Artigo: Carvão vegetal pirogênico (biochar): de uma antiga prática indígena a uma inovação para a agricultura e o setor florestal

26.01.2012 | 21:59 (UTC -3)

O carbono pirogênico, também conhecido como carvão vegetal, Black Carbon ou biochar, é um subproduto da queima proposital ou não de matéria orgânica em condições mínimas de oxigênio (Lehmann et al. 2003). O biochar é composto por partículas finas de carvão (< 8 mm) que, quando incorporadas ao solo, proporcionam melhorias em suas propriedades físicas, químicas e biológicas, aumentando por consequência a concentração de sítios quimicamente reativos, a sua capacidade de troca catiônica (CTC) e a retenção de água (Glaser 1999). Tais propriedades, por sua vez, normalmente resultam em maior crescimento e produtividade vegetal. Nesse contexto, o biochar tornou-se uma solução inovadora para a melhoria do crescimento de plantas em diversas culturas agrícolas e para o setor florestal, principalmente na subárea de viveiros florestais e recuperação de áreas degradadas.

A origem do biochar se deu a partir da descoberta da chamada “Terra Preta de Índio”, por meio da realização de estudos em solos antropogênicos na Amazônia (Lehmann et al. 2003). Em tais estudos, os pesquisadores verificaram que a produtividade destes solos era excepcionalmente maior do que a registrada nos solos adjacentes graças, principalmente, à presença de carbono pirogênico resultante de antigas adições de matéria orgânica carbonizada ao solo pelas atividades de antigos povos indígenas.

Para testar a eficiência do biochar na melhoria do solo e na produtividade, vários experimentos já foram realizados, sendo obtidos resultados satisfatórios para a produção e/ou crescimento de culturas como a soja (Kishimoto & Sugira 1985), arroz (Madari et al. 2006), cana-de-açúcar (Uddin et al. 1995), melão (Du et al. 1997), batata doce (Du et al. 1998),.mamoeiro (Mendonça et al. 2003), milho (Alves 2006), crajiru (Souza et al. 2006), angico (Sakita et al. 2007), eucalipto (Porto et al. 2007), pimentão (Araújo Neto et al. 2009), e carvoeiro (Souchie et al. 2011).

Além de ter potencial para melhorar o solo e a produtividade vegetal, o biochar pode ainda funcionar como uma “piscina” de carbono no solo, mantendo-o fixado e evitando que o mesmo seja liberado para a atmosfera, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa. Se obtido a partir de restos de madeira proveniente de reflorestamentos, as vantagens do emprego do biochar podem se tornar ainda maiores, pois neste caso haveria aproveitamento dos restos de produtos florestais madeireiros e reduções de custo e do consumo dos recursos naturais.

Bióloga pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus de Nova Xavantina. E-mail:

Biólogo, doutorando em Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB). E-mail:

Biólogo, doutorando em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília (UnB). E-mail:

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