Adoção de agricultura de precisão ainda é baixa em pequenas propriedades na Europa

Estudo revela que barreiras econômicas e estratégias insuficientes limitam a digitalização agrícola em regiões de pequeno porte, mas intervenções específicas podem aumentar a aceitação dessas tecnologias

07.10.2024 | 07:36 (UTC -3)
Revista Cultivar
O potencial de adoção dos PATs selecionados foi calculado representando a proporção máxima possível de fazendas aráveis ​​que podem usar PATs do ponto de vista econômico, divididas por distritos NUTS3 em Baden-Württemberg
O potencial de adoção dos PATs selecionados foi calculado representando a proporção máxima possível de fazendas aráveis ​​que podem usar PATs do ponto de vista econômico, divididas por distritos NUTS3 em Baden-Württemberg

A adoção de Tecnologias de Agricultura de Precisão (TAPs) continua baixa em regiões agrícolas de pequeno porte. Mesmo na presença de potencial econômico e ambiental. A situação foi objeto de estudo realizado em uma região de pequenas propriedades na Alemanha. A ideia, identificar os motivos dessa resistência.

A pesquisa avaliou seis TAPs, utilizando modelos econômicos preditivos e análise de cenários, para entender as limitações da adoção e as medidas que poderiam influenciar os produtores a utilizá-las. O estudo apontou que, embora a adoção geral seja baixa, intervenções específicas têm o potencial de aumentar a renda agrícola e, consequentemente, promover maior aceitação dessas tecnologias.

As TAPs estudadas incluem tecnologias como o direcionamento automático de máquinas, a fertilização específica por local, além de técnicas de plantio, pulverização e capina de precisão. Essas tecnologias têm como objetivo otimizar o uso de insumos, aumentar a eficiência e atender às regulamentações mais rígidas.

No entanto, a pesquisa revelou que a adoção dessas ferramentas é limitada. A fertilização específica e o direcionamento automático são as mais utilizadas. Todavia, com taxas modestas de até 17,73% e 4,61%, respectivamente. Tecnologias como capina, plantio e pulverização de precisão tiveram adoção menor.

O estudo sugere que, embora a digitalização da agricultura tenha avançado desde os anos 1990, especialmente em países com estruturas agrícolas maiores, a Europa enfrenta dificuldades por conta do tamanho reduzido de suas propriedades rurais. O estudo mostrou que menos de 10% dos agricultores na Alemanha utilizam TAPs, número que se mantém estagnado há mais de uma década. A adoção mais lenta e menos disseminada na Europa, comparada a países como Estados Unidos e Austrália, revela um cenário desafiador para a agricultura de precisão em pequenas propriedades.

Um dos fatores que influenciam a baixa adoção das TAPs é a falta de clareza sobre os limites econômicos que justificam o investimento nessas tecnologias. Pequenos produtores enfrentam barreiras financeiras e administrativas. E um certo conservadorismo na gestão das propriedades. Ao mesmo tempo, as políticas públicas, como os subsídios da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia, parecem insuficientes para aumentar significativamente a adoção.

A pesquisa sugere que, para aumentar a adoção de TAPs, são necessárias estratégias direcionadas, ao invés de medidas gerais como subsídios. A criação de cooperativas de maquinário ou a contratação de prestadores de serviços especializados, por exemplo, seriam alternativas mais eficazes para pequenos produtores que não podem arcar com os custos iniciais de implementação das tecnologias.

Outro ponto levantado pelo estudo é a necessidade de expectativas mais realistas em relação à digitalização completa das pequenas propriedades. Embora a introdução de TAPs seja benéfica em termos de sustentabilidade e aumento da eficiência, nem todas as fazendas conseguem incorporar essas inovações de forma viável.

O estudo também destaca a importância de uma abordagem regional para a adoção das TAPs. Se uma tecnologia tem impacto positivo em uma única fazenda, esse impacto pode ser amplificado se for utilizada em várias propriedades de uma mesma região. Isso sugere que, para além das políticas nacionais, são necessárias estratégias regionais que considerem as especificidades locais.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1016/j.atech.2024.100585

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