Agroindústria beneficiará 100 toneladas de frutos do Cerrado

07.11.2008 | 21:59 (UTC -3)

A partir do dia 11 de novembro, produtores e trabalhadores rurais dos municípios de Damianópolis, Sítio d`Abadia e Mambaí, no nordeste de Goiás, terão o seu trabalho revolucionado pela inauguração de uma agroindústria de beneficiamento de frutos do Cerrado, em Damianópolis (528km de Goiânia).

Segundo Marcos Fernando Passos, gestor do Projeto de Aproveitamento Sustentável de Frutos do Cerrado, desenvolvido pelo Sebrae em Goiás, a obra custará R$ 99 mil, ocupará um prédio de 154,3m², dotado de espaço para o processamento e armazenamento de 100 toneladas de frutos do Cerrado por ano.

A estrutura vai processar a produção da Associação dos Produtores e Beneficiadores de Frutos do Cerrado (Benfruc), fundada por 10 pessoas em 2003, e, atualmente, envolvendo cerca de 100 participantes. “A agroindústria deverá aumentar em 70% a capacidade de produção da Benfruc, que, ano passado, processou cerca de 30 toneladas de frutos”, estima o gestor.

A novidade é um dos pontos fortes e aglutinadores do Projeto de Aproveitamento Sustentável de Frutos do Cerrado, criado em 2005 pelo Sebrae em Goiás e parceiros. Este ano, já foram promovidos o planejamento estratégico da Benfruc, pesquisas, consultorias, assistência técnica e gerencial, palestras sobre legislação ambiental.

Além disso, foram construídos galpões e houve participação dos associados em feiras e missões tecnológicas. Um Manual de Boas Práticas de Fabricação (BPF) foi elaborado e distribuído, e cursos como ‘Aproveitamento Alimentar de Espécies Nativas’, ‘Despertando para o Associativismo’, ‘Manejo do Solo’, ‘Sobrevivência do Cerrado’ e ‘Exploração Sustentável de Frutos do Cerrado’ foram oferecidos aos participantes.

Giovanda Brandão, presidente da Benfruc e vencedora do Prêmio Sebrae Mulher Mulher de Negócios 2006 pelo Centro-Oeste brasileiro, na categoria coletiva, explica que a agroindústria pode influenciar o trabalho de outras 250 pessoas envolvidas, indiretamente, com a produção dos frutos do Cerrado. A presidente lembra que após a inauguração da unidade industrial, “os associados poderão aumentar seus ganhos, pois a Benfruc venderá sua produção aos mercados, sem atravessadores”.

Marcos Fernando lembra que os 14 mil picolés produzidos por dia pela empresa de sorvetes Milka Frutos do Cerrado, de Goiânia, dão uma idéia do quão é promissora a Benfruc: “A Embrapa tem catalogados 40 tipos de frutos do Cerrado, que servem para a produção de picolés e sorvetes, farinha, doces e conservas”. Para o gestor, um potencial ainda inexplorado na sua totalidade.

Atualmente, a Benfruc funciona numa construção de 41,7m², cedida pela própria presidente da associação, Giovanda de Souza Brandão, 40. A pequena estrutura tem capacidade para o trabalho de 16 pessoas, a cada safra de frutos do Cerrado, como o pequi. No prédio, acontece a despolpa dos frutos e o congelamento das polpas em pacotes plásticos de 1kg, prontos para a venda.

Segundo Giovanda, a polpa de frutos como buriti, cagaita, mamacadela, cajuzinho-do-cerrado, araticum, magaba e o baru é vendida por preços que variam entre R$ 7,00 e R$ 10,00, o quilo, sendo o pequi vendido em caixas pesando 15kg, com preço variando entre R$ 5,00 e R$ 7,00. “Após a inauguração da agroindústria, vamos aumentar nosso ganho, pois a Benfruc venderá sua produção diretamente aos mercados, sem atravessadores”.

Giovanda afirma que os principais compradores da associação são três empresas sorveteiras: duas de Goiânia e uma de Brasília. Segundo ela, trata-se de um acordo que promove trabalho e renda para cerca de 120 pessoas em Damianópolis, Sítio d`Abadia e Mambaí, onde trabalhadores que estavam desempregados agora retiram parte do sustento da família com o extrativismo dos frutos.

Os associados e trabalhadores ganham conforme a própria produção, explica Giovanda: “Alguns recebem até R$ 2 mil por safra”. Ela lembra ainda que a associação também divide os lucros da produção com os donos das terras onde os frutos são colhidos, pagando, por exemplo, R$ 2,50 a cada caixa de pequi retirado da área. “Atitude que garante a preservação da vegetação nativa”, comemora Giovanda.

No mesmo espaço da agroindústria também será inaugurada uma unidade do projeto Produção Agroecológica Integrada Sustentável (Pais), um modelo auto-sustentável de criação de espécies vegetais e animais para sustento e aumento de renda das famílias. A tecnologia social integra técnicas simples de produção agrícola baseadas em modelos utilizados por pequenos produtores. Ela ensina a construir uma propriedade rural de forma sustentável e rentável, utilizando os recursos disponíveis no próprio local.

No modelo proposto pelo programa, a propriedade é composta por uma horta e um sistema agroflorestal (produção de espécies agrícolas, como hortaliças em geral, frutas e espécies perenes, como café, banana) e a criação de aves caipiras de forma integrada. A irrigação é feita de maneira simples e barata, pelo método de gotejamento e possui, ainda, um sistema de compostagem (transformação de matéria orgânica em adubo).

Serviço:

Inauguração da Agroindústria de Processamentos de Frutos do Cerrado

Data: 11 de novembro de 2008 – 11 horas

Local: Damianópolis (GO), saída para Sítio d’Abadia

Projeto de Aproveitamento Sustentável de Frutos do Cerrado: (62) 3250-2478.

José Antônio Cardoso e Lorranne Tavares

Agência Sebrae de Notícias (ASN Goiás)

(62) 3250-2268

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

LS Tractor Fevereiro