Piroxassulfona (Pyroxasulfone)

13.09.2025 | 16:23 (UTC -3)

A piroxassulfona é uma molécula usada como herbicida pré-emergente. Este herbicida pertence à classe química das sulfonamidas pirazólicas, mais especificamente ao grupo das oxazolidinonas.

Nome comum (ISO): Piroxassulfona (Pyroxasulfone)

Sinônimos: KIH-485, IHH485 Técnico, KIH-485 TGAI (códigos de desenvolvimento; Yamato (marca de produto comercial)

Fórmula química bruta: C12H14F5N3O4S

Número CAS: 447399-55-5

Classe química: Sulfonamida pirazólica (grupo das oxazolidinonas)

Peso molecular: 389,31 g/mol

Foi desenvolvida através da colaboração científica entre K-I Chemical Research Institute Co., Ltd., Kumiai Chemical Industry Co., Ltd. e Ihara Chemical Industry Co., Ltd.

O desenvolvimento da piroxassulfona baseou-se na estrutura do herbicida tiobencarbe, resultando em um produto com maior eficácia e estabilidade. Seu registro comercial ocorreu na primeira década dos anos 2000.

Mecanismo de ação

A piroxassulfona atua como inibidor da síntese de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFA - Very Long Chain Fatty Acids). Interfere especificamente nas etapas de elongação dos ácidos graxos, impedindo a conversão sequencial essencial para a integridade das membranas celulares e desenvolvimento normal das plantas. Seu alvo bioquímico específico são as enzimas do complexo de elongase de ácidos graxos, particularmente aquelas localizadas no retículo endoplasmático das células vegetais.

Classificada no Grupo K3 segundo o HRAC (Herbicide Resistance Action Committee), equivalente ao Grupo 15 da classificação WSSA, a piroxassulfona apresenta um modo de ação que resulta em sintomas característicos nas plantas tratadas. Elas manifestam inibição severa do crescimento tanto da parte aérea quanto do sistema radicular, com redução drástica na divisão celular.

Os sintomas incluem nanismo pronunciado, clorose das folhas jovens, malformação dos tecidos meristemáticos e eventual necrose dos pontos de crescimento. A manifestação dos primeiros sintomas ocorre entre 7 a 14 dias após a aplicação, com desenvolvimento completo dos efeitos fitotóxicos em 2 a 3 semanas, variando conforme as condições ambientais e a sensibilidade específica da espécie-alvo.

Espectro de controle

O espectro de ação da piroxassulfona demonstra particular eficácia sobre gramíneas anuais, incluindo espécies problemáticas como Digitaria sanguinalis, Echinochloa crus-galli, Setaria viridis e Panicum capillare.

Em gramíneas perenes, o controle de plântulas de Sorghum halepense mostra-se eficiente, embora plantas estabelecidas apresentem maior tolerância.

O herbicida também controla eficazmente diversas folhas largas anuais, destacando-se Amaranthus spp., Chenopodium album e Polygonum spp., além de proporcionar controle parcial a satisfatório de ciperáceas do gênero Cyperus.

Contudo, algumas espécies apresentam controle parcial ou inconsistente, como Ipomoea spp., cuja eficácia varia significativamente com a dose aplicada; Brachiaria plantaginea, que demonstra eficácia reduzida em condições de seca prolongada; e Commelina benghalensis, conhecida por seu controle historicamente inconsistente com diversos herbicidas.

A seletividade do produto permite sua utilização segura em culturas como soja, milho e trigo quando aplicado em pré-emergência, enquanto plantas perenes estabelecidas e espécies com metabolismo acelerado de xenobióticos demonstram tolerância natural ao princípio ativo.

Aspectos técnicos de aplicação

A aplicação da piroxassulfona requer precisão técnica para otimização de resultados. A dose recomendada varia entre 100-150 g de ingrediente ativo por hectare em condições padrão, podendo atingir até 250 g i.a./ha em situações de alta pressão de infestação.

A textura do solo influencia significativamente a dosagem, com solos argilosos requerendo doses superiores do intervalo recomendado, enquanto solos arenosos demandam doses inferiores devido às diferenças na capacidade de adsorção e disponibilidade do herbicida.

A piroxassulfona deve ser aplicada exclusivamente em pré-emergência das plantas daninhas, preferencialmente em solo úmido após o plantio da cultura e antes da emergência das espécies-alvo. Em sistemas de plantio direto, a aplicação sobre a palhada é viável e frequentemente recomendada. A eficácia reduz-se drasticamente após a germinação das plantas daninhas, tornando o timing de aplicação absolutamente crucial.

As condições climáticas durante e após a aplicação exercem influência determinante na eficácia do herbicida. A temperatura ideal situa-se entre 15-30°C, com ótimo desempenho na faixa de 20-25°C. A umidade relativa deve estar acima de 60%, e a umidade do solo próxima à capacidade de campo para adequada ativação do produto. Ventos superiores a 10 km/h devem ser evitados durante a aplicação, e chuvas intensas nas primeiras 4-6 horas podem comprometer a eficácia através da lixiviação prematura do herbicida.

Compatibilidade e estratégias de mistura

A piroxassulfona demonstra excelente compatibilidade com diversos agroquímicos, permitindo estratégias de mistura que ampliam o espectro de controle e otimizam as operações de campo.

Entre os herbicidas, mostra-se compatível com glifosato, 2,4-D, dicamba e atrazina. A compatibilidade estende-se aos inseticidas, particularmente organofosforados e neonicotinóides, e à maioria dos fungicidas sistêmicos, facilitando aplicações conjuntas quando tecnicamente justificadas.

Misturas estratégicas comumente empregadas incluem a combinação com glifosato para controle total em operações de pré-plantio, associação com atrazina para ampliação do espectro em culturas de milho, e mistura com 2,4-D para melhoria no controle de folhas largas.

Entretanto, devem ser evitadas misturas com herbicidas de pH extremamente alcalino, produtos com alto teor de emulsificantes e fertilizantes foliares com alta concentração salina, que podem comprometer a estabilidade e eficácia da formulação.

Manejo de resistência e sustentabilidade

A piroxassulfona, apesar de não apresentar casos documentados de resistência específica até o momento, requer estratégias proativas de manejo. Populações com resistência múltipla podem eventualmente desenvolver tolerância reduzida ao produto, tornando essencial a implementação de programas de rotação de mecanismos de ação.

As estratégias recomendadas incluem a alternância com herbicidas do Grupo A (inibidores de ACCase), inclusão de herbicidas do Grupo B (inibidores de ALS) em rotação planejada, e utilização complementar de herbicidas de contato do Grupo E.

Além da rotação química, práticas culturais preventivas como rotação de culturas para quebra de ciclos de plantas daninhas, otimização da densidade de plantio e ajuste de épocas de semeadura contribuem significativamente para o manejo sustentável.

O monitoramento contínuo das populações de plantas daninhas permite detecção precoce de mudanças na sensibilidade, enquanto o uso estratégico de misturas tanque com herbicidas de diferentes mecanismos de ação reduz a pressão de seleção.

Eficácia agronômica

A eficácia da piroxassulfona varia conforme condições ambientais específicas. Chuvas excessivas, particularmente volumes superiores a 50mm nas primeiras semanas após aplicação, podem causar lixiviação do produto além da zona de ação desejada. Condições de seca prolongada reduzem significativamente a ativação e absorção do herbicida pelas plantas em germinação. Temperaturas abaixo de 10°C retardam a ação do produto, enquanto temperaturas superiores a 35°C podem resultar em perdas por volatilização.

As vantagens competitivas da piroxassulfona incluem janela de controle prolongada de 8-12 semanas, baixa dose de aplicação comparativamente a outros herbicidas residuais, excelente seletividade para as principais culturas agrícolas e papel complementar fundamental em programas de manejo de resistência.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Capas - 2025