Abrapa completa dez anos de parceria com a Better Cotton

Biodefensivos e rastreabilidade são as próximas metas

23.06.2023 | 13:52 (UTC -3)
Catarina Guedes

A Better Cotton, maior licenciadora socioambiental da cadeia produtiva de algodão no mundo, homenageou nesta semana a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) pelos dez anos de parceria em busca de práticas agrícolas e sociais mais responsáveis. O ato ocorreu durante a Better Cotton Conference, realizada em Amsterdã (Holanda).

Em 2013, Abrapa unificou o protocolo do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) com o adotado pela Better Cotton no Brasil. Assim, o produtor certificado pelo ABR também passou a ser licenciado pela Better Cotton. “Foi um reconhecimento do quanto avançamos na última década. Temos muito orgulho em sermos o país que mais fornece Better Cotton ao mundo, respondendo por 42% da oferta na safra 2021/22”, afirmou o presidente da associação, Alexandre Schenkel.

Atualmente, estima-se que 20% da produção global de algodão tenha o licenciamento da Better Cotton.

Na edição deste ano da conferência anual da Better Cotton, o Brasil participou com uma delegação representativa da importância que o tema ‘sustentabilidade’ tem no cotidiano do produtor. Da Abrapa, foram o presidente, Alexandre Schenkel, o diretor de Relações Internacionais, Marcelo Duarte, e o gestor de Sustentabilidade, Fabio Carneiro. O grupo incluiu também o presidente da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Fauss, e o presidente da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), Luiz Carlos Bergamaschi.

“Nossa presença reflete o nosso compromisso com a responsabilidade socioambiental no campo. Não é à toa que 86% da produção brasileira de pluma tem certificação ABR. Ser responsável está no jeito brasileiro de cultivar algodão”, observou Schenkel.

Além dos ganhos sociais e ambientais, a parceria entre Abrapa e Better Cotton é um importante cartão de visita. “A certificação socioambiental abre portas e agrega valor, porque o consumidor final pede por um produto com origem responsável, que possa ser rastreado, e de forma transparente”, pontuou Marcelo Duarte, diretor da Abrapa responsável pelo posicionamento internacional do algodão brasileiro.

Foi com foco nessa demanda que a Abrapa apresentou na Better Cotton Conference o Sou de Algodão Brasileiro Responsável (SouABR), iniciativa brasileira pioneira que realiza a rastreabilidade física de roupas de algodão. “Pela etiqueta da roupa, você fica sabendo onde foi cultivado o algodão daquela peça e o caminho percorrido até chegar ao guarda-roupa. Isso só é possível porque, no Brasil, a rastreabilidade é feita fardo a fardo”, explicou Schenkel.

Biodefensivos

Como a pauta de sustentabilidade é de melhoria contínua, a agenda de trabalho entre Abrapa e Better Cotton já tem os próximos passos definidos. “As fazendas brasileiras já fabricam e usam biodefensivos nas lavouras, mas queremos ampliar ainda mais essa tecnologia de produção no Brasil”, antecipou Fabio Carneiro, gestor de Sustentabilidade na associação. Uma das metas conjuntas é reduzir o emprego de produtos químicos no controle fitossanitário. Um grupo de trabalho sobre manejo integrado de pragas está em curso entre as duas instituições para semear boas práticas e inovações nas fazendas brasileiras.

Na prática

Na prática, a intenção é que surjam mais casos similares ao de Carlos Alberto Moresco, diretor geral da GM Agrícola. O manejo integrado de pragas realizado em sua propriedade no interior de Goiás foi divulgado pela Better Cotton como uma experiência bem sucedida de redução no uso de defensivos químicos.  

Outro exemplo brasileiro foi dado pela diretora de Sustentabilidade, Comunicações e Compliance da Amaggi (MT), Juliana Lavor Lopes. Ela participou de um painel que discutiu como reduzir o impacto das mudanças climáticas e falou sobre as ações da empresa, maior produtora brasileira de grãos e fibras. “Pretendemos zerar as emissões líquidas de carbono até 2050. Temos estratégias de descarbonização até 2035, conforme Science-Based Targets Initiative (SBTi). Uma delas é a agricultura regenerativa, que além de ser de baixo carbono contribui na proteção da biodiversidade”, revelou Juliana.

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