Cientistas sugerem novo modo de ação de inseticidas de alquilsulfona piridínica

Conforme estudos, o novo inseticida ataca transportador vesicular de acetilcolina

31.10.2024 | 08:27 (UTC -3)
Revista Cultivar

Nova classe de inseticidas, representada por derivados de alquilsulfona piridínica (pyridine alkylsulfone), mostra potentes efeitos contra várias ordens de insetos. Entre os destaques estão o Oxazosulfyl, da Sumitomo Chemical, e o composto A2, da Syngenta.

Esses compostos, anteriormente atribuídos à interação com os canais de sódio voltagem-dependentes, agora demonstram ter um mecanismo de ação relacionado principalmente à inibição do transportador vesicular de acetilcolina (VAChT). É o que apontam cientistas.

Pesquisas recentes indicam que a intoxicação por alquilsulfonas causa uma redução na eficiência da transmissão sináptica colinérgica em insetos. Experimentos com baratas americanas (Periplaneta americana) mostraram uma diminuição significativa na atividade aferente de cerdas sensoriais. Além disso, testes em Drosophila demonstraram um bloqueio seletivo dos potenciais pós-sinápticos dependentes da transmissão colinérgica. Esses efeitos estão relacionados à interferência no processo de carregamento de acetilcolina nas vesículas sinápticas, uma função desempenhada pelo VAChT.

Modo de ação

O VAChT é um transportador de membrana que concentra acetilcolina nas vesículas, permitindo sua liberação durante a transmissão sináptica. Ao inibir esse processo, os derivados de alquilsulfona comprometem a função neuromuscular dos insetos, levando à sua morte.

Testes de ligação com ligantes tritiados mostraram a presença de um único local de ligação saturável em frações de membranas de insetos, que foi identificado como sendo o VAChT.

Além disso, a correlação entre a potência inseticida e a capacidade de deslocar o ligante tritiado desse local reforça a hipótese de que essa é a principal base de toxicidade dos compostos.

Em comparação com outras classes de inseticidas que também atuam no VAChT, como os espirindolinas, os derivados de alquilsulfona parecem ter um modo de ligação diferente, o que pode explicar a ausência de resistência cruzada em algumas linhagens de Drosophila. Isso é significativo, pois permite uma nova abordagem no manejo de resistência a inseticidas, além de expandir o arsenal químico disponível para o controle de pragas.

Conclusões do estudo

A evidência sugere que os efeitos desses compostos sobre os canais de sódio são menos relevantes para sua ação inseticida do que a inibição do VAChT.

Estudos mostraram que o oxazosulfyl estabiliza os canais de sódio na conformação inativa, mas com uma potência consideravelmente menor do que a observada para a inibição da ligação ao VAChT.

Dessa forma, os pesquisadores acreditam que essa nova classe de compostos deva ser classificada sob um novo grupo de mecanismo de ação.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1016/j.pestbp.2024.105854

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