Spodoptera frugiperda

28.01.2025 | 09:23 (UTC -3)
Foto: André Caixeta Consonni
Foto: André Caixeta Consonni

Spodoptera frugiperda é amplamente conhecida como lagarta-do-cartucho-do-milho. Ou, simplesmente, lagarta-do-cartucho.

Culturas atacadas

Essa espécie é altamente polífaga, atacando mais de 100 plantas hospedeiras.

As principais culturas afetadas no Brasil incluem milho, soja, algodão, sorgo e arroz.

Em cada cultura, a lagarta apresenta diferentes padrões de comportamento e níveis de dano.

Biologia

Spodoptera frugiperda possui um ciclo de vida relativamente curto, o que favorece sua rápida multiplicação e adaptação a diferentes ambientes. Esse ciclo é dividido em quatro principais estágios: ovo, larva, pupa e adulto.

  • Ovos: a postura ocorre em massas, geralmente na parte superior das folhas, com cerca de 200 a 1.000 ovos por massa. Os ovos são recobertos por escamas do corpo da mariposa, que os protegem parcialmente. O período de incubação dura em média três dias.
  • Larvas: passam por seis ínstares, com duração total de aproximadamente 15 dias. Em seus primeiros estágios, alimentam-se de forma gregária, causando danos iniciais como raspagem de folhas. À medida que crescem, tornam-se mais móveis e dispersam-se pela planta, intensificando os danos. O canibalismo é comum, especialmente em infestações de baixa densidade.
  • Pupas: após o estágio larval, as lagartas se deslocam para o solo, onde constroem câmaras pupais. A profundidade dessa câmara pode variar, ajudando na sobrevivência durante períodos desfavoráveis, como seca ou frio. A fase pupal pode durar de 8 a 55 dias, dependendo das condições ambientais, especialmente temperatura e umidade.
  • Adultos: as mariposas têm coloração marrom-acinzentada e apresentam alta capacidade de dispersão, podendo voar longas distâncias. Vivem em média 15 dias e começam a reproduzir-se já no segundo dia após a emergência. Cada fêmea é capaz de ovipositar mais de 1.000 ovos ao longo de sua vida.

A alta taxa reprodutiva e o curto ciclo de vida permitem S. frugiperda colonizar rapidamente novas áreas e aumentar suas populações em curtos períodos.

Foto: André Caixeta Consonni
Foto: André Caixeta Consonni

Ecologia e características

A lagarta-do-cartucho é uma espécie altamente polífaga. Alimenta-se de uma ampla gama de plantas hospedeiras. Estima-se que mais de 100 espécies vegetais podem servir como alimento, sendo milho, soja, algodão, sorgo e arroz as principais culturas afetadas.

  • Adaptação climática: a praga é altamente adaptável a diferentes climas e regiões. No Brasil, encontra condições favoráveis para se desenvolver durante todo o ano, especialmente em áreas tropicais e subtropicais. Em regiões com sobreposição de cultivos, como milho e soja, a praga encontra alimento continuamente, favorecendo sua permanência.
  • Preferências alimentares e polifagia: o hábito polífago facilita sua adaptação a sistemas agrícolas diversos. Culturas como milho e algodão oferecem estruturas preferidas (como cartuchos no milho e maçãs no algodão), enquanto na soja, a lagarta se concentra nas vagens e folhas reprodutivas.
  • Comportamento noturno: S. frugiperda é mais ativa à noite, o que a torna menos exposta a predadores naturais durante o dia. Esse hábito também dificulta a eficácia de controles químicos aplicados em horários diurnos.
  • Dispersão: as mariposas adultas são capazes de migrar longas distâncias em busca de novos locais para oviposição. Isso contribui para sua rápida disseminação, sendo um fator importante em áreas agrícolas extensas.
  • Interação com o ambiente agrícola: a proximidade entre culturas suscetíveis, como milho, algodão e soja, cria "pontes verdes", permitindo à praga encontrar alimento continuamente e aumentar suas populações. Além disso, plantas espontâneas e culturas de cobertura, como braquiárias e milheto, também servem como refúgio e alimento para a espécie.

Spodoptera frugiperda demonstra alta resiliência devido a seu ciclo biológico curto, elevado potencial reprodutivo e capacidade de adaptação a diferentes sistemas agrícolas. Esses fatores, aliados ao uso intensivo de inseticidas e tecnologias Bt, resultaram em populações resistentes em várias regiões do Brasil.

Danos

Os danos causados pela S. frugiperda variam conforme a cultura atacada.

  • Milho: destruição do cartucho, redução da área fotossintética e perfuração de espigas, comprometendo o rendimento. O ataque inicial pode levar ao "coração morto", matando a planta jovem.
  • Soja: preferência pelas estruturas reprodutivas, como vagens, causando queda de produtividade. A praga costuma se esconder em áreas protegidas das plantas, dificultando o controle químico.
  • Algodão: perfuração de maçãs e botões florais, além de raspagem de brácteas e flores.

Controle

O manejo de S. frugiperda requer uma abordagem integrada, combinando diferentes métodos:

  • Controle biológico: uso de parasitoides, predadores e agentes como o baculovírus SfMNPV tem demonstrado eficácia na proteção de cultivos.
  • Controle comportamental: feromônios sintéticos para monitoramento e confusão sexual são promissores, reduzindo a reprodução da praga.
  • Controle cultural: estratégias como rotação de culturas e uso de plantas não hospedeiras reduzem populações da praga.
  • Controle químico: inseticidas ainda são amplamente utilizados, mas a resistência da praga é um problema crescente. Pulverizações noturnas são recomendadas para aumentar a eficiência.
  • Tecnologias Bt: cultivares geneticamente modificados têm oferecido proteção parcial. Entretanto, o uso indiscriminado tem levado ao aumento da resistência.

Para saber mais sobre Spodoptera frugiperda, clique em:

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