmente para a colheita da soja. As informações são da Emater-RS. O clima adverso tem agravado a situação dos produtores, com perdas diárias que aumentam à medida que a operação é adiada. As consequências incluem a abertura de vagens, a germinação dos grãos e a proliferação de fungos, comprometendo a qualidade da produção.

Embora as precipitações tenham sido menos recorrentes recentemente, permitindo pequenas janelas temporais para a realização da colheita em diversas partes do estado, os altos teores de umidade no solo e nas plantas persistem. Essa situação resultou em uma drástica redução na qualidade dos grãos em comparação ao produto obtido antes do período de chuvas intensas. Até o momento, estima-se que cerca de 85% da área plantada foi colhida.

Os 15% restantes da área de cultivo de soja provavelmente terão um avanço pouco significativo nos próximos dias. Muitas dessas lavouras deverão ser abandonadas devido à inviabilidade econômica, uma vez que os custos da operação de colheita, o frete e os descontos aplicados no recebimento pelas cerealistas superam os possíveis ganhos.

Desde o final de abril, o excesso de chuvas afetou os 24% da área que ainda não haviam sido colhidos, resultando em perdas que variam entre 20% e 100%. As regiões Centro, Sul e Oeste do Estado são as mais prejudicadas, onde grandes extensões de terra permanecem não colhidas. Diante dessas perdas significativas, muitos produtores estão acionando o seguro agrícola para tentar mitigar os prejuízos. Aqueles que não possuem cobertura para suas lavouras buscarão renegociar dívidas com cerealistas e outros financiadores da safra, postergando o pagamento dos débitos para períodos futuros.

Inicialmente, a estimativa de produtividade para a safra de soja no Rio Grande do Sul era de 3.329 kg/ha. No entanto, essa projeção deverá ser revisada negativamente, dependendo dos resultados das lavouras ainda a serem colhidas ou das áreas já perdidas.

Milho

As recentes chuvas intensas e a alta umidade do ar nas últimas semanas resultaram em perdas significativas para as lavouras de milho no Rio Grande do Sul. As perdas não foram apenas quantitativas, com queda na produtividade, mas também qualitativas, afetando a germinação dos grãos nas espigas e aumentando a incidência de doenças fúngicas e o desenvolvimento de micotoxinas.

Com a prioridade dada à colheita da soja, o avanço da colheita de milho foi mínimo. Houve um progresso de apenas 2% nas operações de colheita em comparação com a semana anterior, atingindo um total de 88% das áreas cultivadas. Esse atraso pode comprometer ainda mais a qualidade do milho restante no campo.

Feijão 2ª Safra

As condições climáticas adversas, marcadas por alta umidade e temperaturas amenas, continuam desfavoráveis para o desenvolvimento do feijão de segunda safra. Apesar disso, a interrupção das chuvas em parte do período permitiu que os agricultores retomassem a colheita, tentando minimizar as perdas nas lavouras maduras. Até agora, 40% das áreas cultivadas foram colhidas.

A área plantada com feijão de segunda safra no estado é estimada em 19.900 hectares, mas a produtividade esperada deverá ser menor que a projetada inicialmente, de 1.568 kg/ha. Esse declínio na produtividade pode ser atribuído às condições climáticas desfavoráveis que prejudicaram o desenvolvimento das plantas.

Arroz

A colheita do arroz também sofreu impactos negativos devido aos dias chuvosos recentes. Com algumas lavouras ainda alagadas pela cheia dos cursos d'água, o avanço da colheita foi mínimo, alcançando apenas 86% da área plantada.

Um problema adicional tem sido o armazenamento do arroz em silos nas propriedades. Em muitos casos, as enchentes inundaram a parte inferior desses silos, resultando em perdas significativas devido à falta de energia elétrica para a ventilação e à impossibilidade de transporte do produto, causada por danos nas estradas. Até o momento, não há uma estimativa precisa do número de silos afetados.

Nas últimas semanas, os preços do arroz têm subido, e há preocupações sobre o impacto das chuvas intensas na produção e no abastecimento do mercado interno. O Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) estima que a área cultivada de arroz no estado é de 900.203 hectares. A produtividade, inicialmente estimada em 8.325 kg/ha, pode ser revisada para baixo após a quantificação das perdas.

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