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As chuvas acima da média, principalmente nas regiões com maior produção de trigo no Brasil, como Paraná e Rio Grande do Sul, já indicam fortes impactos no volume da safra deste ano. Com o País encaminhado para o terço final de sua safra, a previsão de volume produzido é menor, em comparação aos resultados de 2022.
De acordo com o Gerente Regional Latam da Biotrigo Genética, Fernando Wagner, o dado mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta a estimativa da produção de 10,4 milhões de toneladas de trigo. O profissional conta que não é somente a chuva que influencia esse resultado. “Com um ciclo de desenvolvimento da cultura acelerado na região Sul por conta do clima quente, a produtividade estimada pela Conab também é inferior, próxima dos 3 mil kg/ha”.
No Paraná, o estado menos afetado pelos índices pluviométricos elevados, a colheita foi antecipada, segundo o analista de mercado da SafraSul Agronegócios, José Gilmar de Oliveira. Ele explica que o trigo já colhido apresenta uma performance boa em termos de qualidade, ressaltando que o cereal que ainda está no campo é o que será impactado pela chuva.
“Na região dos Campos Gerais, por exemplo, caberia, ainda, uma nova aplicação de fungicida no trigo plantado. Porém, isso não foi possível em decorrência das questões climáticas. Mesmo assim, espera-se uma safra de 4,5 milhões de toneladas no Paraná”, pontua.
O Rio Grande do Sul, estado que registrou o maior volume de trigo na safra anterior, enfrenta as consequências das chuvas com mais intensidade. Como explica o Gerente de relações institucionais e sindicais da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs), Tarcísio Minetto, o produtor gaúcho inicialmente apostou nessa cultura em função da seca no verão.
“Por conta disso, a área estimada de cultivo é de 1,5 milhão de hectares, equiparada com a do último ano. Porém, o excesso de chuva trouxe uma redução do potencial produtivo nesse espaço. Hoje, a safra está sem uma estimativa de volume, em função das perdas ocasionadas por esse fenômeno”, reforça.
A expectativa para o trigo catarinense também foi reduzida. Dados trazidos pelo fundador da Corretora Serra Grãos, Norberto Risson dos Santos, indicam que a projeção mais otimista atualmente é de que serão produzidas 410 mil toneladas no estado. A princípio, esperava-se um volume de 470 mil toneladas.
“Nesse cenário, o custo para que o produtor consiga manter esse trigo em boas condições acaba se elevando, pois a chuva impacta diretamente na qualidade do cereal produzido”, afirma.
São Paulo, nos últimos anos, passa por uma crescente em sua safra, tendo superado as 500 mil toneladas de trigo em 2022. Nesse ano, o presidente da Câmara Setorial do Trigo no estado, Ruy Zanardi, explica que as projeções estão na casa das 520 mil toneladas, com ganhos em qualidade.
“95% da safra paulista já foi colhida, com uma pequena parcela do valor total ainda suscetível às ações da chuva. A qualidade desse ano, sem dúvidas, é superior à registrada na safra anterior, o que é positivo para a cadeia produtiva de São Paulo”, salienta.
O Cerrado, no entanto, é uma área que segue um fluxo contrário das outras praças produtoras. Mesmo com a incidência de chuvas e o clima quente antecipando o ciclo de desenvolvimento do trigo, a área plantada e o volume total produzido por Minas Gerais, Goiás, Bahia e Distrito Federal, são os maiores já registrados, como informa o presidente da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (Atrie - MG), Eduardo Abrahim.
“Esperamos uma safra próxima de um milhão de toneladas de trigo para 2023, com qualidade excepcional. Para o próximo ano, a tendência é de que uma área maior será destinada à produção do cereal nesses quatro estados”, encerra.
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