
Tuta absoluta (Meyrick, 1917), conhecida popularmente como traça-do-tomateiro, representa atualmente uma das principais ameaças à tomaticultura mundial. Este microlepidóptero da família Gelechiidae emergiu nas últimas décadas como um exemplo paradigmático de praga invasiva. Demonstrou capacidade extraordinária de dispersão global e adaptação a diferentes condições ambientais.
Sua classificação taxonômica:
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Lepidoptera
Família: Gelechiidae
Subfamília: Gelechiinae
Gênero: Tuta
Espécie: Tuta absoluta (Meyrick, 1917)
Essa classificação, estabelecida após sucessivas revisões sistemáticas, reflete a complexidade evolutiva dos microlepidópteros e evidencia as relações filogenéticas desta espécie com outros gelechiídeos de importância agrícola.
A história nomenclatural da espécie, que incluiu denominações como Phthorimaea absoluta, Gnorimoschema absoluta e Scrobipalpula absoluta, ilustra os desafios inerentes à taxonomia de microlepidópteros e a evolução do conhecimento sistemático ao longo do século XX.
A família Gelechiidae, com mais de 4.700 espécies descritas mundialmente, constitui uma das maiores famílias de Lepidoptera, caracterizando-se pela presença de numerosas espécies pragas de importância econômica. Esta característica não é fortuita, mas reflete adaptações evolutivas específicas que conferem a estes microlepidópteros vantagens competitivas em ambientes agrícolas.
As características morfológicas diagnósticas de T. absoluta, incluindo o padrão de coloração das asas, a estrutura da genitália e as dimensões corpóreas, são resultado de milhões de anos de coevolução com plantas hospedeiras da família Solanaceae, processo que moldou tanto suas características taxonômicas quanto sua especialização trófica.
Biologia e desenvolvimento
A biologia de Tuta absoluta caracteriza-se por um conjunto complexo e interconectado de atributos que explicam seu extraordinário sucesso como praga invasiva e sua capacidade de estabelecimento em diferentes ecossistemas agrícolas mundiais.
Seu ciclo de vida holometábolo, com duração que varia entre 29-38 dias em condições ótimas de temperatura (25-27°C), permite a ocorrência de 8-12 gerações anuais em regiões tropicais e subtropicais, resultando em um potencial reprodutivo exponencial que pode ser matematicamente expressado através da taxa intrínseca de crescimento (rm = 0,15-0,22/dia). Em condições de campo, uma única fêmea pode teoricamente originar mais de 10 milhões de descendentes em apenas quatro gerações.
A plasticidade térmica representa uma das características mais marcantes da espécie, conferindo-lhe capacidade de desenvolvimento em uma amplitude térmica que se estende de 8°C a 35°C, com temperatura base de desenvolvimento de 9,1°C e temperatura ótima entre 20-27°C. A ampla tolerância térmica, combinada com a capacidade de ajustar a taxa de desenvolvimento em resposta às variações de temperatura, permite a colonização de zonas climáticas diversificadas, desde regiões mediterrâneas temperadas até áreas tropicais equatoriais. Estudos de laboratório demonstram que o coeficiente térmico (graus-dia) necessário para completar o desenvolvimento varia entre 300-350 graus-dia, valor relativamente baixo que contribui para a rápida sucessão geracional.
O comportamento reprodutivo de T. absoluta revela um conjunto sofisticado de adaptações evolutivas ao ambiente agrícola moderno. A estratégia de oviposição, caracterizada pela deposição preferencial na face abaxial das folhas (90% dos casos), representa uma adaptação comportamental que maximiza simultaneamente a proteção da prole contra dessecação, predação e parasitismo, enquanto facilita o acesso das larvas recém-eclodidas aos tecidos vegetais nutritivos. O padrão temporal de oviposição segue ritmo circadiano bem definido, com pico de atividade durante as primeiras horas da madrugada (2-4h), quando as condições de umidade relativa são mais elevadas e a atividade de inimigos naturais é reduzida.
A capacidade individual de oviposição, variando entre 40-260 ovos por fêmea com média de 120-150 ovos, é modulada por fatores como idade da fêmea, qualidade nutricional durante a fase larval, temperatura ambiente e disponibilidade de sítios adequados para oviposição. O período de pré-oviposição, tipicamente de 2-3 dias, é utilizado para localização de hospedeiros adequados através de quimiorrecepção, processo que envolve o reconhecimento de compostos voláteis específicos das solanáceas, particularmente monoterpenos e sesquiterpenos característicos do tomate.
A fase larval, estruturada em quatro ínstares bem definidos, constitui não apenas o período mais destrutivo do ciclo, mas também o estágio de maior plasticidade comportamental e adaptabilidade ecológica. O primeiro ínstar, com duração média de 2-4 dias e comprimento de 0,5-0,9mm, é caracterizado por comportamento de penetração imediata nos tecidos vegetais, estratégia que minimiza a exposição a fatores de mortalidade externa. A progressão através dos ínstares subsequentes é acompanhada por incremento exponencial na capacidade de consumo, com o quarto ínstar sendo responsável por aproximadamente 80% do consumo total de tecido vegetal durante toda a fase larval.
A mobilidade larval entre plantas hospedeiras, observada principalmente nos terceiro e quarto ínstares, representa uma adaptação comportamental crucial que permite não apenas a colonização de novos recursos alimentares, mas também a otimização da utilização de recursos em escala populacional. Este comportamento migratório é desencadeado por fatores como deterioração da qualidade nutricional do hospedeiro atual, alta densidade larval intraplanta e detecção química de hospedeiros alternativos nas proximidades. A capacidade de dispersão ativa das larvas pode atingir distâncias de 5-10 metros, valor significativo considerando suas dimensões reduzidas.
O desenvolvimento larval é caracterizado por notável plasticidade nutricional, permitindo a exploração de diferentes tecidos vegetais conforme a disponibilidade e qualidade nutricional. Análises bioquímicas demonstram que as larvas são capazes de ajustar a atividade de enzimas digestivas específicas em resposta à composição química dos tecidos hospedeiros, maximizando a eficiência de conversão alimentar. Esta capacidade de adaptação enzimática contribui significativamente para o sucesso da espécie em explorar hospedeiros de qualidade nutricional variável.
A fase de pupa, com duração de 8-12 dias em condições ótimas, representa um período crítico de reorganização morfológica e fisiológica que culmina na emergência de adultos reprodutivamente competentes. A preferência por pupação no solo (85-95% dos casos) reflete uma estratégia adaptativa que confere proteção contra dessecação, predação aérea e variações microclimáticas extremas. A profundidade de pupação, tipicamente entre 1-3 centímetros, representa um compromisso evolutivo entre proteção e facilidade de emergência dos adultos.
A fase adulta, embora caracterizada por longevidade relativamente breve (10-18 dias), é otimizada para maximizar o sucesso reprodutivo e a dispersão. O comportamento de acasalamento, iniciando-se tipicamente 24-48 horas após a emergência, é mediado por feromônios sexuais específicos cuja composição química e proporção relativa variam geograficamente, sugerindo diferenciação populacional em escala regional. A capacidade de voo dos adultos, estimada em 100-200 metros por noite em condições calmas, é complementada por dispersão passiva através de correntes de ar, permitindo colonização de áreas distantes.
A ausência de diapausa obrigatória constitui uma das características mais significativas da biologia de T. absoluta, permitindo reprodução e desenvolvimento contínuos sempre que as condições ambientais se mantenham favoráveis. Esta característica, comum em espécies tropicais, traduz-se em crescimento populacional exponencial ininterrupto em regiões com disponibilidade constante de hospedeiros e ausência de períodos prolongados de temperaturas limitantes. Em regiões temperadas, a espécie pode apresentar diapausa facultativa ou quiescência durante os meses mais frios, com populações residuais sobrevivendo em ambientes protegidos como estufas ou através de hospedeiros alternativos.

Ecologia e dinâmica populacional
A ecologia de Tuta absoluta representa um paradigma exemplar dos processos de invasão biológica contemporânea, ilustrando como características evolutivas específicas podem conferir vantagens extraordinárias em contextos de globalização e intensificação agrícola. Originária da região andina da América do Sul, particularmente das encostas ocidentais dos Andes entre o Peru e o norte do Chile, a espécie coevoluiu durante milhões de anos com um complexo diversificado de solanáceas nativas, incluindo espécies ancestrais de Solanum lycopersicum var. cerasiforme e numerosas solanáceas silvestres endêmicas. Esta coevolução prolongada resultou no desenvolvimento de especializações morfológicas, fisiológicas e comportamentais que, paradoxalmente, facilitaram sua subsequente adaptação explosiva às monoculturas de tomate em escala mundial.
O processo de invasão global, documentado meticulosamente desde 2006, seguiu padrões biogeográficos característicos de espécies invasoras bem-sucedidas, combinando dispersão por saltos (jump dispersal) através de rotas comerciais transcontinentais com subsequente expansão radial a partir de focos primários de estabelecimento.
A cronologia de invasão revela velocidades de dispersão extraordinárias: após o estabelecimento inicial na Espanha (2006), a espécie colonizou toda a bacia mediterrânea em menos de cinco anos, expandiu-se para a África do Norte (2008-2009) e posteriormente estabeleceu-se na África Subsaariana, Oriente Médio, subcontinente indiano e Extremo Oriente, atingindo a China em 2017. Esta velocidade de colonização, estimada em aproximadamente 1.500-2.000 km/ano, classifica T. absoluta entre as pragas agrícolas com maior taxa de expansão geográfica documentada na era moderna.
A capacidade de colonização de T. absoluta fundamenta-se em características demográficas, comportamentais e fisiológicas otimizadas para colonização rápida e estabelecimento bem-sucedido em novos ambientes. O potencial biótico da espécie, quantificado através da taxa reprodutiva líquida (R₀ = 28-56 descendentes por fêmea), tempo de geração (T = 35-45 dias) e taxa intrínseca de crescimento (rₘ = 0,15-0,22), posiciona-a no quartil superior das espécies r-estrategistas entre os lepidópteros. A estrutura populacional típica, caracterizada por pirâmide etária com base extremamente alargada (60-70% de indivíduos pré-reprodutivos), reflete o crescimento exponencial característico de populações em fase de estabelecimento e expansão.
A plasticidade comportamental manifesta-se através de múltiplas dimensões adaptativas, incluindo flexibilidade na seleção de hospedeiros, ajuste da estratégia reprodutiva em função da densidade populacional e modificação do comportamento de dispersão em resposta à qualidade do habitat. Estudos de laboratório demonstram que fêmeas podem ajustar tanto o número quanto o tamanho dos ovos em resposta à qualidade nutricional do hospedeiro, fenômeno conhecido como plasticidade materna que maximiza o sucesso da prole em condições variáveis. A capacidade de aprendizagem associativa, documentada através de experimentos de condicionamento olfativo, permite otimização progressiva da eficiência de localização de hospedeiros em ambientes complexos.
As interações tróficas de T. absoluta revelam um padrão de especialização oligófaga hierarquicamente estruturado que combina preferência específica com flexibilidade adaptativa. A família Solanaceae, compreendendo aproximadamente 2.700 espécies distribuídas globalmente, oferece um espectro amplo de recursos potenciais, embora a utilização efetiva seja determinada por fatores químicos, morfológicos e fenológicos específicos. A hierarquia de preferência, estabelecida através de múltiplos bioensaios de escolha, posiciona Solanum lycopersicum como hospedeiro ótimo, seguido por S. tuberosum, S. melongena e diversas espécies de Nicotiana, Capsicum e Physalis. Esta hierarquia reflete não apenas palatabilidade diferencial, mas também adequação nutricional para desenvolvimento larval e reprodução adulta.
A coevolução com solanáceas andinas resultou no desenvolvimento de mecanismos específicos de detoxificação que permitem metabolização eficiente de alcaloides secundários característicos desta família botânica. Análises bioquímicas revelam atividade elevada de enzimas do complexo citocromo P450, particularmente CYP6B e CYP9A, que catalizam a hidroxilação e subsequente conjugação de glicoalcaloides como solanina, chaconina e tomatina. Esta capacidade metabólica especializada confere vantagem competitiva significativa sobre outros herbívoros generalistas, permitindo exploração de recursos químicamente defendidos.
A utilização de hospedeiros alternativos, documentada em mais de 40 espécies vegetais pertencentes principalmente às famílias Solanaceae, Fabaceae e Amaranthaceae, representa estratégia adaptativa crucial que assegura continuidade populacional durante períodos de escassez de hospedeiros preferenciais. Hospedeiros alternativos incluem espécies cultivadas como Phaseolus vulgaris e Chenopodium quinoa, assim como numerosas plantas silvestres que funcionam como reservatórios populacionais em períodos de entressafra ou em ambientes com baixa intensidade de cultivo de solanáceas.
A dinâmica populacional de T. absoluta é governada por interações complexas e não-lineares entre fatores intrínsecos e extrínsecos que operam em múltiplas escalas espaciais e temporais. Modelos matemáticos baseados em equações diferenciais demonstram que a dinâmica populacional exibe comportamento característico de sistemas caóticos determinísticos, com alternância entre períodos de crescimento exponencial e colapsos populacionais abruptos em resposta a perturbações ambientais.
A temperatura, funcionando como fator abiótico primário, influencia a dinâmica populacional através de múltiplos mecanismos diretos e indiretos. Efeitos diretos incluem modulação das taxas de desenvolvimento, sobrevivência e reprodução, conforme descrito por funções de resposta térmica específicas para cada estágio do ciclo de vida. A faixa térmica ótima (20-27°C) corresponde à maximização simultânea da taxa de desenvolvimento e da sobrevivência, enquanto temperaturas extremas (>35°C ou <8°C) resultam em mortalidade elevada e cessação do desenvolvimento. Efeitos indiretos incluem influência sobre a qualidade nutricional das plantas hospedeiras, atividade de inimigos naturais e competição interespecífica.
A disponibilidade e qualidade das plantas hospedeiras constitui fator biótico fundamental que determina a capacidade de suporte (carrying capacity) do ambiente e influencia parâmetros populacionais críticos incluindo fecundidade, sobrevivência e taxa de desenvolvimento. A capacidade de suporte varia dinamicamente em função da fenologia das culturas, práticas de manejo agrícola e disponibilidade de hospedeiros alternativos. Estudos de campo demonstram correlação positiva significativa entre área cultivada com tomate e densidade populacional máxima de T. absoluta (r = 0,78, p < 0,001), sugerindo limitação por recursos em escalas regionais.
A qualidade nutricional dos hospedeiros, influenciada por fatores como estágio fenológico, status nutricional da planta e práticas de fertilização, afeta diretamente parâmetros de história de vida incluindo duração do desenvolvimento larval, peso pupal, fecundidade e longevidade adulta. Plantas com elevado conteúdo de nitrogênio foliar promovem desenvolvimento larval acelerado e maior fecundidade, enquanto deficiências nutricionais resultam em prolongamento do ciclo de vida e redução do sucesso reprodutivo.
A pressão de inimigos naturais representa fator regulatório crítico cuja importância varia drasticamente entre regiões de origem e áreas de invasão recente. Na região andina de origem, T. absoluta está inserida em redes tróficas complexas que incluem mais de 30 espécies de parasitoides especialistas, numerosos predadores generalistas e diversos entomopatógenos. Este complexo de inimigos naturais coevoluídos é responsável por mortalidade natural de 60-80% em populações não perturbadas, constituindo mecanismo de regulação populacional eficiente.
Em contraste, áreas de invasão recente caracterizam-se pela liberação de inimigos naturais (enemy release), fenômeno que contribui significativamente para o sucesso de estabelecimento e crescimento populacional explosivo. A ausência de parasitoides especialistas resulta em redução da mortalidade natural para 10-20%, liberando potencial reprodutivo que se traduz em crescimento populacional descontrolado. Programas de controle biológico clássico, baseados na introdução de inimigos naturais coevoluídos, têm demonstrado sucesso variável dependendo de fatores climáticos, estrutura do habitat e interações com inimigos naturais nativos.
A estrutura espacial das populações de T. absoluta exibe padrões hierárquicos que refletem heterogeneidade ambiental em múltiplas escalas. Em escala de campo, a distribuição é tipicamente agregada, com formação de focos de alta densidade associados a microhabitats favoráveis ou plantas hospedeiras de qualidade superior. Em escala regional, a conectividade populacional é mantida através de dispersão ativa e passiva, resultando em estrutura metapopulacional com dinâmica de extinção-colonização em patches de habitat adequado.
A variabilidade genética populacional, analisada através de marcadores moleculares incluindo microssatélites, SNPs e sequências mitocondriais, revela padrões biogeográficos consistentes com a história de invasão. Populações nativas sul-americanas exibem máxima diversidade genética (He = 0,65-0,78), enquanto populações invasoras mostram redução progressiva da diversidade com a distância da área de origem, fenômeno característico de efeitos fundador sucessivos durante expansão geográfica. A diferenciação genética entre populações (FST = 0,15-0,35) sugere fluxo gênico limitado em escalas continentais, mas conectividade significativa em escalas regionais.
Etiologia dos danos e impactos econômicos
A etiologia dos danos causados por Tuta absoluta envolve mecanismos complexos que resultam tanto em injúrias diretas quanto em efeitos fisiológicos indiretos nas plantas hospedeiras. Os danos diretos, causados principalmente pela atividade alimentar das larvas, manifestam-se através da formação de galerias irregulares no mesófilo foliar, perfuração de frutos e broqueamento de caules. Estes danos mecânicos comprometem a integridade estrutural dos tecidos vegetais e criam portas de entrada para patógenos secundários, amplificando os prejuízos econômicos.
Os danos fisiológicos indiretos, frequentemente subestimados, incluem a redução da capacidade fotossintética devido à diminuição da área foliar funcional, alterações no balanço hídrico da planta e comprometimento do transporte de nutrientes. Estas alterações fisiológicas resultam em estresse generalizado que pode afetar o crescimento, desenvolvimento e produtividade das plantas, mesmo em níveis de infestação aparentemente baixos.
A severidade dos danos varia em função de múltiplos fatores que incluem a densidade populacional da praga, o estágio fenológico da cultura, as condições ambientais e as características varietais do hospedeiro. Plantas jovens mostram-se particularmente vulneráveis aos ataques, podendo sofrer mortalidade ou comprometimento severo do desenvolvimento quando infestadas precocemente. Os frutos, órgãos de maior valor comercial, sofrem depreciação qualitativa mesmo com baixos níveis de infestação, uma vez que as perfurações tornam o produto inadequado para comercialização in natura.
Os impactos econômicos de T. absoluta estendem-se além das perdas diretas de produção, englobando custos associados ao monitoramento, controle, mão de obra adicional e perda de qualidade dos produtos. Em regiões onde a praga se estabeleceu recentemente, os prejuízos podem atingir 80-100% da produção na ausência de medidas de controle adequadas. Os custos de controle, incluindo aplicações frequentes de inseticidas, representam incremento significativo nos custos de produção, podendo tornar a atividade economicamente inviável para pequenos produtores.
Estratégias de manejo
O manejo de Tuta absoluta requer abordagem integrada que combine múltiplas táticas de controle de forma sinérgica e sustentável. O controle químico, embora eficaz a curto prazo, apresenta limitações relacionadas ao desenvolvimento de resistência, impactos ambientais e custos elevados. A rotação de princípios ativos e a aplicação de inseticidas seletivos constituem estratégias fundamentais para preservar a eficácia dos produtos químicos disponíveis.
O controle biológico emerge como alternativa promissora, especialmente através da utilização de parasitoides como Trichogramma pretiosum e predadores como Nesidiocoris tenuis. A introdução de inimigos naturais coevoluídos das regiões de origem representa estratégia de longo prazo que pode resultar em controle sustentável da praga. Entomopatógenos como Bacillus thuringiensis e fungos entomopatogênicos oferecem opções de controle microbiano compatíveis com sistemas de produção orgânica.
As práticas culturais desempenham papel fundamental no manejo integrado, incluindo a rotação de culturas, eliminação de restos culturais, uso de plantas armadilhas e manejo adequado da vegetação espontânea. O monitoramento através de armadilhas com feromônio sexual permite detecção precoce e tomada de decisão baseada em níveis populacionais reais, otimizando a eficiência das intervenções de controle.
O desenvolvimento de cultivares resistentes ou tolerantes representa estratégia de longo prazo que pode revolucionar o manejo de T. absoluta. Programas de melhoramento genético focados na identificação e incorporação de genes de resistência, combinados com técnicas de biotecnologia moderna, oferecem perspectivas promissoras para o desenvolvimento de variedades com resistência durável.
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