Abrapa quer dobrar participação de mercado do algodão brasileiro na Índia

A meta da entidade é, ainda neste ano comercial, dobrar o market share naquele país

11.09.2020 | 20:59 (UTC -3)
Abrapa

Primeiro maior produtor mundial de algodão, terceiro em volume de exportações e sétimo maior importador global da pluma, a Índia é um dos mercados que estão no radar da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em termos de possibilidade de expansão da presença do produto nacional. A meta da entidade é, ainda neste ano comercial, dobrar o market share naquele país, que, hoje, é de 6%. Como parte da estratégia para isso, a Abrapa realizou na manhã desta quinta-feira (10) uma reunião com o corpo diplomático no Brasil em Nova Délhi, junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).

O encontro contou com a presença do embaixador no Brasil na Índia, André Correa do Lago, e do adido agrícola Dalci Bagolin, dentre outros, e é parte das ações do projeto Cotton Brazil, empreendido pela Abrapa e Governo Federal (Apex-Brasil /MRE), com participação da Anea, que, dentre diversas iniciativas, contempla o primeiro escritório de representação do algodão brasileiro na Ásia, aberto na cidade de Singapura.

De acordo com o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, a reunião foi a primeira de uma série que está sendo agendada com os representantes diplomáticos do do Brasil nos países-chave para as exportações da pluma nacional. “Queremos mostrar as etapas do projeto Cotton Brazil e alinhar nossas ações para que esta iniciativa seja bem-sucedida. Temos tudo para isso, qualidade, volume de produção, constância no fornecimento e certificação de sustentabilidade fardo a fardo. Precisamos mostrar isso para o mundo para ganhar mercado”, afirmou Garbugio.  O projeto Cotton Brazil, de promoção da fibra brasileira no mercado Asiático, tem como meta tornar o país o primeiro do ranking global de exportações em 2030. Hoje o Brasil ocupa o segundo lugar, precedido pelos Estados Unidos.

Para o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, o fato de a Índia ser atualmente uma praça pouco representativa nas exportações brasileiras de algodão cria grandes oportunidades. “Temos alguns desafios. O primeiro, que já está sendo superado, é a sazonalidade. Tradicionalmente, o pico das exportações indianas coincide com o topo do período de embarques do Brasil. Agora, com a safra aqui em torno de três milhões de toneladas, estamos exportando o ano inteiro. Ou seja, somos fornecedores de doze meses”, explicou.

Outra questão que está sendo trabalhada através do projeto Cotton Brazil é a qualidade percebida do algodão Brasileiro. “Embora, tecnicamente, em termos de características intrínsecas, quase não existem diferenças entre o algodão americano e o brasileiro, há uma grande distorção de imagem. Isso só se modifica com um trabalho de promoção arrojado”, afirmou Duarte.

Desafio

O espaço para crescimento de consumo da fibra nacional foi confirmado pelo embaixador do Brasil na Índia, André Correa do Lago. Segundo ele, apesar da grande queda no PIB do país no último trimestre – em função da Covid-19 –, em médio prazo, a população indiana, a segunda maior do planeta, vai precisar comprar. “Acredito que se a Índia avançar como pretende, tendo o algodão como primeira necessidade, e o mercado indiano aumentar de maneira brutal, sem a possibilidade de incremento de produção de forma proporcional a esse consumo, abre-se um espaço extraordinário de mercado para o Brasil. Será um belíssimo desafio e estamos com toda a equipe aqui à disposição”, disse.

Dalci Bagolin, adido agrícola na Índia, ressaltou as especificidades do país, que precisam ser observadas nas relações comerciais, mas acredita que há boas oportunidades. “A Índia consegue abastecer o mercado interno em várias culturas, mas tem dificuldade muito grande em aumentar a produção de algodão. Por outro lado, é altamente protecionista e quer produzir roupas com autossuficiência em seu território. Existe também um grande número de pequenos produtores que dependem da cultura”, ponderou. Tanto Bagolin quando o embaixador, se referiram às baixas produtividades e qualidade técnica indiana no cultivo da commodity.

Dentre os participantes da reunião, estavam o ex-presidente da Abrapa, Arlindo Moura, o presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Moresco, o presidente da Anea, Henrique Snitcovski, o coordenador de agronegócios da Apex-Brasil, Alberto Carlos Bicca, e o coordenador de Promoção de Imagem e Cultura Exportadora do Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento, Aurélio Rocha.

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