Pesar: Morre professor Luiz Vicente Gentil
Morreu na manhã de segunda-feira o professor da Universidade de Brasília, Luiz Vicente Bocorny Gentil, vítima de infarto do miocárdio
Ao que tudo indica, a expertise no setor sucroenergético brasileiro terá o seu futuro garantido. Em diversas partes do País, jovens estudantes do ensino médio à universidade vêm desenvolvendo projetos acadêmicos usando a biomassa da cana como base para a criação de produtos biodegradáveis. O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, cita duas destas soluções inovadoras premiadas no exterior: um detergente de origem renovável com potencial para ajudar no combate ao Aedes aegypti sem causar grandes impactos ao meio ambiente, além de uma bandeja de bagaço e palha de cana que pode substituir algumas embalagens de isopor usadas por padarias e supermercados.
“É estimulante notar como a cana continua contribuindo para o futuro da ciência brasileira, motivando estes jovens pesquisadores a criarem produtos cada vez mais alinhados com a questão ambiental”, avalia o executivo da UNICA.
Biodetergente
Reconhecido na premiação “Idea to Products”, organizado pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos, um projeto criado pelos alunos Paulo Franco e Guilherme Fernando Dias Perez, do campus de Lorena da Universidade de São Paulo (USP), concebeu um detergente “verde”. Com características de aplicação semelhantes a outros produtos fabricados a partir de derivados do petróleo, o biodetergente apresentou o diferencial de ser menos agressivo ao meio ambiente graças a presença do bagaço de cana em sua composição.
Segundo o professor orientador do trabalho, Silvio Silvério da Silva, a utilização deste resíduo de origem renovável, abundante em nosso País e de menor custo operacional em relação às fontes fósseis, faz com que o produto tenha um grande potencial de preço reduzido em relação aos seus concorrentes não biodegradáveis. “Além disso, sendo um produto natural produzido a partir do bagaço de cana, há diversos estudos que apontam vantagens como a biodegradabilidade e atoxicidade frente aos detergentes sintéticos, não apresentando riscos ambientais e a saúde”, explica.
Outra vantagem, de acordo com Silva, é que ele também tem características de um larvicída biológico, podendo ser usado para combater o mosquito transmissor da Dengue, vírus Zika e febre Chikungunya. “Testamos sua eficácia no combate de larvas de Aedes, em testes in vitro, demonstrando seu potencial neste sentido”, conclui o docente. Após quatro anos de desenvolvimento, a novidade já foi patenteada e, por enquanto, segue disponível nos laboratórios da USP para mais estudos.
Bandeja
Reduzir a quantidade de isopor descartado no meio ambiente, onde o processo de decomposição do material pode durar até 300 anos. Especialmente aquelas embalagens de carne, embutidos, frutas e verduras encontradas nas prateleiras de padarias e supermercados. Motivada por este objetivo, a aluna do ensino médio Sayuri Miyamoto Magna criou uma solução sustentável inovadora: bandejas a partir do bagaço da cana-de-açúcar.
“Se mantida em estoque, com boas condições de preservação, a embalagem se mantém boa para o uso por até dois anos. Quando vai para os lixões e aterros sanitários, em menos de 6 meses já está decomposta. E se ficar em contato constante com a água, em 4 horas já está dissolvida”, informa a jovem de 16 anos.
Apoiada pelo programa Iniciação Científica do colégio Bom Jesus, em Curitiba, a estudante criou o produto a partir de um processo de fabricação relativamente simples, em que utilizou biomassa de cana, temperos naturais e uma cola caseira feita de água e farinha. A ideia lhe rendeu medalhas na feira de ciências da Usina Itaipu, o terceiro lugar na Olimpíadas dos Gênios, em Nova York, e o título “Jovens Inventores” do programa Caldeirão do Huck, exibido no último sábado pela TV Globo.
De acordo com Sayuri, o maior desafio da sua invenção foi encontrar um modo para dar uma função antimicrobiana à bandeja, garantindo mais segurança alimentar para o consumidor. “Pesquisei nos produtos de limpeza, vi o que era utilizado, e encontrei uma substância que não teria nenhum efeito tóxico sobre o bagaço de cana”, explica, guardando segredo sobre o componente usado. “Há sempre algo que você deve melhorar e que pode ser ainda mais refinado”, complementa a menina.
Segundo o orientador da pesquisa de Sayuri e coordenador do projeto, o professor Cornélio Schwambach, no programa de Iniciação Científica do colégio Bom Jesus estão em cursos outros projetos visando a redução do uso de adubos químicos em monoculturas como a canavieira. “A cana tem um potencial fenomenal que pode ser mais investigado. Creio que o Brasil tem potencial para fazer uma revolução agrícola que considere fatores econômicos, sociais e ambientais”, explica.
“Sempre pergunto aos meus alunos: O que te incomoda? Crie soluções simples para problemas simples. Quantos problemas simples os produtores de cana devem ter? Muitos. Isto é fazer ciência”, encerra Schwambach.
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